terça-feira, abril 22, 2014

Governo constrói casas de mel para apicultores do Vale do Paraíba

Beneficiando agricultores familiares dos municípios de SALGADO DE SÃO FÉLIX, ITABAIANA, MOGEIRO, INGÁ, ITATUBA E SÃO JOSÉ DOS RAMOS...

Depois de 30 anos, os apicultores do Vale do Paraíba, assessorados pela Emater Paraíba, ganharam um entreposto e duas casas de mel construídas pelo Governo do Estado, com recursos do Cooperar/Banco Mundial, garantindo a expansão da apicultura e aumento da renda de 36 agricultores familiares dos municípios de Salgado de São Félix, Itabaiana, Mogeiro, Ingá, Itatuba e São José dos Ramos. A produção anual chega a 40 toneladas. 

 As duas casas de mel e o entreposto para beneficiamento da produção eram uma reivindicação dos apicultores do Vale do Paraíba e a inauguração está prevista para o próximo mês. Estão sendo investidos R$ 470 mil nas três obras e nos equipamentos destinados ao beneficiamento do mel. 

Os agricultores familiares iniciaram as atividades em 1993, quando receberam da Igreja três colmeias e uma centrífuga. Dois anos depois, orientados pela Emater Paraíba, criaram uma associação com a participação de 13 apicultores, que em 1998 foram contemplados com projetos do Pronaf pelo Banco do Nordeste, conseguindo comprar novas colmeias. No ano de 2006, assinaram novo projeto junto ao BNB, desta vez foram compradas 1.080 colmeias para 28 associados. O grupo evoluiu e, em 2009, com novos financiamentos, adquiriram 400 melgueiras e 100 colmeias, até que em 2012 conseguiram a aprovação e a liberação de recursos junto ao governo para a ampliação de suas atividades. 

De acordo com o coordenador regional da Emater Paraíba em Itabaiana, Paulo Emílio de Sousa, o apoio da Emater Paraíba foi fundamental para a organização dos apicultores. “Há 30 anos eles conseguiram se organizar em associação com a parceria da Emater. Agora, novamente, foi fundamental o apoio para se obter a construção dos equipamentos que ajudarão os apicultores a conquistarem novos mercados”, destacou. Ele informou que o Selo de Inspeção Federal, que garante a comercialização do mel em todo o país, já se encontra em processo de aprovação. 

O trabalho dos apicultores da região é acompanhado pelo extensionista Manuel Mário, especialista em apicultura desde os primeiros momentos. A apicultura é uma das atividades capazes de causar impactos positivos, tanto sociais quanto econômicos, além de contribuir para a manutenção e preservação dos ecossistemas existentes. A cadeia produtiva da apicultura propicia a geração de inúmeros postos de trabalho, empregos e fluxo de renda, principalmente no ambiente da agricultura familiar, sendo, dessa forma, determinante na melhoria da qualidade de vida e fixação do homem no meio rural. 

Segundo Paulo Emílio, a apicultura é prioridade da Emater no Vale do Paraíba, região com grande potencial que pode se expandir ainda mais com a entrega das casas do mel e do entreposto, que ficam localizados em Salgado de São Félix. “A tendência é crescer ainda mais a produção de mel na região. Novos mercados institucionais serão conquistados”, acredita. “A flora da região é diferenciada, inclusive com atestado de reconhecimento a partir de pesquisa da Universidade Federal da Paraíba, campus de Areia. Sempre estivemos juntos aos apicultores e agora ainda mais para que todos possam avançar com seus projetos”, completou Paulo Emílio. 

O presidente da Associação dos Apicultores de Dois Riachos, Virgílio Félix Alves Filho, que desde os primeiros momentos manteve interesse pela produção de mel, acredita que a tendência é que os novos equipamentos que o Governo do Estado está entregando aos agricultores familiares aumentem a produção e abram as portas para a fundação de uma cooperativa. 

O grupo de apicultores já forneceu ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e se prepara para entrar em outros mercados, principalmente depois de obter o selo de qualidade fornecido pelo Ministério da Agricultura. 

O padre apicultor - Os agricultores familiares de Salgado de São Félix, onde ficam a Associação dos Apicultores, as casas de mel e o entreposto, começaram a se interessar pela apicultura há mais de três décadas, incentivados pela Igreja Católica, quando ali chegaram alguns missionários da Associação Campo de Formação Missionárias de Serra Redonda, criada por Dom José Maria Pires e acompanhada pelo padre José Comblin. 

O padre João Izídio Neto foi um dos missionários que chegaram à cidade com a finalidade de evangelizar e contribuir para a descoberta de potencialidades da região e logo descobriu na apicultura o caminho para a inclusão social das famílias. O apoio de Dom José, que também era apicultor, foi fundamental para os primeiros passos. Em 1992, havia três colmeias e hoje já são 30. “O momento inicial foi muito difícil porque os agricultores não acreditavam nessa atividade”, disse. 

Depois de ordenado padre, passar pela paróquia no município de Gurinhém, foi transferido para Salgado de São Félix. Sem perder o contato com os apicultores da região, ficou mais fácil se integrar ao grupo em 2007, quando ali chegou. 

No início, algumas pessoas questionavam porque o padre trabalhava com a criação de abelhas, mesmo já tendo as atividades pastorais na Igreja. “É uma maneira de estar ao lado dos agricultores e incentivar o seu trabalho, além de garantir uma renda extra”, explicou. “Comecei a tomar gosto pela apicultura quando ainda era missionário. Observava Dom José nessa atividade e, como padre, eu tenho oportunidade de participar ainda mais desse trabalho, além de incentivar e estimular os colegas apicultores”, completou. 

Quando ainda era arcebispo da Paraíba, Dom José foi celebrar uma missa em Salgado de São Félix porque os apicultores tiveram suas colmeias destruídas pelo fogo provocado por moradores que não aceitavam a criação de abelhas, sob alegação de que suas picadas matavam as pessoas e os animais. Na ocasião, ele explicou que as abelhas são inofensivas, não fazem nenhum mal e produzem mel. 

Padre João destacou que o trabalho de assessoramento da Emater Paraíba foi de muita importância para que todos não desistissem da atividade, estando presente desde os primeiros momentos quando o trabalho começou a ser difundido entre os agricultores familiares. “Esse apoio, inclusive, tem possibilitado que apicultores da região participem de feiras e eventos da agricultura familiar na Paraíba e outros Estados”, finalizou.