sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Silêncio ensurdecedor

Na cidade de Itabaiana, estão cometendo um crime ambiental que afeta imediatamente a vida, mas, a longo prazo, fere certamente nosso amor próprio, nossa dignidade, nossa personalidade enquanto cidadãos. Um dia, nossos filhos e netos vão indagar: “onde vocês estavam quando mataram o rio Paraíba? Por que ninguém evitou esse crime?”

Aí vem a lembrança nostálgica dos líderes itabaianenses de décadas passadas. Seu Zé Pedro de Guarita, Arnaud Costa, João Quirino de Campo Grande, Chico Veneno, Hugo Saraiva, Everaldo Pimentel, Padre Pedro, Padre João, Josué Dias, Dr. Antonio Santiago, Luiz Paulino, José Silveira, Alceu Almeida, Neco Frizo, Odon de Sá, Cecílio Batista, Edmilson Batista e tantos outros.

Muitas dessas pessoas foram gestoras, alguns foram prefeitos, construíram obras de pedra e cal, melhoraram a vida na comunidade. Mas todos foram construtores de uma obra invisível. Mesmo sendo alguns ateus, ensinavam a diferença entre aquilo que é humano e aquilo que é divino. A maioria deles também ensinava que não poderá haver desenvolvimento se não houver justiça e respeito à vida.

Projetos sociais de construção de cisternas, barragens, poços e banheiros são pouco significantes diante de séculos sedimentados com abandono e injustiça. É essencial que se tenha respeito à vida, e mais necessário que as pessoas tenham consciência.

É preciso denunciar o crime que se comete contra o rio Paraíba em Itabaiana. Martin Luther King afirmava: "O que mais preocupa não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons." A grande revolução, talvez a única, é a guerra contra o silêncio. Doa a quem doer.

Ninguém é dono de Itabaiana, do seu rio, do seu povo, de nossas mentes. Ninguém foi ungido com tantos poderes assim. Então por que a conformação na cara das pessoas, por que esse peso do consentimento e da obediência, do medo de falar?

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