quarta-feira, novembro 17, 2021

Fuga de mentor da barbárie de Queimadas completa um ano.

O homem condenado a 108 anos de prisão por ser o mentor da “Barbárie de Queimadas” - estupro coletivo que resultou na morte de duas mulheres -, Eduardo dos Santos Pereira, está há um ano foragido. Ele fugiu da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes de João Pessoa, conhecida como PB1, no dia 17 de novembro de 2020. Um ano depois, as famílias das vítimas lamentam o ocorrido e pedem agilidade da Justiça. Faltando menos de três meses para completar dez anos do estupro de cinco mulheres e morte de Michele Domingues da Silva e Isabela Pajussara Frazão Monteiro, a família das vítimas sente falta de respostas concretas, uma vez que o condenado continua foragido. Um familiar de uma das vítimas, que pediu para não ter a identificação divulgada, lamenta que os envolvidos no crime estejam seguindo suas vidas normalmente. Conforme o parente, a família já recebeu notícias de supostos paradeiros de Eduardo, mas sempre por fontes que não são oficiais. 
 
Em junho, quando a fuga completou sete meses, a Polícia Civil disse ao g1 que havia a informação de que o foragido não se encontra mais na Paraíba. O delegado da Polícia Civil Diego Beltrão informou ao g1 que não pode dar detalhes sobre o andamento das buscas de Eduardo dos Santos, uma vez que isso pode prejudicar a investigação. No entanto, ele afirma que as diligências necessárias estão sendo feitas, sob comando do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco). “Infelizmente não podemos adiantar nada da investigação. O que posso informar é que o inquérito está sendo trabalhado pela Draco. Quanto menos se comentar por parte da polícia judiciária, melhor para a investigação, mas estamos trabalhando para encontrá-lo e no momento certo passaremos todos detalhes”, afirmou o delegado. A Secretaria do Estado da Segurança e Defesa Social garante que as ações de recaptura do fugitivo, desde o dia da sua fuga, vêm ocorrendo de forma integral entre todos os órgãos que compõem a segurança pública do Estado da Paraíba. Na noite da fuga, quatro policiais penais faziam a segurança do setor e foram encaminhados à Central de Polícia para prestar esclarecimentos. Ao g1, o delegado geral da Polícia Civil, Isaías Gualberto, afirmou que um deles foi autuado por facilitação culposa e, em seguida, liberado. De acordo com a Polícia Civil, a facilitação culposa "é porque ele [o policial] não teve a intenção, não foi uma ação planejada, mas como estava de serviço deveria ter sido mais atento". Além disso, foi aberto um Processo Administrativo Disciplinar para investigar a conduta dos policiais penais. De acordo com o secretário de Administração Penitenciária da Paraíba, Sérgio Fonseca de Souza, o processo já está em fase conclusiva, contudo um dos indiciados foi acometido por um AVC, e por isso, é aguardado que cesse a sua incapacidade momentânea para que seja possível a apresentação de uma defesa escrita. No dia 12 de fevereiro de 2012, um domingo, durante uma festa no município de Queimadas, cinco mulheres foram estupradas e duas delas foram assassinadas por terem reconhecido os estupradores. As vítimas eram amigas dos homens que organizavam a festa e não imaginavam que no local seriam amordaçadas, estupradas e mortas. Para cometerem o crime, os homens forjaram um assalto e entraram encapuzados na residência. Conforme as investigações da Polícia Civil e a denúncia feita pelo Ministério Público da Paraíba, os estupros foram planejados pelos irmãos Luciano e Eduardo dos Santos Pereira, que teriam chamado amigos para abusar sexualmente das mulheres convidadas para a festa de aniversário de Luciano. Segundo informações contidas no processo, o estupro coletivo seria um “presente” para o aniversariante. No dia 26 de setembro de 2014, Eduardo foi condenado a 108 anos e dois meses por dois homicídios, formação de quadrilha, cárcere privado, corrupção de menores e porte ilegal de arma, além dos cinco estupros.