domingo, novembro 25, 2018

Tempo é de 'bota fora' em prefeituras.

Passadas as eleições, o cenário se repete Paraíba adentro: prefeituras fazem exonerações em massa dos seus servidores. Até o momento, sete gestões já anunciaram demissões, todas alegando necessidade de redução de custos: Patos, Serra Grande, Monteiro, São José de Brejo do Cruz, Conceição, Caaporã e de Catolé do Rocha.

Para algumas lideranças políticas, entretanto, as demissões também sinalizam uma retaliação a esses funcionários, que muitas vezes agem como cabos eleitorais dos gestores municipais e, acabada a disputa nas urnas, são postos para fora. Parte volta após um período, porém, não são todos com a vaga garantida.

Segundo informações do Sagres (Sistema de Acompanhamento da Gestão dos Recursos da Sociedade) do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB), os meses de maio, junho e julho deste ano, período que antecedeu a pré-campanha eleitoral, representaram um ‘boom’ nas contratações por excepcional interesse público.

Em abril eram 51.611 servidores, saltando para 52.567, depois 52.642 e chegando em julho com 53.175.

Em setembro, último mês disponível para a consulta no dia em que foi concultado para a matéria esta semana, eram 53.577, pulo de mais de 55%, quando comparado com janeiro do mesmo ano, quando eram 34.535 contratados.

Maior parte das demissões que já tem sido registrada pelo Estado tem como justificativa, por parte dos gestores, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que fixa limites para despesas com pessoal, para dívida pública e ainda determina que sejam criadas metas para controlar receitas e despesas.
Alguns parlamentares e lideranças políticas, entretanto, entendem que exoneração em massa num período que precede a disputa eleitoral abre margem para outras interpretações.

Baixa arrecadação
Secretário executivo da Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup), Pedro Dantas acredita que essas demissões já eram esperadas, não por questões eleitorais, mas sim porque os municípios têm enfrentado problemas na arrecadação, logo, para fechar as contas, precisam cortar gastos.

“As exonerações dos prefeitos já começam no mês de agosto. Agosto, setembro e outubro são meses ruins de FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Antes mesmo das eleições, os prefeitos estavam demitindo. Alguns pela questão do limite de responsabilidade fiscal, outros porque estavam fazendo a conta e viram que não dava para pagar em dezembro”, comentou o representante da Famup.

O secretário executivo da Famup afirmou também que o ‘boom’ de contatações no perído de pré-campanha não tem relação direta com a disputa das urnas. “Desde o início do ano a Famup tem alertado para a crise, que é grande, mas a demanda por contratação em prefeitura é grande. Só porque houve um aumento na contratação em junho e julho não quer dizer que tenha relação com as eleições, é porque são meses bons de arrecadação, então você faz uma contratação por necessidade. Mas quando se está fechado o ano, se coloca para fora para atingir o limite que exige o Tribunal de Contas”, declarou.

Sagres mostra repetição
Apesar da contestação, a plataforma Sagres 5.0 mostra que, em ano eleitoral, a queda no quadro de servidores é recorrente nos meses que precedem o pleito. Em 2016, por exemplo, os meses de junho e julho representaram o pico de contratações dos municípios, que foram exonerando as contratações por excepcional interesse público a medida que encerrou-se as eleições.

No início daquele ano, quando foram eleitos prefeitos e vereadores, eram 32.070 contratações nessa modalidade, que até julho só cresceram: 41.163 (fevereiro), 48.950 (maio), 51.167 (julho), alta de mais de 59% na análise de 7 meses. Depois de outubro, findada a eleição, o volume de contratações só cai: 47.003 (outubro), 40.273 (dezembro), queda de mais de 14%, nos últimos três meses do ano. Jornal Correio