quarta-feira, junho 19, 2019

Desvios financiaram compra de roupas, moto e até fogos de artifício.



Depois de meses de investigação, a Polícia Civil acredita ter descoberto o destino de recursos públicos que teriam sido desviados da prefeitura de Itabaiana, na gestão do ex-prefeito Antônio Carlos Rodrigues de Melo Júnior. Para a polícia, os valores foram usados para comprar roupas de marca, gêneros alimentícios, para pagar procedimentos estéticos, na compra de uma motocicleta e até fogos de artifício para campanhas eleitorais.

 No total, a Delegacia de Polícia Civil de Itabaiana diz ter rastreado em duas fases da ‘Operação Pote de Ouro’ pelo menos R$ 330 mil que teriam sido desviados pelo esquema, sendo R$ 270 mil nessa segunda fase da operação. De acordo com as investigações, o ex-prefeito Antônio Carlos teria contado com o apoio de André Teixeira Gondim e Rodrigo Henriques Neves, ex-secretário de Turismo da cidade de Santa Rita, para operacionalizar as fraudes.

 Os dois, segundo a polícia, mesmo não sendo servidores da prefeitura teriam forjado a existência de contratos de pessoas físicas com o poder público do município para a realização de serviços de digitação, carpintaria, pintura e outras atividades usando documentos de pessoas próximas. Elas, em sua maioria conforme a polícia, não moravam em Itabaiana e não tinham conhecimento das fraudes. Depois disso, os recursos teriam sido depositados em contas movimentadas pelos dois e usados para a compra de produtos e serviços pessoais do ex-gestor Antônio Carlos e familiares.

Em um dos casos, conforme a Polícia Civil, André Gondim teria comprado fogos de artifício que seriam usados em campanhas políticas, com um cheque da prefeitura do município de Itabaiana.

Em outra situação, a esposa e o ex-prefeito fizeram compras de roupas caras, em lojas de padrão elevado de João Pessoa, mas tiveram os produtos pagos por cheques emitidos pelo suposto ‘esquema’. Um dos itens adquiridos, um vestido, foi comprado por R$ 3.960. Em uma outra compra o ex-prefeito gastou R$ 7 mil em roupas.

Em depoimento à polícia, parte das pessoas que teriam prestado os serviços à prefeitura relatou que nunca trabalhou para o poder público municipal.

Outro Lado
O advogado do ex-prefeito de Itabaiana Antônio Carlos, Iarley Maia, disse que o ex-gestor já prestou todos os esclarecimentos à Justiça na primeira fase da operação ‘Pote de Ouro’. Segundo ele, o ex-prefeito vai provar na Justiça que não teve nenhum envolvimento com qualquer tipo de irregularidade. “Vamos provar a lisura das ações dele durante o processo”, garantiu.

Já o advogado de André Gondim e Rodrigo Neves, José Bezerra, informou que só vai se manifestar nos autos do processo sobre as acusações feitas pela Polícia Civil. Ele adiantou, no entanto, que os dois estão colaborando com as investigações.

Operação Garimpo
Na manhã desta quarta-feira (19) policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão em apartamentos que pertenceriam a André Gondim e Rodrigo Neves, ambos localizados em bairros nobres de João Pessoa. O objetivo foi coletar documentos e provas que possam confirmar o material já rastreado nas investigações em curso. Na primeira fase da Operação, o ex-prefeito Antônio Carlos e dois ex-secretários da prefeitura foram presos, suspeitos de participação no esquema. Antônio Carlos e um deles estão respondendo o processo em liberdade. JP
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Operação que investiga desvio de dinheiro de prefeitura cumpre mandados em João Pessoa e Itabaiana === Pelo menos três mandados de busca e apreensão foram realizados no início da manhã desta quarta-feira (19) em uma operação realizada pela Polícia Civil nas cidades de João Pessoa e Itabaiana. Os alvos na capital são apartamentos de luxo, localizados na orla, onde moravam dois homens suspeitos de fazerem parte de um esquema de desvio e lavagem de dinheiro na prefeitura de Itabaiana. A Operação Garimpo, realizada nesta quarta-feira, é um desdobramento da Operação Pote de Ouro: o mapa da mina, deflagrada em dezembro de 2018, que prendeu o ex-prefeito de Itabaiana Antônio Carlos Rodrigues de Melo Júnior (MDB), um ex-tesoureiro e um ex-secretário de infraestrutura da cidade. O delegado Felipe Castellar explicou, quando da realização da primeira fase, que os envolvidos participaram da gestão anterior de Itabaiana e estavam envolvidos em desvios de recursos públicos por meio de funcionários fantasmas e uso de cheques com assinaturas falsas, entre os anos de 2013 e 2016. Conforme a Polícia Civil, somando as duas fases da operação, mais de R$ 330 mil em contratos estão sob suspeita de terem sido desviados. O caso estava em segredo de justiça, mas uma decisão judicial retirou o sigilo. Os mandados de busca e apreensão cumpridos na capital nesta quarta-feira são em apartamentos que pertenciam a duas pessoas que teriam envolvimento nas supostas fraudes, entre elas um ex-secretário de turismo da cidade de Santa Rita.