terça-feira, novembro 07, 2023

Um pandeiro para Caju e Castanha – por José Barbosa de Lucena.

Alguns meses atrás , eu revirando meus Discos de Vinil , encontrei o 2° LP

da DUPLA CAJU E CASTANHA em sua formação inicial .

O CAJU original , morreu em 09/06/2001 , aos 37 anos de idade . Foi substituído na Dupla , por um Sobrinho que adotou o mesmo apelido : CAJU !

Esse LP , cujo nome de capa ,era EMBOLANDO A EMBOLADA , me fez voltar no tempo e contar essa história a vocês .

Esse CAUSO , aconteceu em Itabaiana , em 1975 ou 1976 .

Nesse ano , eu cursava o 4° ou 5° ano de Medicina . Era professor de Física , Química e Biologia no Colégio Estadual de Itabaiana .

Dava plantões como estudante , no Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo em Itabaiana . Nesses plantões , eu auxiliava e aprendia CIRURGIA com os Médicos :

Dr. AGLAIR , DR . SANTIAGO , DR . PIRES E OUTROS .

Em um sábado de folga , após uma partida de Futebol de Salão na AABB , entre o Time dos Professores do Colégio Estadual de Itabaiana ( do qual eu fazia parte ) e o Time dos Liberais , no qual aplicamos uma Sonora Goleada de 7 x 2 e eu em Estado de Graça , fiz 5 gols , inclusive um ANTOLÓGICO GOL DE... BUNDA

( lembra Dr. Vilinho ? ) . Como já disse : EM ESTADO DE GRAÇA , EU E OS COMPANHEIROS de time , fomos BEBEMORAR o feito , no Bar de Carioca , no Centro de Itabaiana .

Tínhamos iniciado a BEBEMORACÃO , eu tomando meu Cuba Libre e sempre lembrando o fato , quando de repente , fomos surpreendidos por assovios , palmas , gritos , impropérios , vaias e palavrões , vindos da calçada de um prédio vizinho , onde tinha se formado uma aglomeração em círculo , para ver e ouvir duas crianças embolando côco .

Isso , fez com quê , todos os frequentadores do Bar e da Sinuca de Seu Adones , fossem verificar , o que estava acontecendo .

Dois garotos , aparentando ter entre 8 e 10 anos respectivamente , travavam um desafio numa Embolada de Côco . Esculhambavam um com o outro em versos .

Como só havia um pandeirinho velho remendado com fita isolante preta , quando um cantador terminava sua cantoria mal criada , sacudia o Pandeiro VELHO no ar , o outro contedor pegava no vôo e já descia Castigando o Couro do Instrumento , ao mesmo tempo que debulhava um ROSÁRIO DE ESCULHAMBAÇÃO , respondendo ao desafeto no mesmo tom e ritmo com que tinha sido agredido .

E tome assovios , palavrões , vaias , e palmas para incentivar , atiçar e ovacionar os contendores mirins

Um boné velho no chão da calçada , era o repositório de cédulas e moedas ofertadas aos pequenos artistas .

Eles , imitavam CACHIMBINHO E GERALDO MOUZINHO , que na época , eram dois Repentistas famosos , com vários Discos de Vinil gravados e faziam sucesso no Rádio e na Televisão .

Coloquei uma certa quantia em dinheiro no boné , incentivei outras pessoas a fazerem o mesmo e disse aos meninos , que quando acabassem a Cantoria , fossem para o BAR , que eu lhes pagaria o almoço .

Quando os dois chegaram ao Bar , mandei servir-lhes o almoço e sentei-me na mesa para saber mais sobre eles .

Nasceram em Nazaré da Mata , mas viviam em Jaboatão dos Guararapes.

O Prefeito de Jaboatão um dia vendo a dupla na Praça cantando , colocou o apelido de CAJU E CASTANHA na hora . De repente arrumou um pandeiro velho , para substituir um pandeiro que eles mesmo tinham feito com tampas de garrafas e uma lata de doce Marmelada redonda .

A partir daí , a Dupla começou a se virar .

Percorriam as feiras nós bairros da região Metropolitana do Recife sempre imitando CACHIMBINHO e GERALDO MOUZINHO .

Fizeram amizade com motoristas da Viação Progresso , que faziam a linha

RECIFE-CAMPINA-RECIFE . Pegavam esses ônibus de graça e desembarcaram em qualquer cidade desse trajeto , de preferência , dia de feira . Iam para a praça mostrar sua arte em troca de algum dinheiro . Na parte da tarde ficavam aguardando a volta do ônibus , para retornarem à casa .

Nesse sábado , tinham desembarcado em ITABAIANA .

Eu os deixei almoçando , com a recomendação de quê não saíssem , pois eu iria comprar alguma coisa para lhes dar de presente .

Fui na loja de Seu Zé Albino , e pedi dois pandeiros novos . Só tinha um . Comprei e voltei para o BAR .

Paguei os almoços , dei mais algum dinheiro e lhes dei , o que segundo eles , foi

O PRIMEIRO PANDEIRO NOVO DA DUPLA .

Lamentei o fato de que na loja só tinha um Pandeiro .

Como CAJU era o mais velho , ficou com o PANDEIRO NOVO ! CASTANHA , mais novo , ficou meio amuado mas ficou com o PANDEIRINHO REMENDADO .

Prá consolar CASTANHA , eu disse uma coisa , que tornou-se uma PROFECIA :

- " EU QUERIA DAR 2 PANDEIROS NOVOS A VOCÊS , MAS NA LOJA SÓ TINHA UM . TEM NADA NÃO ! VOCÊS SÃO MUITO BONS ! LOGO , LOGO , COMPRARÃO O OUTRO PANDEIRO ! "

Passou-se o tempo , uns 10 ou 12 anos . Eu havia esquecido o episódio .

Certo dia , visitando um SEBO , à procura de Vinis Antigos , um Disco me chamou atenção . O título era : EMBOLANDO NA EMBOLADA 2° LP da DUPLA CAJU E CASTANHA . Comprei o Disco por curiosidade .

ERAM OS DITOS-CUJOS !

Uns 3 ou 4 anos se passaram , e da DUPLA , não tive mais notícias .

Um certo domingo pela manhã , eu assistia o programa da Rede Globo , SOM BRASIL , comandado por LIMA DUARTE . Quem estava lá ?

CAJU E CASTANHA ! Isso , já em meados dos anos 80 e já mostravam , relativo sucesso .

Nunca encontrei com eles pessoalmente . Só os vi , quando eram ainda crianças . Acompanhei pelos meios de comunicação o sucesso que alcançaram . Graças a DEUS , se deram bem .

Vi a realização de uma PROFECIA por mim lançada alguns anos atrás :

- " TEM NADA NÃO , VOCÊS SÃO BONS !

LOGO , LOGO , COMPRARÃO OUTRO PANDEIRO "

Já morando em João Pessoa , tive notícias , de que em uma apresentação em um Circo em Itabaiana , eles ainda em sua formação original , ( CAJU não havia morrido ainda ) disseram que o PRIMEIRO PANDEIRO NOVO que possuíram na vida , foi dado por um JOGADOR DE FUTEBOL EM ITABAIANA .

Quando eu os encontrei aqui em Itabaiana , no longínquo 1975 ou 1976 , eu estava

BEBEMORANDO A VITÓRIA DO MEU TIME .E ESTAVA VEDTIDO COM O UNIFORME DO TIME DOS PROFESSORES DO COLÉGIO ESTADUAL DE ITABAIANA .

JOSÉ BARBOSA DE LUCENA

( DR . DEDÉ )