Em 2018, apesar das chuvas registradas nos 223 municípios paraibanos,
muitos reservatórios não acumularam água suficiente para pôr fim ao
sofrimento de agricultores que sobrevivem nos 176 municípios que
permanecem em situação de emergência decretada pelo Governo do Estado.
Após seis anos de estiagem e um ano de inverno regular, a previsão para
2019 e 2020 é de chuvas dentro da média histórica ou até acima do
esperado. Enfrentando a seca e o abandono, trabalhadores rurais que
viram todos os plantios morrerem por falta de água torcem para que a
previsão esteja certa.
No Assentamento Venâncio Tomé de Araújo, zona rural de Campina Grande, mais de 40 famílias foram embora por não terem água para o consumo. Nas quatro agrovilas entregues em 1999, o cenário é de casas abandonadas, plantações mortas, muita poeira e sol escaldante.
“Moramos tão perto de Campina Grande, onde tem água encanada direto do Rio Paraíba, e aqui a gente não sabe mais o que fazer com tanta seca e descaso. Apesar da gente ser assentado, nunca recebemos ajuda de governo. Plantei milho, sorgo, fava, feijão, jerimum, mas vi tudo morrer sem ter o gosto de comer nada”, lamenta o agricultor Isaías Cantalice, presidente da Associação Renascer, que reúne “os assentados do Venâncio”, como ele próprio diz.
Isaías mora com a esposa e cinco filhos que lhe ajudam “na luta do sítio”. Mas, segundo ele, até hoje se quer recebeu o título da terra que mora há quase 20 anos. O agricultor diz que falta uma fiscalização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no local, já que poucos se beneficiaram com os direitos que eram de todos. “Tinha uma cooperativa que todos investimos para que depois a gente tivesse direito aos resultados de um trabalho coletivo. Disso nunca tirei um centavo. Poucos lucraram. O presidente da cooperativa dividiu o assentamento em dois, um que acredita nessa falsa cooperação e outro que decidiu montar a associação, que inclusive teve o primeiro presidente assassinado. Eu sou o segundo. A gente luta demais para vencer no meio de tanta seca e abandono”, explica Cantalice.
A família de Isaías tem resistido aos primeiros meses da seca deste ano com água de poço, de açude e água armazenada da chuva. Os filhos dele, Isaú e Itamar, de 17 e 18 anos, transportam a água numa carroça puxada por um burro, do poço até à casa onde a família reside, que fica a aproximadamente quatro quilômetros de distância. Já o açude de onde a comunidade tira água para beber, deve secar nos próximos dias.
“Também não teremos água da chuva por muito mais tempo, até porque a chuva que deu em maio não foi suficiente pra dar conta dessa sequidão todinha. A água do poço é salobra e a gente só usa pra o gasto e dar de beber aos animais. Quando acabar tudo, mais gente vai sair do assentamento, porque nem todo mundo tem dinheiro pra comprar água nos caminhões-pipa que trazem água de Boqueirão pra cá”. No ano passado, 10 mil litros de água trazidos pelos caminhões-pipa custava em média R$ 180,00. O presidente da associação Renascer diz que esse valor deve aumentar pelo menos 22% em 2019. Jornal Correio
No Assentamento Venâncio Tomé de Araújo, zona rural de Campina Grande, mais de 40 famílias foram embora por não terem água para o consumo. Nas quatro agrovilas entregues em 1999, o cenário é de casas abandonadas, plantações mortas, muita poeira e sol escaldante.
“Moramos tão perto de Campina Grande, onde tem água encanada direto do Rio Paraíba, e aqui a gente não sabe mais o que fazer com tanta seca e descaso. Apesar da gente ser assentado, nunca recebemos ajuda de governo. Plantei milho, sorgo, fava, feijão, jerimum, mas vi tudo morrer sem ter o gosto de comer nada”, lamenta o agricultor Isaías Cantalice, presidente da Associação Renascer, que reúne “os assentados do Venâncio”, como ele próprio diz.
Isaías mora com a esposa e cinco filhos que lhe ajudam “na luta do sítio”. Mas, segundo ele, até hoje se quer recebeu o título da terra que mora há quase 20 anos. O agricultor diz que falta uma fiscalização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no local, já que poucos se beneficiaram com os direitos que eram de todos. “Tinha uma cooperativa que todos investimos para que depois a gente tivesse direito aos resultados de um trabalho coletivo. Disso nunca tirei um centavo. Poucos lucraram. O presidente da cooperativa dividiu o assentamento em dois, um que acredita nessa falsa cooperação e outro que decidiu montar a associação, que inclusive teve o primeiro presidente assassinado. Eu sou o segundo. A gente luta demais para vencer no meio de tanta seca e abandono”, explica Cantalice.
A família de Isaías tem resistido aos primeiros meses da seca deste ano com água de poço, de açude e água armazenada da chuva. Os filhos dele, Isaú e Itamar, de 17 e 18 anos, transportam a água numa carroça puxada por um burro, do poço até à casa onde a família reside, que fica a aproximadamente quatro quilômetros de distância. Já o açude de onde a comunidade tira água para beber, deve secar nos próximos dias.
“Também não teremos água da chuva por muito mais tempo, até porque a chuva que deu em maio não foi suficiente pra dar conta dessa sequidão todinha. A água do poço é salobra e a gente só usa pra o gasto e dar de beber aos animais. Quando acabar tudo, mais gente vai sair do assentamento, porque nem todo mundo tem dinheiro pra comprar água nos caminhões-pipa que trazem água de Boqueirão pra cá”. No ano passado, 10 mil litros de água trazidos pelos caminhões-pipa custava em média R$ 180,00. O presidente da associação Renascer diz que esse valor deve aumentar pelo menos 22% em 2019. Jornal Correio