domingo, maio 07, 2017

Cinco ex-prefeitos chegaram ao Governo do Estado nos últimos 35 anos.

Dos oito governadores que comandaram a Paraíba nos últimos 35 anos, cinco iniciaram suas carreiras políticas como prefeitos de suas cidades e utilizaram as prefeituras como “trampolim” para um projeto maior: o de chegar ao Palácio da Redenção. As estatísticas tendem a aumentar nas eleições do próximo ano, com a possibilidade das candidaturas dos prefeitos de João Pessoa e de Campina Grande, Luciano Cartaxo (PSD) e Romero Rodrigues (PSDB), respectivamente, ao Governo do Estado.

Conforme levantamento feito pelo Jornal Correio, de  1983 a 2017, chegaram ao governo do Estado, depois de terem sido prefeitos de suas cidades, os ex-governadores Ronaldo Cunha Lima, Antônio Mariz, Roberto Paulino (PMDB), Cássio Cunha Lima (PSDB) e  o atual governador Ricardo Coutinho (PSB).

Ronaldo Cunha Lima foi eleito prefeito administrou  Campina Grande em duas oportunidades. A primeira em 1968, por um ano, porque em 14 de março de 1969 teve os seus direitos políticos cassados, pela Ditadura Militar. Em 1982, com anistia política e a reabertura do regime democrático no País, ele retornou à prefeitura pelo voto popular, e administrou a cidade de 1983 a 1989. Devido ao desempenho de sua gestão e por ter se consolidado como uma das maiores lideranças políticas do Estado na época, foi o nome indicado pelo seu partido, o PMDB, para ser o candidato a governador na chapa apoiada pelo então governador Tarcísio Burity, nas eleições de 1990, que saiu vitoriosa.

Antonio Mariz foi eleito prefeito de Sousa em 1963, como candidato do PTB. Ele disputou as eleições com os candidatos da UDN, Filinto da Costa Gadelha – representante do grupo Gadelha, dominante no município –, e do PSD, o médico Laércio Pires. Durante a campanha, adotou um discurso inovador. Defendeu a anotação na Carteira de Trabalho, então desconhecida, o pagamento do salário mínimo aos trabalhadores e a necessidade da reforma agrária na linha das reformas de base do presidente João Goulart. Assumiu o compromisso público de prestar contas de todo o dinheiro que entrasse e saísse dos cofres da Prefeitura. Foi eleito, inicialmente, com uma diferença de apenas dez votos. Feita a recontagem, a pedido do grupo Gadelha, a diferença caiu para sete votos. Também foi cassado pelo regime militar.

Mariz governou pouco tempo

Em 1994, Mariz foi eleito governador da Paraíba pelo PMDB, derrotando, no segundo turno, a candidata do PDT, Lúcia Braga, com 222 mil votos de vantagem. Já na campanha, o estado de saúde de Mariz veio se agravando e ele governou por pouco tempo. Faleceu no dia 16 de setembro de 1995, na Granja Santana, residência oficial do governador do Estado.

Roberto Paulino foi prefeito de sua cidade natal, Guarabira, por duas vezes (1977-1983 e 1989-1992). Nas eleições de 1998 foi candidato a vice na chapa encabeçada pelo então governador José Maranhão. Paulino assumiu a titularidade do cargo em 2002, com a renúncia de Maranhão para disputar o Senado.

Roberto Paulino tentou permanecer no comando do Governo. No mesmo ano, concorreu à reeleição, e enfrentou a chapa encabeçada por Cássio Cunha Lima. Conseguiu levar a disputa para o segundo turno, mas acabou sendo derrotado, por uma diferença pequena, pelo tucano.

O governador Ricardo Coutinho também foi prefeito de João Pessoa por duas gestões consecutivas, antes de se eleger para comandar o Estado. Ele foi eleito pela 1ª vez em 2004 e reeleito em 2008. Renunciou à prefeitura de João Pessoa em 31 de março de 2010, durante o período de seu segundo mandato, para disputar Governo em uma disputa com o então governador José Maranhão. O socialista foi eito em segundo turno para com 1.079.164 votos (53,70% dos votos válidos). Em 2014, concorreu à reeleição, contra o seu ex-aliado, Cássio Cunha Lima e foi reeleito com a votação de 1.125.956 votos (52,61% dos votos válidos).

Prefeituras são vitrines eleitorais

Para o professor da Universidade Federal da Paraíba, Lucio Flávio Vasconcelos, doutor em história política pela Universidade de São Paulo (USP), a utilização da Prefeitura como vitrine para chegar ao Governo do Estado é algo muito natural. Principalmente, quando se tratam das prefeituras de Campina Grande e João Pessoa, as maiores cidades da Paraíba, que são pontos de partidas naturais para os políticos que querem ser eleitos para comandar o Estado.

De acordo com Lucio Flávio, além da situação privilegiada dessas duas cidades, elas recebem a maior quantidade de pessoas do interior para residir, estudar, trabalhar, fazer tratamento ou até mesmo para fazer Turismo.

“Além disso, são cidades que contém a maior quantidades de eleitores e possuem grande quantidade de funcionários públicos, fortes exércitos nas campanhas eleitorais”, comentou.

Lúcio Flávio chamou a atenção também, para o fato das duas cidades abrigarem maior quantidade de empresários, sempre dispostos a financiarem as campanhas eleitorais. “Inegavelmente, ex-prefeitos de Campina Grande e João Pessoa são fortíssimos candidatos a governador, ele já saem com diferenciais para disputa, por isso, acabam sendo uma espécie de candidatos natos”, comentou o historiador.