domingo, maio 20, 2018

Impossível união de Ricardo e Cássio.

Como teria dito o conde João Maurício de Nassau, na época em que foi contratado pela Companhia das Índias Ocidentais para administrar a Capitania de Pernambuco, invadida pelos Países Baixos (Holanda e Bélgica) em 1630, em política até boi pode voar. Comparando o passado com o presente, é possível afirmar que a expressão atribuída a Nassau pode muito bem ser aplicada na Paraíba de 2018, quando cerca de 2,5 milhões de eleitores irão às urnas, em outubro, para a escolha dos novos governantes e de seus representantes no Parlamento (Assembleia Legislativa, Câmara Federal e Senado). O que é impossível ocorrer nas eleições 2018 na Paraíba? Alguém pergunta. Impossível mesmo, só as candidaturas de Ricardo Coutinho a senador e as de Luciano Cartaxo e Romero Rodrigues a governador. Isto porque eles não renunciaram dentro do prazo estabelecido, 7 de abril, como ensaiaram. Mas a julgar pela expressão do boi voador, nada é impossível. No entanto, a conjuntura política atual aponta para algumas possíveis impossibilidades de momento, embora as mesmas possam ser possíveis em outras oportunidades

Exemplo: imaginar o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) no mesmo palanque com o governador Ricardo Coutinho (PSB), em apoio à candidatura de João Azevedo, a partir de julho, é inconcebível, para não dizer impossível. No entanto, em 2010, Cássio se juntou a Ricardo para derrotar, naquele momento, o governador José Maranhão (MDB), inserido em um cenário no qual era impossível estar junto com o tucano, uma vez que assumiu o Governo em fevereiro de 2009, depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a cassação de Cássio em ação movida por partidos da coligação que apoiou Maranhão nas eleições de 2006. Aquele fato criou uma inimizade entre Cássio e Maranhão e radicalizou a oposição entre os dois grupos políticos. No entanto, em menos de dez anos, Cássio fez as pazes com Maranhão, de forma que será possível os dois estarem juntos nas eleições desde ano. Se não estiverem no primeiro turno, contra o esquema de Ricardo, no segundo possivelmente estarão em dois cenários Primeiro: Em caso de estarem na disputa pós 7 de outubro Maranhão e João Azevedo. Neste caso, é certeza o esquema de Cássio marchar com José Maranhão. No outro cenário, podem estar juntos Maranhão e Cássio em apoio a Lucélio Cartaxo, caso o irmão do prefeito de João Pessoa esteja no segundo turno com João Azevedo. Mas será possível, ainda, Ricardo Coutinho apoiar José Maranhão (ou liberar seu aliados), caso o cenário do segundo turno seja montado em torno de Maranhão e Lucélio com Cássio e demais aliados que não se bicam com o socialista.

Cenários são parecidos no interior.

No plano regional, há várias situações onde os bois estarão sem asas e não voarão de jeito algum. Em Patos, é impossível imaginar um palanque com o prefeito Dinaldinho Wanderley (PSDB), no mesmo palanque do primo, o deputado federal Hugo Motta, na campanha pela reeleição. Com certeza, o prefeito e seu irmão, Gustavo, pré-candidato a deputado estadual pelo PV, apoiarão outro nome, que pode ser o de Pedro Cunha Lima, pré-candidato à reeleição pelo PSDB. Em Cajazeiras, há outro cenário improvável: a união do prefeito José Aldemir e de sua mulher, a médica Paula Francinete (pré-candidata a deputada estadual), com os ex-prefeitos Carlos Antônio e Denise Oliveira, ambos do PSB. Igualmente impossível seria um entendimento entre o ex-deputado e ex-prefeito Vituriano de Abreu com Carlos Antônio e Denise (marido e mulher). Outro cenário improvável ocorre em Guarabira, entre as famílias Paulino e Toscano, adversárias de longas datas. Zenóbio Toscano, o tucano prefeito de Guarabira, tentou sinalizar uma reaproximação. Mas, como diz o ditado, quando um não quer, dois não brigam, nem se reaproximam, Paulino, que foi governador da Paraíba, deputado federal e prefeito de Guarabira, logo descartou as insinuações do adversário. Em Sousa, o cenário é parecido com o de Patos e envolve pessoas de uma mesma família. Os Gadelha sempre foram adversários da família Mariz. Mas Antônio Mariz, o ex-prefeito, ex-deputado federal, ex-senador e ex-governador morreu em 1995 e os Gadelha ficaram sem o desafeto histórico. Nem por isso a oposição ao grupo desapareceu. Com o sumiço de Mariz, a oposição saiu de dentro da própria família Gadelha e foi reforçada por alguns agregados: trata-se Lindolfo Pires Neto (Podemos)

Lindolfo enfrenta primos

 Lindolfo é filho de Homero Pires de Sá e Fátima Pires e neto de André Avelino de Paiva Gadelha, conhecido como Zabilo Gadelha, que foi vice-governador de Pedro Gondim, na década de 1960, prefeito de Sousa e governador por um mês. Zabilo era o pai de Fátima Pires. Para formar um grupo de oposição aos primos, Lindolfo reuniu ainda o ex-prefeito João Estrela e o prefeito Fábio Tyrone, além do vice-prefeito Zenildo Oliveira. “Somos primos, mas adversários ferrenhos”, declarou a mãe de Lindolfo, Fátima Pires. Mas em Sousa, nem todos os Gadelha são adversários ferrenhos de Lindolfo Pires. Para se ter uma ideia da política local, o empresário e presidente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, Francisco de Assis Benevides Gadelha, conhecido como Buega Gadelha, que é irmão dos deputados Marcondes Gadelha (federal) e Renato Gadelha (estadual) rompeu com a família e não vai se engajar na campanha do irmão pela reeleição. Renato não terá o apoio de Buega no pleito de outubro. Segundo dona Fátima Pires, Buega esteve recentemente na festa de aniversário de Homero Pires de Sá e, durante o evento, declarou que vai trabalhar na campanha e votar no deputado Lindolfo. Jornal Correio