A Paraíba vive a ironia dos fatos que desmentem o discurso. Sempre
que o Governo do Estado afirma estar conseguindo reduzir a violência,
mais a violência cresce. São mais de 700 homicídios em menos de seis
meses no Estado. Num dia, policiais são mortos, noutro, bandidos matam
um comerciante dentro de seu próprio estabelecimento, mostrando como a
impunidade leva à banalização da vida.
A banalização que move
criminosos a sequestrar duas mulheres e um bebê. Depois, não satisfeitos
de levar apenas o veículo, também estupram, espancam, passam com o
carro por cima, amarram a criança e jogam aos animais para morrer
também. E ficamos a nos perguntar: quem será a próxima vítima? Pode ser
qualquer um, já não temos mais qualquer segurança de sair de casa e
retornar em paz.
A Paraíba voltou ao noticiário nacional, porque o
Governo tem se revelado incapaz de conter a violência crescente. Um
Governo mentalmente perturbado que, em vez de assumir as próprias
responsabilidades, joga a culpa, ora na mídia, ora na oposição. Um
fenômeno conhecido como transferência, à luz da psicanálise. Quando não
diz, é claro, que a violência no Estado é uma questão psicológica.
Um
Governo que orienta as mulheres fazerem cara feia para assustar os
bandidos, como remédio para conter a violência, ora vejam só. Quem, na
verdade, está assustada com toda essa violência é a população, que seque
literalmente refém da bandidagem. Mas, o Governo não assume suas
responsabilidades. Prefere transferir culpa. Um Governo que prometia
acabar com a violência em seis meses…
Mas, como poderia reduzir a
violência se insiste em enfrentar a bandidagem com um contingente mínimo
de policiais e prefere investir na compra de câmeras, em vez de colocar
o efetivo nas ruas? Governo que remunera mal e mantém permanente
contencioso com a tropa. Um Governo mal-humorado, que reage com rancor à
menor crítica. Um Governo incapaz, sem vocação para a democracia. por Helder Moura