O paraibano Soares é um exemplo de superação. O atacante, que hoje em dia brilha no Porto e é até mesmo comparado ao seu conterrâneo Hulk, que fez história pelo clube, teve vários motivos para desistir do futebol. Mas ele insistiu e agora, aos 27 anos, é cotado em alguns dos grandes clubes da Europa e vê seu nome ser cogitado até mesmo na seleção brasileira.
Hoje, o jogador utiliza o nome Tiquinho Soares. Nascido de uma família humilde na Paraíba, Francisco, apelidado por sua mãe de Tiquinho ”por ser bem pequenininho”, teve uma infância complicada, tendo que conciliar as brincadeiras e estudo com o trabalho para ajudar no sustento em casa. Isso quando não acontecia algum imprevisto. “Já trabalhei de muitas coisas, como servente de pedreiro, churrasqueiro, e vendia picolé também, lá no sertão da Paraíba. Teve um dia que eu fui vender picolé no jogo lá no terrão da minha cidade e o pessoal acabou com todos os meus produtos. O problema é que ninguém me pagou e eu voltei para casa sem dinheiro”, lembrou ele.
Enquanto isso, Tiquinho Soares, como hoje faz questão de ser chamado, ia tentando iniciar uma carreira no futebol, o que não foi nada fácil. “Eu comecei a jogar em Sousa, na Paraíba, na escolinha de um amigo meu, e de lá eu dei meus primeiros passos. Depois eu fui para Natal jogar no terrão e em times de bairro. Eu rodei em times de vários amigos, até que surgiu a oportunidade de eu jogar meu primeiro estadual de base, pelo Palmeiras das Rocas, quando fui o artilheiro do Sub-17, com 20 gols, aí o América-RN me contratou”, disse.
Na mira de Tite.
A seleção, apesar de ser um sonho para Tiquinho, pode estar mais perto do que ele imagina. Isso porque o técnico Tite confessou que observou o jogador antes da Copa do Mundo e, visto o mal desempenho dos jogadores de sua posição no Mundial, pode ser que faça com que ele ganhe uma oportunidade. “Surgiu essa especulação que eu fui observado, e eu fi co feliz em ter sido lembrado. Todo jogador sonha em defender a Seleção e quem sabe um dia eu possa alcançar isso. Me sentirei muito honrado”, fi nalizou.
A mudança para Portugal.
Entre 2012 e 2014, o atacante atuou por nove clubes diferentes, como o Caicó e Pelotas e só conseguiu uma sequência de jogos quando foi emprestado pelo Centro Sportivo Paraibano (CSP), para o Nacional, de Portugal. “A oportunidade em Portugal surgiu quando eu joguei o Gauchão pelo Veranópolis. O Nacional me procurou e eu aceitei. A maior dificuldade em relação ao futebol de lá foi em relação ao ritmo de jogo, que é muito mais intenso que no Brasil”, explicou. Na temporada 2015/2016, ele foi um dos artilheiros do Campeonato Português, com 14 gols e chamou atenção do Vitória de Guimarães, que o contratou.
Na nova equipe, manteve o bom nível e apenas um ano depois, foi negociado com o Porto, um dos maiores clubes do país. “Jogar no Porto é ter vontade, raça e determinação. É um clube que exige muito isso de todos os jogadores. Como os torcedores lá falam, nós só podemos abaixar a cabeça para beijar o símbolo. Meu primeiro objetivo já foi conquistado, que era conquistar um título pelo Porto e estou muito feliz com isso”, lembrou o camisa 29, uma das peças-chave na conquista do Campeonato Português 2017/2018. “Foi um título muito importante, não só para a torcida, mas para o clube também. Individualmente falando foi uma coisa muito grande, por ter sido meu primeiro título fora do Brasil e isso vaificar marcado na minha história e na história da minha família”, comemorou, lembrando que a conquista fez o Porto interromper uma sequência de títulos do maior rival, o Benfica, tetracampeão entre 2014 e 2017. Com 1,87m e muita força, Tiquinho se destaca, além dos gols, por fazer muito bem a função de pivô, colocando seus companheiros em condições de marcar.
O desempenho o fez ser comparado com o brasileiro Hulk, ídolo do clube e que fazia companhia para Falcão Garcia no ataque da equipe há alguns anos. E o jogador de 27 anos gosta tanto desse tipo de comparação, que até mesmo mantém contato com o ex-atacante da seleção brasileira. “Ele já passou uns dias lá na minha casa em Portugal e me ajudou muito. Sempre que dá a gente se fala e põe o papo em dia”. E se está brilhando em Portugal, é normal que recebesse sondagens de outros clubes, principalmente ingleses, para a próxima temporada. Porém, tirá-lo do Porto não deve ser uma missão das mais fáceis. Isso porque ele tem uma multa rescisória de 40 milhões de euros, mais de R$ 180 milhões e o clube português é famoso por “jogar duro” na hora de vender seus atletas