Este
prédio abrigava a estação ferroviária de Triângulo, em Itabaiana, o
maior entroncamento ferroviário do Nordeste até ser privatizado no
governo de Fernando Henrique Cardoso. Em 1999, a Rede Ferroviária do
Nordeste é encampada por uma empresa ligada à Vale do Rio Doce, que
paulatinamente fechou quase todos os ramais.
“Nossa
memória ferroviária foi irremediavelmente ferida, sem contar com a
degradação econômica e cultural. Todos os trens de passageiro no Brasil
foram extintos, ficando apenas o Trem de Prata que ligava o Rio a São
Paulo, esse também acabou em 1998. O processo de desestatização das
ferrovias foi mais um grande engodo no Governo FHC”, disse Fábio Mozart,
ferroviário aposentado, radiotelegrafista da Estação Triângulo na
década de 1970.
Segundo
sindicalistas ferroviários, a privatização foi desastrosa. As operadoras
não cumpriram as metas de produção, não pagam o arrendamento dos bens
da rede ferroviária, dispensaram centenas de empregados, cerca de 65%
dos antigos funcionários, fecharam ramais e abandonaram o patrimônio
histórico.
Em
Itabaiana, o pátio da ferrovia está completamente abandonado. A
Prefeitura local está tentando assumir as edificações, constantes de um
amplo galpão onde funcionou a oficina de vagões, prédios da estação e
via permanente, além de casas operacionais onde residiam os agentes
chefes.
O
Secretário de Turismo de Ingá, Walter da Luz, disse que a estação
ferroviária da cidade também está abandonada. Em muitas cidades, a
estações foram demolidas, como em Sapé. Outras conseguiram preservar a
memória ferroviária paraibana, com tombamento das estações que
atualmente servem como espaços culturais, a exemplo de Mari onde a
antiga estação é atualmente sede de uma rádio comunitária e ponto de
cultura.
Fontes da
Prefeitura de Itabaiana informam que existe um estudo técnico para
instalar um centro cultural e outros equipamentos públicos no pátio da
antiga estação ferroviária, a definir com setores ligados ao patrimônio
público federal. Tribuna do Vale