segunda-feira, janeiro 23, 2017

Promotor do caso fala da decisão de Desembargador.

 “Aposto que um Desembargador acorde 3 da madrugada para atender uma pessoa do povo, nunca”

” Estava eu ainda dormindo quando fui avisado do acidente terrível que quase levava a vida de um agente de trânsito (infelizmente o agente morreu), o qual estava em uma blitz da lei seca, isto por um motorista que guiava um automóvel caríssimo e é ligado a um sobrenome poderoso do Estado. 

Mais tarde, fui ao Fórum de Mangabeira, onde estava de plantão e lá chegou a comunicação do flagrante delito e escrevemos sete páginas opinando pela decretação da prisão temporária, pelo prazo de 30 dias para o criminoso atropelador, mas já sentindo a presença de alguns advogados falando em apresentação do matador, todavia, tínhamos uma verdadeira Juíza de Direito no comando do plantão e o nosso parecer foi aprovado com a decretação da prisão do matador ou quase. 

O pior de tudo, que uma autoridade que não tem tempo para nada, foi despachar pela madrugada a liberação desse matador do volante, às três horas da manhã. Olha eu sou da Justiça, sou Promotor de Justiça e aposto que um Desembargador acorde essas horas para atender uma pessoa do povo, nunca, Eu mesmo tenho provas disto e mais, experiência com o desembargador prolator da decisão. 

A uns dois anos um amigo meu teve um desentendimento com a esposa, e ela mesma me procurou dizendo que já tava tudo bem e queria seu marido solto. Um habeas-corpus tinha sido impetrado no Tribunal e o Desembargador que soltou o dono do carro caro e membro de família abastada às 03h00 da madrugada era o titular e o mesmo negou, mesmo diante do choro daquela mãe que já passava necessidades, em razão do marido encontrar-se preso á dois meses e ter duas mocinhas para alimentar. 

O certo é que o Desembargador negou o pedido, porém, dois dias depois, em audiência, o Juiz de Cabedelo decretava a soltura do réu, um homem de bem, apesar de ser um serralheiro, que não é dono desses carros e nem pertence a uma família poderosa do nosso Estado. Eu dei logo o meu parecer, pois duvido que um rico faria dar um parecer a favor de um atropelador perigoso e covarde, tão covarde que foi embora deixando a pobre vítima a sofrer quase morta. 

 Dr. Desembargador, a Justiça está em crise, pois as pessoas não acreditam e com razão mais nela, pois se fosse o filho de um pobre, de uma pessoa comum o Senhor nunca teria se acordado às 03h00 da madrugada para soltá-lo não, e isto quem paga é a instituição, que por estas e outras vai ficando sem fé senhor, pois quem manda é o dinheiro, somente o dinheiro e o poder, e o senhor mereceria uma saraivada de agressões, mas não o fazemos porque sabemos que o respeito à pessoa é o que deve nos orientar sempre. 

Mas dessa vez, eu choro triste e só me resta me solidarizar com essa família, cujo filho estava prestando um serviço à comunidade, E o senhor, quero lhe pedir uma coisa: Entregue essa toga, pois o que é moral e ético deixou de existir em sua profissão, ao praticar um ato covarde e para atender uma família rica, isto faz engasgar de nojo quem é direito e sofre tentando fazer justiça.

” MARINHO Mendes Machado 
 Fonte: facebook Créditos: Marinho Mendes