Todo o staff político da ex-prefeita
Tatiana Lundgren está no centro de uma investigação do Ministério
Público da Paraíba sobre desvio e ocultação de recursos públicos.
Autorizada pela Justiça, uma operação coordenada pelo Grupo de Atuação
Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Civil
realizou buscas e apreensões na cidade de Conde e João Pessoa. A
ex-secretária de Finanças do Conde, Andrea Soares da Silva, foi
conduzida coercitivamente na manhã desta quarta-feira (26). Uma
entrevista coletiva foi convocada para as 9h30 desta quarta para dar
mais detalhes sobre a operação desencadeada nas primeiras horas da
manhã.
As investigações do Ministério Público da
Paraíba foram iniciadas há mais de um ano e revelaram fortes indícios
do funcionamento de uma organização criminosa arraigada na prefeitura do
Conde. Foram detectados fortes indícios de desvio e apropriação de
recursos públicos, lavagem de dinheiro, corrupção, peculato, inserção de
dados falsos em sistema de informações, entre outros tantos crimes
praticados pelos requeridos. A apuração demonstrou que, apesar do
funcionamento anárquico da quadrilha, havia o comando da então prefeita
da cidade, mediante o pagamento de comissão pelas operações criminosas.
As investigações apontaram efetiva
participação no esquema de nove pessoas. Além da Tatiana, a lista
apresenta como uma das cabeças do esquema Andréa Soares da Silva, então
secretária de Finanças. São relacionados também o ex-assessor e braço
direito da prefeita, Vailson Oliveira do Nascimento, que chegou a ser
preso no ano passado com base em outra denúncia. Os outros membros
relacionados são Waleska dos Santos Perônico, secretária de Tatiana;
Clóvis Marinho Falcão Leal, servidor público; Clodoaldo Fernandes,
servidor público; Hildebrando Fernandes, servidor público; Alex Martins
da Silva, policial militar e marido de Tatiana, e Francisco Cavalcanti
Gomes, sub-procurador da prefeitura, cada um exercendo importância e
relevo na suposta empresa criminosa. Todos, segundo indica a apuração
orbitando a ex-prefeita da cidade.
Empresas
De acordo com as investigações, ficou bem
delineado que houve uma repartição de áreas ou setores da administração
entre os demais membros, que atuam com certa autonomia. Ficou
evidenciado, também, que o grupo teria se valido inúmeras empresas para
fraudar processos de contratação e pagamento. As empresas investigadas
no processo eram FILO-TUR, JM AUTO PEÇAS, J.G.S EMPREENDIMENTOS E
CONSTRUÇÕES LTDA, C S C CONSTRUTORA SANTA CECILIA LTDA, PLANFORTE, e
A.J.S PAVIMENTAÇÃO DE ESTRADAS E CONSTRUÇÕES LTDA – EPP. Outras empresas
ainda estão sendo investigadas. Foram encontrados indícios de
fornecimento de notas fiscais para justificar serviços contratados por
uma empresa, mas executados por outra.
A apuração demonstrou, também, que alguns
dos suspeitos apresentaram patrimônios incompatíveis com a renda e que
eram registrados em nome de laranjas. A secretária Andréa Soares da
Silva chamou a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf), que emitiu alerta. Ela teria depositado, em espécie, no dia
06/01/2016, a quantia de R$ 224.098,00 em conta bancária da Caixa
Econômica Federal, a qual está cadastrada em nome da empresa ECOMAX, uma
quantia expressiva totalmente em descompasso com seu perfil financeiro.
O marido da ex-prefeita, Alex Martins da
Silva, é policial militar e ostenta patrimônio incompatível com a renda
dele. As investigações apontaram a posse de uma verdadeira frota de
veículos de luxo. O carro de passeio dele, por exemplo, é uma Land
Rover, avaliada em R$ 176 mil.
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