quinta-feira, outubro 05, 2023

Desvio de verbas do Hospital Padre Zé, em João Pessoa.

Uma operação policial foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (5) com o intuito de cumprir 11 mandados de busca e apreensão para investigar fatos que indicam possíveis condutas criminosas ocorridas no Hospital Padre Zé e também na Ação Social Arquidiocesana (ASA), em João Pessoa. Segundo nota da operação, as informações acerca do caso descrevem possíveis desvios de recursos públicos destinados a fins específicos, por meio da falsificação de documentos e pagamento de propinas a funcionários vinculados às referidas entidades. As condutas indicam a prática, em princípio, dos delitos de organização criminosa, lavagem de capitais, peculato e falsificação de documentos públicos e privados. Estão sendo cumpridos 11 mandados judiciais de busca e apreensão, em endereços de três investigados, sendo oito em João Pessoa, um no Conde e dois na cidade de São Paulo. O padre Egídio foi procurado pelo g1 e confirmou estar ciente da operação, mas não se posicionou e disse que em breve deve se pronunciar sobre o caso. A defesa do padre Egídio informou que está acompanhando as diligências, mas não quis se pronunciar. O padre Egídio é o principal suspeito de estar envolvido nas irregularidades identificadas no Hospital Padre Zé. De acordo com apuração da TV Cabo Branco, os outros alvos são Jannyne Dantas, diretora administrativa do Hospital Padre Zé, e Amanda Duarte, tesoureira da unidade hospitalar filantrópica. 

O g1 entrou em contato com Jannyne para obter algum posicionamento, mas não obteve retorno. Amanda Duarte não foi localizada. A investigação aponta, segundo a nota, para uma absoluta e completa confusão patrimonial entre os bens e valores de propriedade das referidas pessoas jurídicas com um dos investigados, com uma considerável relação de imóveis atribuídos, aparentemente sem forma lícita de custeio, quase todos de elevado padrão, adornados e reformados com produtos de excelentes marcas de valores agregados altos. A operação “Indignus” é uma força tarefa composta pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Estado da Paraíba, Polícia Civil da Paraíba, Secretaria de Estado da Fazenda da Paraíba e pela Controladoria-Geral do Estado da Paraíba. O Hospital Padre Zé, em João Pessoa, afirmou que constatou inúmeras dívidas que comprometem sua funcionalidade após avaliar a situação operacional, funcional, contábil e financeira da instituição. 

A gestão disse que a primeira providência foi solicitar ao Ministério Público da Paraíba uma ampla auditoria em todas as contas, contratos, convênios e projetos do hospital. Por conta disso, uma força-tarefa composta por órgãos públicos da Paraíba vai ser formada para investigar irregularidades no Hospital Padre Zé. Segundo a diretoria do Padre Zé, órgãos como Polícia Civil, Ministério Público da Paraíba (através do Gaeco), Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz ) e Controladoria-Geral do Estado devem integrar a força-tarefa. A Justiça da Paraíba autorizou a quebra de sigilo bancário e bloqueio de contas de Samuel Segundo, do ex-funcionário do Hospital Padre Zé, um dos suspeitos de furtar mais de R$ 500 mil em celulares da unidade. A decisão foi do juiz José Guedes Cavalcanti Neto, que acatou o pedido da delegada Karina Torres, da Polícia Civil, no qual a autoridade policial anexou conversas de Samuel negociando a venda dos aparelhos. 

De acordo com as investigações, os aparelhos celulares foram doados e o dinheiro deveria ser usado para manutenção do hospital. No pedido da delegada Karina Torres, foram anexadas conversas de Samuel negociando a venda dos aparelhos, e uma conta da mãe dele, Valquíria Veloso Cunha, também foi alvo de pedido de bloqueio e quebra de sigilo, que, também de acordo com as investigações, ela teria recebido pagamentos das vendas.

A delegada Karina Torres afirmou que ficou evidenciado que Samuel Segundo foi incluído no delito de furto qualificado, causando um prejuízo de R$ 525.877,77 referente aos produtos furtados no interior do Hospital Padre Zé. O g1 procurou a defesa de Samuel, mas a defesa não se pronunciou sobre a ação da Justiça sobre o bloqueio das contas e quebra de sigilo bancário do ex-funcionário do Hospital Padre Zé. A Arquidiocese da Paraíba afastou, em 27 de setembro, o padre Egídio de Carvalho Neto de qualquer ofício ou encargo eclesiástico enquanto durar as investigações sobre irregularidades identificadas no Hospital Padre Zé, de João Pessoa, no período em que ele foi diretor da unidade hospitalar. Na prática, ele fica proibido de ministrar missas ou qualquer outro sacramento da igreja. 

A instituição que comanda a Igreja Católica na Paraíba citou o artigo 1.722 do Código de Direito Canônico, que prevê o afastamento de religiosos da igreja em casos de processo penal, para justificar o afastamento do padre Egídio. O padre Egídio de Carvalho Neto renunciou ao cargo de diretor do Hospital Padre Zé no dia 18 de setembro deste ano, em meio a investigações da Polícia Civil da Paraíba sobre o furto de 100 aparelhos de telefone celular que foram furtados do hospital. Segundo a administração do hospital, toda a diretoria anterior do Hospital Padre Zé renunciou, e os novos dirigentes assumiram as funções imediatamente, para evitar que os serviços prestados pelo hospital fossem interrompidos ou descontinuados. Em 25 de setembro, em meio às investigações, o padre George Batista foi eleito novo diretor do Hospital Padre Zé, em João Pessoa, após a realização de uma assembleia. .