O fim da obrigatoriedade do voto é um dos
pontos em discussão na proposta de reforma política que tramita fatiada
no Congresso Nacional. Segundo 80% das pessoas ouvidas pela
reportagem do Jornal Correio da Paraíba, elas não compareceriam às urnas para exercer o direito caso
pudessem. Apenas 20% delas responderam que se fariam presentes para
garantir a vitória do seu candidato. Os especialistas acreditam que
entre os motivos que levam o povo a não querer votar está a
criminalização da política no país.
A descrença na classe política é uma das principais razões apresentadas pelas pessoas.
O cientista político Ítalo Fittipaldi
acredita que o desgaste apresentando diariamente na imprensa, que tem
mostrado casos de corrupção constantes, é uma das causas que leva a
crise política que dificulta a representação.
O professor alegou que atualmente há uma
campanha de criminalização da política, pois o tema é geralmente tratado
como algo negativo. “Quando você apenas mostra esse lado, termina
criminalizando a política e faz com que as pessoas entendam que a via
política não é o melhor caminho para você resolver os conflitos com a
sociedade”, explicou Ítalo Fittipaldi.
O especialista defende o voto
facultativo, mas acredita que talvez a ausência da obrigatoriedade não
fosse suficiente para realizar um pleito mais consciente, pois não se
sabem se só os mais entendidos do tema votariam. “O fato é que se você
tira a política, esses problemas não serão resolvidos. Esse é o grande
perigo. Esse lado negativo faz com que as pessoas tenham esse sentimento
de afastamento e as pessoas terminam querendo despolitizar o poder
público, o Executivo, em função de uma política pública. Políticos
corruptos não são todos. Também temos médicos, advogados, engenheiros,
entre outros que são corruptos, justificou o professor. Ítalo Fittipaldi
explicou que a falta de interesse alimentada pela crise política atual é
bastante apreensiva, pois a abstenção de votos pode atrair a
necessidade de regimes como o da ditadura.
Distanciamento da política
A falta de envolvimento político é outra
opção que pode levar muita gente a não querer comparecer às urnas
durante o pleito, disse o cientista político. “Essa falta de interesse
compromete também o surgimento de novas lideranças. Você não tem que
alegar que não confia nos políticos, você tem que saber em que está
votando. Isso sim que é o mais importante. Eu acho que o voto não
deveria ser obrigatório, pois quero acreditar que hoje já há uma
maturidade mínima necessária para conseguir tirar essa obrigatoriedade”,
comentou Fittipaldi.
Para convencer o brasileiro a ir às
urnas, de acordo com Ítalo Fittipaldi, as campanhas eleitorais devem ser
educativas, mostrando as diferenças entre os trabalhos do Executivo e
do Legislativo, além de explicar a importância do voto. “Informar é
preciso para mudar a mente da maioria. Qual o papel da política na
sociedade? O cidadão precisa entender isso para mudar o pensamento. A
democracia é quem faz o papel de resolução temporária de conflito”,
comentou.
Ele entende e consegue enxergar pontos
positivos nos dois sistemas eleitorais (o obrigatório e não
obrigatório), Mas acha que ainda é preciso insistir que as pessoas
votem.
–
MESMO OBRIGADO, ABSTENÇÃO JÁ É ALTA
Apesar de o voto ainda ser obrigatório no Brasil, nas últimas quatro eleições a abstenção na Paraíba tem ficado acima dos 12%. Sendo que nos pleitos gerais (estaduais e federais) tiveram os maiores índices, acima de 17,5%. Mesmo sendo nas eleições municipais os menores índices de ausência dos eleitores às urnas, registrou-se no ano passado que em 19 municípios, mais de 20% não compareceram. Em quatro cidades 25% do eleitorado faltou às eleições. A enquete realizada pelo Correio também oportunizou descobrir que algumas pessoas acreditam que não tem mesmo a capacidade de provocar as mudanças que consideram necessárias para o desenvolvimento político da sociedade. “Eu não votaria de jeito nenhum. Hoje em dia não vale nem a pena sair de casa para tentar mudar qualquer coisa que seja. O congresso está cheio de sujeira e nós não conseguimos mudar exatamente nada, pois todo o poder fica apenas nas mãos deles”, desabafou Jorge Genuíno da Silva. Ainda assim, a minoria esperançosa considerou que a presença na urna é a única garantia de caminhar para melhorar a administração do País. “Eu vou continuar votando porque o meu maior desejo é trocar todos esses que atualmente estão no poder. Nós merecemos uma mudança completa”, disse Lenilson Linhares. Outra solução apontada pelo cientista Ítalo Fittipaldi é a de que os partidos precisam voltar a ser ideológicos. “Isso contribuiria para diminuir a descrença”, destacou.
Jornal Correio da Paraíba
MESMO OBRIGADO, ABSTENÇÃO JÁ É ALTA
Apesar de o voto ainda ser obrigatório no Brasil, nas últimas quatro eleições a abstenção na Paraíba tem ficado acima dos 12%. Sendo que nos pleitos gerais (estaduais e federais) tiveram os maiores índices, acima de 17,5%. Mesmo sendo nas eleições municipais os menores índices de ausência dos eleitores às urnas, registrou-se no ano passado que em 19 municípios, mais de 20% não compareceram. Em quatro cidades 25% do eleitorado faltou às eleições. A enquete realizada pelo Correio também oportunizou descobrir que algumas pessoas acreditam que não tem mesmo a capacidade de provocar as mudanças que consideram necessárias para o desenvolvimento político da sociedade. “Eu não votaria de jeito nenhum. Hoje em dia não vale nem a pena sair de casa para tentar mudar qualquer coisa que seja. O congresso está cheio de sujeira e nós não conseguimos mudar exatamente nada, pois todo o poder fica apenas nas mãos deles”, desabafou Jorge Genuíno da Silva. Ainda assim, a minoria esperançosa considerou que a presença na urna é a única garantia de caminhar para melhorar a administração do País. “Eu vou continuar votando porque o meu maior desejo é trocar todos esses que atualmente estão no poder. Nós merecemos uma mudança completa”, disse Lenilson Linhares. Outra solução apontada pelo cientista Ítalo Fittipaldi é a de que os partidos precisam voltar a ser ideológicos. “Isso contribuiria para diminuir a descrença”, destacou.
Jornal Correio da Paraíba