segunda-feira, setembro 14, 2015

Cassação de Cássio vira munição contra Ricardo.

Pau que dá em Chico, dá em Francisco. É com essa lógica que os advogados da coligação A Vontade do Povo, do senador Cássio Cunha Lima (PSDB), têm se movido na tentativa de cassar o mandato do governador reeleito Ricardo Coutinho (PSB). Para isso, têm “bebido na fonte” dos argumentos que cassaram o tucano, em 2007, no escândalo que ficou conhecido como Caso FAC. Os termos usados para incriminar Cássio agora servem de ingrediente para a ação contra Ricardo que trata sobre pro- gramas de incentivos fiscais. A defesa do governador, por outro lado, recorre a programas sociais dos antecessores, inclusive Cássio, para afirmar a legalidade das ações contestadas. 

As partes envolvidas no pro- cesso já apresentaram as alegações finais. A ação poderá ser julgada ainda neste mês no Tri- Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O Caso FAC, alegam os advoga- dos, beneficiou 35 mil eleitores no pleito de 2006, com um investimento de R$ 3,5 milhões. “Ora, se este tribunal cassou e entendeu por astronômico esses números, o que dizer somente um dos benefícios aqui questionados de mais de 36 mil beneficiados em 2014, abrangendo o montante de mais de R$ 32 milhões”, diz o PSDB nas alegações finais. 

Pelo menos três programas são alvo de uma ação proposta pelo PSDB e que já está madura para julgamento. As partes apresentaram as alegações finais e o processo depende agora do relator para entrar em pauta. “Os autos descortinam um conjunto de medidas oportunistas adotadas em um ano eleitoral. Não se pode dizer que o pleito de 2014 foi jogado de forma igualitária”, alegam os tucanos. O PSDB sustenta que com- parado com o Caso FAC, os fatos são bem mais graves. Para o partido, ficou patente a utilização da máquina pública em prol da reeleição do governador Ricardo Coutinho, sobretudo no que diz respeito à concessão de benefícios na forma de renúncias de receitas em pleno ano eleitoral. “Parte desse pacote de benesses se deu mediante a remissão de IPVA e taxas, no importe de R$ 32 milhões”. 

A segunda medida questionada pelos adversários do governador Ricardo Coutinho é a que trata da renúncia fiscal de créditos tributários relativos ao ICMS, implementada em pleno ano eleitoral. O alvo é a Medida Provisória 225, publicada em 29 de abril de 2014. O programa Gol de Placa é também objeto da ação que pede a cassação de Ricardo Coutinho. A acusação é de que após as alterações feitas na lei, poucos meses antes do pleito, o referido programa passou a ser empregado como meio de distribuição de bens, mediante entrega de ingressos de forma gratuita para torcedores de futebol. No total, teriam sido beneficiados 184,6 mil eleitores. 

A conclusão a que chegam os autores da ação é de que a máquina do Estado foi posta em favor da candidatura, já que, segundo eles, foi realizada em pleno ano eleitoral, uma verdadeira distribuição de dinheiro público, às avessas, mediante a renúncia de créditos tributários. “Esta Aije, em particular, revelou a utilização abusiva de mecanismo de captação de sufrágios mediante a concessão de benefícios fiscais”. O pedido é para que seja cassado o diploma e o mandato do governador Ricardo e da vice Lígia Feliciano.