sexta-feira, outubro 02, 2015

Tragédia... anunciada. Mãe e filha são mortas a facadas.

Um crime premeditado, motivado por ciúmes, e que chocou parentes e amigos das vítimas ocorreu na manhã de ontem, no bairro do Grotão, em João Pessoa. Cláudia Bernardino dos Santos, de 44 anos, e a filha mais nova, Vitória Querem Oliveira Sousa, 15, foram mortas a facadas dentro de casa. Segundo informações policiais, o principal suspeito é o companheiro de Cláudia e padrasto de Vitória, o auxiliar de serviços gerais Juvanildo Marcolino dos Santos, de 49 anos. Ele teria ligado para a filha legítima confessando o crime, que teria sido motivado pelo ciúme excessivo que ele sentia pela adolescente. Com base nas primeiras informações, a polícia trabalha com hipótese de crime passional. 

Na frente da casa em que antes morava um casal religioso e que tinha uma convivência harmoniosa conforme vizinhos, o cenário era de lágrimas e revolta de parentes e amigos das vítimas. O acesso à casa de Cláudia e Juvanildo foi impedido pela polícia. Lá dentro, conforme a delegada que atendeu ao caso, Adriana Guedes, percebia- -se uma cena que ela definiu como “desoladora” e que há algumas horas tinha presencia- do uma luta corporal, uma luta pela vida. No chão de toda a casa, muito sangue e quatro facas de cozinha ensanguentadas delineavam como o crime teria acontecido. As duas receberam pelo menos dez golpes de faca espalhados pelo rosto, pescoço e tórax, morrendo no quarto da menina. 

Uma semana antes do crime, Juvanildo foi à casa da sua irmã, onde pegou todos os documentos que ainda estavam na casa dela. No dia do crime, era por volta das 18h quando Juvanildo foi à casa de sua filha mais velha, que está grávida de oito meses, deixar um cartão de crédito. Por volta da meia-noite ele teria ligado para essa mesma filha informando que tinha dinheiro no banco e que ela podia usar como quisesse. Uma hora depois, a ligação teve um teor diferente: Juvanildo teria confessado que matou Cláudia e Vitória. Depois disso, ele desapareceu. 

De acordo com uma das vizinhas das vítimas, Josilene Almeida, por volta da 1h foram ouvidos gritos, mas esses pareciam vir da rua, não da casa de ninguém. “Eu ouvi barulho de portão. Alguém abriu a porta e foi até o portão. Pensei que tinha sido o 'irmão Dinho' (como o suspeito era conhecido) porque só tinha ele de homem em casa e eu nem coloco minha cara para fora de casa quando tem essas coisas. Quando foi de manhã, soube da notícia. Eu fiquei e ainda estou espantada. Os dois eram da igreja, viviam bem, ele era um bom pai de família, mas tinha ciúme da me- nina, e a mãe não gostava que ele se metesse na vida da filha”, revelou. 

Conforme a delegada que atendeu ao caso, Adriana Guedes, esse ciúme a respeito do qual a vizinha comentou chega- va a ser doentio. “Segundo informações, ele perseguia a enteada porque tinha intenção na me- nina. Todos diziam que ele era muito ignorante com a mulher e perseguia a menina por conta desse interesse. A mãe, descontente, estaria inclusive com vontade de se separar”, comentou a delegada, que ainda detalhou que a polícia ainda não tem informações sobre o paradeiro do suspeito. “Soubemos de um possível sítio em Santa Rita e estamos averiguando”, afirmou.

POR CAUSA DO PADRASTO, GAROTA FOI MORAR COM TIA... 
O delegado Reinaldo Nó- brega, que assumiu o caso, informou que Juvanildo Marcolino nutria uma paixão não correspondida por Vitória e, por perceber isso, a menina teria se mudado para a casa de uma tia, onde ficou até a noite da última quarta-feira. “Ela foi para casa dormir com a mãe, então o acusado, como não a tinha ao seu lado, resolveu matá-la. Ao escutar o grito, a mãe foi para o quarto da filha e também foi morta. Ele premeditou. Sabia bem o que pretendia fazer”, comentou, revelando que, além de ir a possíveis locais onde ele possa estar e colher depoimentos de conhecidos, a polícia também foi à rodoviária para ver se ele tomou algum destino pelo local, mas, até o fechamento desta edição, ainda não tinha informações sobre seu paradeiro. LEI MARIA DA PENHA Conforme a cunhada de Cláudia, uma das vítimas, Cleide Monteiro, Juvanildo era considerado alguém calmo pela maioria das pessoas que o conheciam, mas pessoas mais próximas sabiam que ele não era bem assim. “Eles brigavam e Cláudia tinha medo porque ele respondia a processo por Maria da Penha, porque ele já tinha tentado matar a ex-mulher, agrediu ela parece. Separou e faz 10 anos que vivia com ela e agora acontece uma coisa dessas. Foi uma barbaridade”,

2 perguntas 
Para Kailane Raquel de Oliveira, filha mais velha de Cláudia 

JP: Como você ficou sabendo do crime? 
Eu vim deixar meu filho na escola, mas antes passei na casa da minha mãe. Bati na porta, mas ninguém atendeu, então fui deixar ele e voltei pra casa. Depois disso, veio o marido da filha de Juvanildo me dizer que ele tinha ligado dizendo que tinha matado minha mãe e minha irmã. Eu saí e fui à igreja para ver se elas estavam lá, mas não estavam. Então eu corri para a casa da minha mãe com ele. Chegando lá, quebrei o vidro da porta, minha avó mandou eu não fazer isso, mas eu vi sangue na sala. Pedi para ele arrombar a porta. Entramos e as portas dos quartos estavam fechadas. Então arrombamos o da minha mãe e eu vi o sangue. Quando arrombei o da minha irmã, vi os corpos das duas. Mexi em Vitória e pedi para ela falar comigo, ela não falou. Minha mãe já estava gelada. 

JP: A convivência deles era boa, segundo vizinhos. 
Isso é verdade? Ele tinha mesmo interesse na sua irmã? Eles viviam brigando, mas ela era da igreja e até as brigas eram em silêncio. Minha mãe já tinha feito as malas dele, mas ele não ia embora. Essa semana mesmo cheguei e eles estavam brigando. O negócio dele era Vitória, ele era doente por ela. Ele acabou com a minha vida. Eu quero justiça!