sábado, agosto 15, 2015

é MUITA CARA DE PAU! ... A última cartada DELES

Em café da manhã neste sábado, 15, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou a atuação da presidente Dilma Rousseff, durante a semana, para conter a crise. Lula e Dilma se reuniram no Palácio da Alvorada, na véspera das manifestações contra o governo, marcadas para o domingo, 16, para definir a estratégia de enfrentamento das turbulências no cenário político e econômico.

Na avaliação do ex-presidente, o movimento pela desestabilização do governo começa a arrefecer porque Dilma saiu do gabinete no Palácio do Planalto, defendeu sua gestão e conseguiu mobilizar o Senado, movimentos sociais e até empresários contra o impeachment.

Além disso, o governo ganhou tempo no Tribunal de Contas da União (TCU), que analisa as contas de Dilma de 2014, e obteve vitórias no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Embora a crise não esteja superada, Lula fez uma análise mais otimista do cenário e destacou a importância da parceria com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), na divulgação da "Agenda Brasil", que, no seu diagnóstico, conseguiu desviar o foco da crise ao mirar na reforma administrativa.

Observou, porém, que é preciso uma atenção redobrada à rebelião na Câmara e às notícias negativas vindas do ajuste fiscal e da Operação Lava Jato, que desvendou um esquema de corrupção na Petrobrás. Para Lula, a presidente não deve deixar que a Lava Jato domine a "agenda" do País. Além disso, ele acha que Dilma e a equipe econômica devem bater na tecla do "pós-ajuste", destacando que tudo está sendo feito para retomar o crescimento econômico.

Lula e Dilma definiram uma agenda de viagens a partir da próxima semana. O roteiro começará por cidades do Nordeste. O ex-presidente irá a Pernambuco e ela, ao Rio Grande do Norte. A debandada de eleitores do Nordeste impressiona o governo porque a região sempre foi um celeiro de votos do PT. Lula também irá a Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País, onde o governador Fernando Pimentel (PT) enfrenta dificuldades por causa de uma investigação da Polícia Federal contra ele. (AE)
Para um presidente da República de qualquer país, é enaltecedor poder contar que teve origem humilde. O americano Lyn­don Johnson mostrava a jornalistas um casebre no Texas onde, falsamente, dizia ter nascido. A ideia era forçar um paralelo com a história, verdadeira, de Abraham Lincoln, que ganhou a vida como lenhador no Kentucky. Lula teve origem humilde em Garanhuns, no interior de Pernambuco, e se enalteceu com isso. Como Johnson e Lincoln, Lula veio do povo e nunca mais voltou. É natural que seja assim. Como é natural que ex-presidentes reforcem seu orçamento com dinheiro ganho dando palestras pagas pelo mundo. Fernando Henrique Cardoso faz isso com frequência. O ex-presidente americano Bill Clinton, um campeão da modalidade, ganhou centenas de milhões de dólares desde que deixou a Casa Branca, em 2001. Lula, por seu turno, abriu uma empresa para gerenciar suas palestras, a LILS, iniciais de Luiz Inácio Lula da Silva, que arrecadou em quatro anos 27 milhões de reais. Isso se tornou relevante apenas porque 10 milhões dos 27 milhões arrecadados pela LILS tiveram como origem empresas que estão sendo investigadas por corrupção na Operação Lava-Jato.

Na semana passada, a relação íntima de Lula com uma dessas empresas, a empreiteira Odebrecht, ficou novamente em evidência pela divulgação de um diálogo entre ele e um executivo gravado legalmente por investigadores da Lava-Jato. O alvo do grampo feito em 15 de junho deste ano era Alexandrino Alencar, da Odebrecht, que está preso em Curitiba. Alexandrino e Lula falam ao telefone sobre as repercussões da defesa que o herdeiro e presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, também preso, havia feito das obras no exterior tocadas com dinheiro do BNDES. Os investigadores da Polícia Federal reproduzem os diálogos e anotam que o interesse deles está em constituir mais uma evidência da "considerável relação" de Alexandrino com o Instituto Lula.

Fora do contexto da Lava-Jato, esse diálogo não teria nenhuma relevância especial. Como também não teria a movimentação financeira da LILS. De abril de 2011 até maio deste ano, a empresa de palestras de Lula, entre créditos e débitos, teve uma movimentação de 52 milhões de reais. Na conta-corrente que começa com o número 13 (referência ao número do PT), a empresa recebeu 27 milhões, provenientes de companhias de diferentes ramos de atividade. Encabeçam a lista a Odebrecht, a Andrade Gutierrez, a OAS e a Camargo Corrêa, todas elas empreiteiras investigadas por participação no esquema de corrupção da Petrobras. Essas transações foram compiladas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda. O Coaf trabalha com informações do sistema financeiro e seus técnicos conseguem identificar movimentações bancárias atípicas, entre elas saques e depósitos vultosos que podem vir a ser do interesse dos órgãos de investigação. Neste ano, os analistas do Coaf fizeram cerca de 2 300 relatórios que foram encaminhados à Polícia Federal, à Receita Federal e ao Ministério Público. O relatório sobre a LILS classifica a movimentação financeira da empresa de Lula como incompatível com o faturamento. Os analistas afirmam no documento que "aproximadamente 30%" dos valores recebidos pela empresa de palestras do ex-presidente foram provenientes das empreiteiras envolvidas no escândalo do petrolão.

O documento, ao qual VEJA teve acesso, está em poder dos investigadores da Operação Lava-Jato. Da mesma forma que a conversa do ex-presidente com Alexandrino Alencar foi parar em um grampo da Polícia Federal, as movimentações bancárias da LILS entraram no radar das autoridades porque parte dos créditos teve origem em empresas investigadas por corrupção. Diz o relatório do Coaf: "Dos créditos recebidos na citada conta, R$ 9  851 582,93 foram depositados por empreiteiras envolvidas no esquema criminoso investigado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava-­Jato". Seis das maiores empreiteiras do petrolão aparecem como depositantes na conta da empresa de Lula 

O ex-presidente tem uma longa folha de serviços prestados às empreiteiras que agora aparecem como contratantes de seus serviços privados. Com a Odebrecht e a Camargo Corrêa, por exemplo, ele viajava pela América Latina e pela África em busca de novas frentes de negócios junto aos governos locais. Outro ponto em comum que sobressai da lista de pagadores da empresa do petista é o fato de que muitas das empresas que recorreram a seus serviços foram aquinhoadas durante seu governo com contratos e financiamentos concedidos por bancos públicos. Uma delas, o estaleiro Quip, pagou a Lula 378 209 reais por uma "palestra motivacional". Criada com o objetivo de construir plataformas de petróleo para a Petrobras, a empresa nasceu de uma sociedade entre Queiroz Galvão, UTC, Iesa e Camargo Corrêa - todas elas investigadas na Lava-­Jato. No poder, Lula foi o principal patrocinador do projeto, que recebeu incentivos do governo. Em maio de 2013, ele falou para 5 000 operários durante 29 minutos. Ganhou 13 000 reais por minuto