O homem condenado a 108 anos de prisão por ser o mentor da “Barbárie de
Queimadas” - estupro coletivo que resultou na morte de duas mulheres -,
Eduardo dos Santos Pereira, está há um ano foragido. Ele fugiu da
Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes de
João Pessoa, conhecida como PB1, no dia 17 de novembro de 2020. Um ano
depois, as famílias das vítimas lamentam o ocorrido e pedem agilidade da
Justiça. Faltando menos de três meses para completar dez anos do
estupro de cinco mulheres e morte de Michele Domingues da Silva e
Isabela Pajussara Frazão Monteiro, a família das vítimas sente falta de
respostas concretas, uma vez que o condenado continua foragido. Um
familiar de uma das vítimas, que pediu para não ter a identificação
divulgada, lamenta que os envolvidos no crime estejam seguindo suas
vidas normalmente. Conforme o parente, a família já recebeu notícias de
supostos paradeiros de Eduardo, mas sempre por fontes que não são
oficiais.
Em junho, quando a fuga completou sete meses, a Polícia Civil
disse ao g1 que havia a informação de que o foragido não se encontra
mais na Paraíba.
O delegado da Polícia Civil Diego Beltrão informou ao g1 que não pode
dar detalhes sobre o andamento das buscas de Eduardo dos Santos, uma vez
que isso pode prejudicar a investigação. No entanto, ele afirma que as
diligências necessárias estão sendo feitas, sob comando do Departamento
de Repressão ao Crime Organizado (Draco).
“Infelizmente não podemos adiantar nada da investigação. O que posso
informar é que o inquérito está sendo trabalhado pela Draco. Quanto
menos se comentar por parte da polícia judiciária, melhor para a
investigação, mas estamos trabalhando para encontrá-lo e no momento
certo passaremos todos detalhes”, afirmou o delegado.
A Secretaria do Estado da Segurança e Defesa Social garante que as ações
de recaptura do fugitivo, desde o dia da sua fuga, vêm ocorrendo de
forma integral entre todos os órgãos que compõem a segurança pública do
Estado da Paraíba.
Na noite da fuga, quatro policiais penais faziam a segurança do setor e
foram encaminhados à Central de Polícia para prestar esclarecimentos. Ao
g1, o delegado geral da Polícia Civil, Isaías Gualberto, afirmou que um
deles foi autuado por facilitação culposa e, em seguida, liberado. De
acordo com a Polícia Civil, a facilitação culposa "é porque ele [o
policial] não teve a intenção, não foi uma ação planejada, mas como
estava de serviço deveria ter sido mais atento". Além disso, foi aberto
um Processo Administrativo Disciplinar para investigar a conduta dos
policiais penais. De acordo com o secretário de Administração
Penitenciária da Paraíba, Sérgio Fonseca de Souza, o processo já está em
fase conclusiva, contudo um dos indiciados foi acometido por um AVC, e
por isso, é aguardado que cesse a sua incapacidade momentânea para que
seja possível a apresentação de uma defesa escrita. No dia 12 de
fevereiro de 2012, um domingo, durante uma festa no município de
Queimadas, cinco mulheres foram estupradas e duas delas foram
assassinadas por terem reconhecido os estupradores. As vítimas eram
amigas dos homens que organizavam a festa e não imaginavam que no local
seriam amordaçadas, estupradas e mortas. Para cometerem o crime, os
homens forjaram um assalto e entraram encapuzados na residência.
Conforme as investigações da Polícia Civil e a denúncia feita pelo
Ministério Público da Paraíba, os estupros foram planejados pelos irmãos
Luciano e Eduardo dos Santos Pereira, que teriam chamado amigos para
abusar sexualmente das mulheres convidadas para a festa de aniversário
de Luciano. Segundo informações contidas no processo, o estupro coletivo
seria um “presente” para o aniversariante.
No dia 26 de setembro de 2014, Eduardo foi condenado a 108 anos e dois
meses por dois homicídios, formação de quadrilha, cárcere privado,
corrupção de menores e porte ilegal de arma, além dos cinco estupros.