A Paraíba está entre os cinco Estados brasileiros que mais perdeu eleitores. Conforme levantamento feito em dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de abril do ano passado a abril deste ano, houve uma redução de 112.134 eleitores no Estado. O eleitorado passou de 2.952.706 para 2.840.572. Nos últimos 12 meses, os Estados que mais perderam eleitores foram Paraíba, Pernambuco, Bahia, Maranhão e Rio Grande do Norte. E os que mais ganharam foram Sergipe, Alagoas e Ceará. Dos 223 municípios paraibanos, 196 perderam eleitores, sendo 48 deles mias de 10%. Em números absolutos, os municípios que mais perderam eleitores são Santa Rita, Patos, Sapé, Bayeux e Sousa.
Já os que ganharam são João Pessoa, Campina Grande, Cabedelo, Mamanguape e Pedras de Fogo. De acordo com o secretário de Tecnologia da Informação (TI) do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB), José Cassimiro Junior, a redução do número de eleitores paraibanos é resultado do cadastramento biométrico com revisão do eleitorado, que foi realizado em todo Estado e foi responsável pelo cancelamento de146 mil títulos em novembro do ano passado. “A implantação do sistema de identificação biométrica foi responsável pela depuração natural do cadastro de eleitores. Após a conclusão do cadastramento nos 223 municípios, os eleitores que ficaram valendo são aqueles que realmente residem no município”, comentou.
Mudança de cidade afetou
Segundo Cassimiro, por conta do cadastramento biométrico, eleitores que tinham mudado da cidade para outros grandes centros, tanto na Paraíba quanto em outros Estados, acabaram não realizando a biometria no município que residiam e tiveram os títulos cancelados. “Esses eleitores podem ter migrado para outras cidades e outros Estados. O cadastro de eleitores já foi fechado desde 9 de maio. Mas o batimento eleitoral, com todos os ajuste necessários e que estará apto para votar no próximo dia 7 de outubro, só será disponibilizado em 5 de julho”, informou. O secretário de TI do TRE considerou esta redução natural, e que já era esperada por conta da revisão do eleitorado para implantação do sistema de cadastramento biométrico. “A mudança no sistema de votação contribuiu muito para isso. Muita gente que já morava em João Pessoa e votava no interior preferiu se habilitar com eleitor da Capital, até mesmo por falta de tempo de se deslocar para outra cidade para fazer a biometria, preferiram requerer nova inscrição e até mesmo transferência de domicílio para João Pessoa,”, afirmou.
O cientista político Lúcio Flávio Vasconcelos acredita que a redução do número de eleitores deve se a dois fatores. O primeiro, porque algumas pessoas deixaram de fazer o cadastramento biométrico. O segundo fator é a própria migração para outras cidades, estados e regiões. Além disso, ela considera que houve pouco incentivo para atrair o eleitorado jovem.
Jovem está desacreditado
Para o cientista político e professor da UFPB, José Henrique Artigas Godoy, um dos motivos da queda do número de eleitores era previsível e se deu, entre outros, por dois fatores: a queda histórica de eleitores nos últimos anos; e, principalmente, o recadastramento biométrico. Outro fator apontado por Artigas é a queda proporcional do número de primeiros votantes, entre 16 e 18 anos, que optaram por não se alistarem, seguindo uma tendência nacional verificada nos últimos três pleitos. “Os jovens estão se afastando da política eleitoral e isso vem causando queda nas inscrições junto aos TREs e abstenções nas urnas”, afirmou. De acordo com o professor, existia muitos eleitores que já haviam mudado de domicílio eleitoral sem que tivessem alterado seus cadastros, além disso, outros mais deixaram, por desleixo ou desinteresse, de regularizarem suas situações junto ao TRE. Segundo o professor, os indicadores das últimas três eleições são assustadores, os jovens que têm a opção de não votar é cada vez maior em meio à desesperança na política propulsionada nestes últimos anos. “Embora não possamos confirmar objetivamente, as pesquisas de intenção de votos mostram que se amplia também os brancos e nulos entre os jovens que optam por votar”, declarou o cientista político José Henrique Artigas Godoy. jornal correio