Quatro pessoas foram autuadas pela morte de um menino de cinco anos no município de Sumé, no Cariri paraibano, a 267 quilômetros de João Pessoa. Entre os presos estão o padrasto e mãe da vítima. O corpo foi encontrado nesta terça-feira (13) com requintes de crueldade. A população tentou invadir a delegacia da cidade para linchar os suspeitos.
Segundo Yure Givago, delegado de Sumé, que está à frente das investigações, outras duas pessoas foram presas e vão responder por homicídio qualificado. “Foram presos em flagrante delito a mãe do garoto, o padrasto, um doente mental e um amigo da família. Informações desencontradas nos depoimentos e testemunhas foram fundamentais para a prisão do quarteto”, falou. Uma quinta pessoa pode estar envolvida na trama criminosa.
Conforme a Polícia Civil, a mãe da criança vai responder inicialmente por comissivo por omissão, que é quando a pessoa abstém de agir para evitar um crime. O padrasto, o doente metal e um amigo da família da vítima vão responder por homicídio duplamente qualificado.
O inquérito policial está trabalhando com três linhas de investigações: morte por magia negra, assassinato praticado por um doente mental e homicídio por vingança praticado pelo amigo da família, que saiu recentemente do presídio e jurou matar a mãe da criança porque ela foi testemunha de acusação em um processo contra ele.
“Nada foi descartado até agora. Temos quatro presos – que não temos dúvidas da participação deles na morte do garoto – e três linhas de investigações. Uma foice foi apreendida. Vamos ouvir outras pessoas, que podem estar envolvidas nesse crime. Em curto espaço de tempo vamos elucidar a morte da criança”, avisou delegado Paulo Ênio, que
Enquanto a Polícia Civil colhia o depoimento dos suspeitos, uma grande concentração de pessoas se formou em frente da delegacia da cidade. O grupo tentou invadir o local para linchar os suspeitos. A polícia usou spray de pimenta para dispersar os manifestantes e acionou a Polícia Militar para conter as pessoas.
Os homens presos serão levados para a Cadeia Pública de Sumé a mulher para a carceragem da Delegacia de Monteiro.
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Entenda o caso
Criança é achada morta com cabeça apedrejada, cortes no pescoço, tórax e abdomen abertos e genitália decepada... Um crime macabro deixou
os paraibanos chocados nas últimas
24 horas, depois que uma
criança de 5 anos foi encontrada
morta com requintes de crueldade,
tendo a cabeça apedrejada,
pescoço cortado, o corpo
aberto do pescoço até a altura
da virilha e o órgão genital decepado.
O crime aconteceu na
cidade de Sumé, no Cariri paraibano.
A Polícia Civil já tem
nomes de quatro suspeitos e o
delegado Yuri Givago disse que
não está descartada a possibilidade
de que o crime tenha
ocorrido em meio a um ritual
de magia negra, mas disse também
ter elementos concretos
de violência familiar que levam
a outras linhas de investigação.
Foram mais de 30 horas de
buscas pela vítima, Everton
Siqueira da Silva, que havia
desaparecido desde a noite do
último domingo, depois de sair
da casa onde morava para ir à
residência da avó, Damiana Maria
de Lima, no bairro Várzea.
A irmã do garoto foi a última
pessoa que o viu. “Eles estavam
indo juntos para casa da avó
e Everton começou a brincar
empurrando um pneu velho na
rua, segundo o relato da irmã.
Ela continuou caminhando e
chegou sem ele até a casa da
avó. Apenas à noite os familiares
perceberam o desaparecimento”,
disse o delegado.
Durante toda a noite do
domingo e a última segunda-
-feira, parentes, amigos, a polícia
e o Conselho Tutelar de
Sumé fizeram buscas pelo menino
desaparecido. O corpo foi
localizado por volta das 6h de
ontem em uma vala, no bairro
Frei Damião, que fica vizinho ao
bairro onde a vítima morava.
O padrasto da criança foi quem
encontrou o corpo e disse que
próximo ao local havia um homem,
conhecido na cidade por
sofrer de problemas psíquicos,
em atitude suspeita. Este homem
de 50 anos, que não teve
o nome revelado, foi conduzido
para delegacia de Polícia Civil e
prestou depoimento. O padrasto,
a mãe e a avó do menino
também foram levados à delegacia
e passaram por oitivas.
O delegado explicou que
existem muitas informações e
que a polícia está colhendo os
depoimentos e tentando unir
todos os elementos. “São muitas
versões de como a criança
sumiu e como foi encontrada.
Apesar da violência e suspeita
de relação com magia negra,
estamos trabalhando com a
maior lucidez possível para não
ir por emoções e acabar perdendo
a investigação. Estamos
trabalhando para identificar os
autores e como o crime foi praticado
e depois disso conseguir
chegar à motivação”, explicou.
Sobre os suspeitos, o delegado
disse que “a mãe da criança
e o padrasto falaram muitas
coisas diferentes, entraram em
contradição e tentaram mudar
o foco do depoimento, quando
falamos de informações concretas.
Temos algumas informações sobre a relação deles com
o menino, mas não podemos
divulgar detalhes no momento.
Já o homem que viram próximo
ao local onde a criança estava é
uma pessoa conhecida na cidade
por ter problemas psíquicos,
mas o fato dele estar próximo
não quer dizer que ele fez parte.
Mesmo com a limitação, ele
foi coeso no depoimento”,
disse o delegado.
Os detalhes sobre
o crime são poucos,
mas a Polícia Civil e
o Instituto de Polícia
Científica (IPC) já
conseguiram constatar
que a criança foi morta
em outro lugar e depois jogada
no local onde foi encontra da. Os peritos informaram que
Everton sofreu pedradas e um esgotamento (primeiro corte
no pescoço) ainda com vida.
Depois disso o garoto ainda teve
um segundo corte no pescoço
e o corpo sofreu
u m a
incisão
pelo tórax e abdome e teve
o órgão genital decepado. O órgão
genital da criança foi encontrado
pendurado e um galho de
árvore próximo. A polícia ainda
tenta descobrir onde o menino
foi morto, antes de ser deixado
na vala. “Em 5 anos como delegado
a Polícia Civil, este foi o
crime mais violento que eu
já acompanhei”, desabafou. Yuri Givado. (Especial
para o JP)