Ao manter o mandato de Jaqueline Roriz, acusada de receber dinheiro do mensalão do DEM, deputados desmoralizam os flagrantes, banalizam o uso de caixa 2 em campanhas eleitorais e abrem um perigoso precedente em favor da corrupção.
Ao absolver Jaqueline Roriz (PMN-DF) da acusação de receber dinheiro do mensalão do DEM, a Câmara dos Deputados deu demonstração clara de corporativismo e falta de respeito à opinião pública. Na contramão da faxina ética do Executivo, o Legislativo mostrou que nada tem contra o uso de caixa 2 nas campanhas eleitorais e abriu um precedente político perigoso. A julgar pelo comportamento dos parlamentares, ao longo da semana, o sinal verde foi dado para a doação de recursos “por fora”, apesar do confronto à Lei Eleitoral. A partir de agora, no Parlamento brasileiro, a chamada utilização de recursos não contabilizados receberá a complacência dos nossos distintos legisladores. Esse foi o recado mais eloquente transmitido na sessão plenária da terça-feira 30, quando a deputada garantiu 265 votos contrários à sua cassação, 20 abstenções, além de 62 ausências. Para cassar um mandato são necessários pelo menos 257 votos. Apenas 166 deputados votaram sim à punição por quebra de decoro.