Sem educação e atendimento à
saúde nas instituições federais...
A greve dos servidores da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), entre professores
e técnicos-administrativos, e a
paralisação dos funcionários do
Hospital Universitário da instituição deixaram a universidade
vazia e têm causado transtornos aos estudantes e pacientes
da unidade de saúde. O movimento grevista na instituição
já ultrapassa os três meses e
parece estar longe de terminar.
Concluinte do curso de Letras da UFPB, Kaline Câmara já
sente os efeitos da paralisação.
Além de encontrar a biblioteca
e demais setores de atendimento aos estudantes da instituição
fechados, a estudante teve a
apresentação da monografia
adiada e corre o risco de perder
um contrato de trabalho.
Também estudante de Letras, Júlia Caroline disse que
enfrentou dificuldades para
conseguir uma ajuda de custo
na Reitoria da UFPB para participar de um congresso acadêmico. “Participo de um projeto
de extensão e tem uma verba
destinada para todos os estagiários participarem de congressos
fora do Estado. Mas com a greve
nem todo mundo conseguiu”,
disse a estudante.
Ainda no Campus da UFPB
em João Pessoa, muitos alunos
que vêm de outras cidades e
até de fora do Estado para mo-
rar na Residência Universitária
retornaram para casa, segundo
os funcionários do local. Próximo aos apartamentos está
localizado o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW),
cuja greve foi iniciada no dia 7
de julho. Com a paralisação dos
servidores no hospital, mais
de 45 mil atendimentos, entre
consultas, exames e cirurgias,
não estão sendo realizados. As
amigas Lourdes Correia e Teresa Ferreira moram no bairro
do Padre Zé, na capital, e esperaram cerca de três meses por
uma consulta com médico.
IFPB: Universidade vai parar de vez... Os cortes promovidos pelo
governo federal ameaçam o
ensino na Paraíba. Reunidos ontem em assembleias, os servidores técnico-administrativos e os
professores da UFPB decidiram
manter a greve, assim como os
professores da Universidade
Federal de Campina Grande
(UFCG). Com um corte de R$26
milhões no orçamento, a situação financeira da instituição de
ensino é crítica, com recursos
para pagar as contas somente
até o próximo mês. O reitor da
UFCG, Edilson Amorim, disse
que, caso não haja a reversão
dos cortes e suplementação orçamentária de pelo menos R$
12 milhões, não será possível
pagar as contas de custeio de
novembro e dezembro.
Na UFPB, os grevistas avaliaram a paralisação e discutiram
o posicionamento do governo
federal em relação à cobrança
de melhorias salariais para as
duas categorias. O coordena-
dor do comando local de greve
do Sindicato dos Docentes da
UFPB, Marcelo Sitcovsky, informou que até o próximo dia 23
haverá, em todo o país, mobilizações referentes à greve. No
IFPB, os servidores reivindicam
isonomia de benefícios, uma
data-base e reajuste linear de
27,3% para 2016.
A crise econômica na PARAÍBA...
Driblar os efeitos da crise
econômica está cada dia mais
difícil para os paraibanos. Não
adianta apenas reduzir custos
para arcar com a elevação tributária proposta pelo governo
do Estado. Serviços considera-
dos cotidianos estão comprometidos na Paraíba por conta
da crise, o que acarreta dificuldades na hora de conseguir
atendimento médico, emitir
documentos e até mesmo receber correspondências.
A política econômica do
Planalto afetou sobretudo o
ensino federal. Na Paraíba,
cerca de 63 mil alunos estão
sem aula por conta das graves nas instituições de ensino.
Com dinheiro em caixa para
pagar apenas as despesas de
outubro, na Universidade Federal de Campina Grande a
situação é crítica. As atividades estão paralisadas há mais
de 80 dias e não há qualquer
sinalização para que a greve
chegue ao fim. A mesma situação se repete na UFPB, que
sofreu um corte de 30% no
orçamento, e no Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Paraíba (IFPB).
Quem procura os serviços
do INSS também sente na pele
os efeitos da crise. Os servidores do órgão cruzam os braços
desde o dia 13 de julho, o que
afeta o atendimento das 39
agências localizadas na Paraíba. Para iniciar processos de
aposentadoria, por exemplo,
os paraibanos retornam todos
os dias para casa frustrados, já
que os grevistas mantêm apenas perícia e emergências.
A emissão de carteiras de
trabalho, solicitação de registro profissional e pedidos de
seguro-desemprego também
estão suspensos no Estado
em virtude da greve dos servidores da Superintendência
Regional do Trabalho e Em-
prego. Os transtornos decorrentes da crise não param
por aí. Quatro toneladas de
correspondências estão para-
das com a greve dos Correios.
Contas atrasadas e encomendas encalhadas serão mais um
problema a ser administrado
pelos paraibanos.
O comércio foi afetado
com queda nas vendas e
apresentou a segunda maior
retração do país. Por aqui, o
índice de desemprego também atingiu índices alarmantes, com perda de 2.620 postos
de trabalho no mês de julho, o
pior resultado para o mês dos
últimos 12 anos na Paraíba. A
crise incidiu ainda sobre a cesta básica em João Pessoa, que
aumentou 13% e já é a quarta
mais cara do país.
Os ajustes feitos pelo governo federal são criticados
até mesmo pela Central Única dos Trabalhadores (CUT),
entidade que defende a gestão petista. O presidente da
entidade, Vagner Freitas, endureceu o discurso contra as
medidas econômicas, o que
classificou como “lamentáveis” e “recessivas”, por imputar a culpa da crise aos trabalhadores. Mesmo indo às ruas
para defender o governo de
Dilma Rousseff, a CUT não
poupa críticas ao ministro da
Fazenda, Joaquim Levy.
UFPB
112
dias de greve
UFCG
83
dias de greve
IFPB 86
dias de greve
HU 112
dias de greve
INSS
66
dias de greve
MTE 66
dias de greve
Correios 2
dias de greve
MEDIDAS DO GOVERNO DO ESTADO
Economia de
R$25,6 mi
com reforma administrativa
Elevação da alíquota do ICMS, IPVA e ITCD
Pedidos de empréstimos no valor de
R$1,7 bilhão
Realização de mutirão
fiscal.
Remanejamento no orçamento
OS EFEITOS NA PARAÍBA
Corte de R$40 milhões na Segurança Pública
Aumento de R$289 mi na arrecadação com elevação do ICM
S
R$218 milhões não entraram nos cofres do Estado
35 prefeituras tiveram as contas zeradas pelo INSS
Corte de R$26 milhões no orçamento da UFCG
Greve nas Universidades Federais, IFPB, INSS, Correios, Super
Corte de 30% no orçamento da UFPB
2.620 demissões no mês de julho