Mortes por encomenda, roubos e ameaças a serviço do tráfico de
drogas. Para a quadrilha presa ontem no Sertão da Paraíba, segundo a
Polícia Civil (PC), não importava o tipo de crime nem as pessoas que
seriam atingidas, o importante era manter o esquema, que funcionava não
só na Paraíba, mas também nos Estados de São Paulo e Rondônia. Segundo a
polícia, um paraibano natural da cidade de Catolé do Rocha comandava a
quadrilha, dentro da Penitenciária Federal de Rondônia, em conjunto com
Fabiano Márcio Rodrigues, ex-candidato a vereador da cidade de
Conceição, preso em sua cidade natal no momento em que tentava fugir do
cerco policial. Além de Fabiano e do preso, identificado como Francisco
Vieira Barros, outras dez pessoas foram presas durante a operação
'Teia', deflagrada ainda na madrugada de ontem pela Polícia Civil nos
Estados em que a quadrilha atuava.
Além dos membros do grupo, os policiais também prenderam uma oficial
de justiça da cidade de Conceição. Maria do Desterro, que é tia do
ex-candidato, e está sendo acusada de informar o sobrinho sobre a
realização da operação para que ele fugisse. As prisões, segundo a
polícia, ocorreram nos municípios de Cajazeiras, Conceição e Santana de
Mangueira.
Com o grupo, os policiais apreenderam R$ 500 mil, sendo R$ 20 mil em
dinheiro e o restante em cheques, armas de diversos calibres, munições e
pequenas quantidades de crack e cocaína. “Os crimes eram cometidos pelo
grupo para que o tráfico não fosse prejudicado e o comércio fosse ainda
mais lucrativo. Se precisasse matar, eles matavam, se fosse preciso
roubar, eles roubavam, se fosse necessário coagir alguém, assim era
feito”, ressaltou o delegado Glauber Fontes, responsável pelas
investigações, iniciadas há cerca de cinco meses. Segundo ele, a
liderança do grupo era dividida entre Francisco e Fabiano, conhecido na
região como 'Fabiano de Doca'. Através do celular, eles trocavam
informações e combinavam os crimes.
“Os dois tinham uma parceria, até porque os crimes ultrapassavam as
fronteiras da Paraíba. O Fabiano tinha a seu serviço uma rede de
pistoleiros, em vários Estados, caso houvesse alguma ocorrência fora do
território que atrapalhasse a rede do tráfico”, explicou Glauber Fontes.
Conforme as investigações da polícia, o grupo é suspeito de praticar,
pelo menos, cinco homicídios, dentre eles o que foi registrado na
cidade de Conceição no primeiro dia de 2015, quando um casal foi
executado a tiros. A maior parte das execuções, segundo a PC, era
realizada pelo agricultor Antônio Soares Cavalcanti, também preso na
operação.
O trabalho, desenvolvido desde as primeiras horas da madrugada,
contou com a participação de 90 policiais civis, divididos em 25
equipes. Ao todo, foram expedidos 36 mandados de prisão e de busca e
apreensão. Os presos na operação foram encaminhados para presídios de
Cajazeiras, Patos e João Pessoa. Já Francisco continuará na
penitenciária de Rondônia. Conforme o delegado, antes de ser preso e
levado para a unidade, acusado de tráfico de drogas, ele já havia
passado e fugido dos presídios de Cajazeiras e do Serrotão (Campina
Grande).