sexta-feira, maio 28, 2010

PROFISSÃO: COVEIRA

Fábio Mozart

Depois de 20 anos sem qualquer modificação, a Classificação Brasileira de Ocupações foi atualizada oficialmente pelo Ministério do Trabalho. Profissões como a de coveiro, que recebeu o nome de sepultador e a das prostitutas que passaram a ser chamadas de profissionais do sexo foram formalmente regulamentadas. Mas nos concursos públicos continuam classificando esse profissional como coveiro. E as putas continuam sendo putas. Pior, sem direito a concurso.

Em recente concurso da Prefeitura de Itabaiana, uma moça foi classificada para exercer o cargo de coveira no cemitério da vila de Guarita, entre a sede do Município e Salgado de São Félix. Pelos meus cálculos, o último falecido a ser enterrado no cemitério local já deve ter virado cinzas. Pouco se morre na vilazinha quase deserta, e se nasce quase nada.

No silêncio do deserto que é a nossa Guarita, escuta-se a Palavra que fala mais alto, do tempo para nascer e tempo para morrer, tempo para plantar e tempo para colher. Só que o tempo naquelas paragens corre mais devagar, porque estão todos parados. O tempo ali se desloca mais lento, arrastado na temporalidade, no ritmo e ciclos das comunidades pequenas. Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema chamado “Cidadezinha”, extremamente representativo do ritmo lento desses lugares.

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