O Governo se especializou em cortar fitas em inaugurações e as obras se desmanchando !
Duas obras recém inauguradas pelo Governo do Estado não resistiram ao
teste das chuvas que caíram em João Pessoa nos últimos dias. O Estádio
Almeidão e o Espaço Cultural José Lins do Rego apresentaram
infiltrações, alagamentos e falhas de projetos – desmontes flagrados por
cinegrafistas amadores que ganharam as mídias sociais, chegaram a pauta
do noticiário nacional e acabaram por associar ironicamente as obras
made in Paraíba a alcunha que ficou famosa durante a Copa do Mundo de
Futebol: o “padrão Fifa” chegou ao Estado.
Mas o Governo socialista prova, com um sortido leque de deficiências,
que a Fifa paraibana tem seus próprios padrões de qualidade.
Ironias a parte, o Governo do Estado, em sua pressa de entregar as
obras no limite do prazo eleitoral, aparentemente não finalizou (ou o
fez sem os rigores necessários) os projetos de reformas e revitalizações
do Almeidão e do Espaço Cultural.
Detalhe: as obras podem ter custado aos cofres públicos mais de R$ 80 milhões.
Em um dos vídeos que se tornou viral na internet, o autor – Gustavo
Guimarães Lima, superintendente regional da Conab na Paraíba – pilheria:
“Uma bica mostrando o padrão de qualidade (das obras) do Governo do
Estado”.
A cachoeira em epigrafe foi registrada próximo a agência do Banco do
Brasil que funciona dentro do Espaço Cultural. A água, que entra
fartamente, inunda o andar térreo do Espaço.
Em seu Facebook, Guimarães Lima fez adendos ao seu registro:
“Todo mundo comentando sobre o Almeidão, recém inaugurado, ter ficado
alagado ontem no jogo do Belo. Eu não me surpreendo, na semana passada
fiz o filme abaixo no Espaço Cultural, também inaugurado na data limite
das eleições, sendo o seu resultado desastroso! Milhões de reais gastos,
o Governador Ricardo Coutinho nas pressas de inaugurar a obra, que
ainda estava inacabada, sequer vistoriou a obra para entrega a população
e este ê o resultado. Um verdadeiro alagamento dentro do Espaço
Cultural. Só posso recorrer ao velho Chico Buarque para ter esperança:
“Amanhã, vai ser outro dia! Amanhã, vai ser outro dia! Hoje você é quem
manda, falou tá falado, não tem discussão!” 31 de dezembro está chegando
e a Paraíba viverá outro tempo!”
As críticas são pertinentes. O Espaço Cultural parece estar se
desmanchando – apontando de forma inequívoca as fragilidade das
intervenções feitas recentemente.
Mas, esta semana, outro flagrante mostrou que o “padrão Fifa” do
Governo do Estado é ilimitado. No vídeo do Almeidão, que saiu das mídias
sociais e ganhou repercussão nacional através de canais esportivos de
televisão, o vexame é maior: nele, jogadores do Paysandu, do Pará, se
vêem obrigados a cruzar um riacho d’água para terem acesso ao gramado,
onde disputariam contra o Botafogo a sobrevivência na série C do
Brasileirão.
Indignado, o auxiliar técnico do time paraense, João Brigatti,
desabafa: “Infelizmente, jogando dinheiro público no lixo. Ou nesse
riacho fedido. Cade as autoridades? É um descaso”.
A verdade é que, quando o governo do Estado decidiu entregar a
população o Estádio Almeidão, ainda em obras, marcou um verdadeiro gol
contra. E olha que a jogada começou errada desde o convite feito ao
Botafogo do Rio de Janeiro para enfrentar o xará paraibano, numa
tentativa de reedição do jogo que marcou a inauguração oficial do
Estádio em 1975.
Afundado em dívidas, os cariocas abortaram a ida a João Pessoa a
pouco mais de 24 horas da data marcada para a realização do amistoso, o
que frustrou a grande torcida botafoguense na Capital que queria ver de
perto ídolos como Emerson Sheik e Carlos Alberto.
O fiasco também desagradou os alvinegros paraibanos, além, claro, dos
organizadores do amistoso que tiveram que recorrer ao América de Natal,
do Estado vizinho, o Rio Grande do Norte.
Para completar a festa, ou melhor, para estragar a festa, o América
ainda tratou de vencer o Botafogo pelo placar de 1 a zero, frustrando o
público presente que não viu a vitória do Belo e muito menos um Estádio
pronto.
Mais o pior – conforme o vídeo feito pelo cinegrafista amador Maurílio Leite atesta – ainda estava por vir.
Se o governo fez um esforço grande em tentar divulgar uma obra
inacabada que custou mais de 30 milhões, em apenas uma noite tudo foi
por água a baixo, literalmente.
Mais do que inundações, porém, o Almeidão ainda decepciona com seus
equipamentos sanitários já danificados e fiações elétricas expostas.
Para as fontes governamentais escaladas para explicar porque uma obra
milionária, recém entregue, levou a Paraíba de novo à pauta negativa da
mídia nacional, a justificativa foi simplista. Tanto o secretário João
Azevedo, da Suplan, quanto o comandante da pasta de Esportes, Tibério
Limeira, tentaram minimizar os danos no Almeidão.
Uma ação que não resiste aos flagrantes de inundações registradas em
vídeo por paraibanos indignados pelo mau uso dos recursos públicos.
