Os poderes Executivo e
Legislativo, na Paraíba, têm
seguido em sentidos opostos
quando o assunto é o uso do
dinheiro público em meio à
crise econômica. Enquanto
o governo iniciou o ano fundindo secretarias e demitindo
comissionados para fechar as
contas, na Assembleia Legislativa os debates têm girado em
torno da criação do Tribunal de
Contas dos Municípios (TCM),
com custo anual de R$ 90 milhões, e de uma nova sede para
o Legislativo, custo total ainda
não definido, mas para o qual
o presidente da Casa, Adriano
Galdino (PSB), diz ter R$ 15 milhões para começar.
O tema elevação dos gastos não chega a causar polêmica entre os deputados, seja
de oposição ou governistas.
Adriano Galdino viajou a Fortaleza, na semana passada,
para conhecer as experiências
do TCM do Ceará. Foi acompanhado dos deputados Hervázio
Bezerra (PSB), Buba Germano
(PSB), Genival Matias (PTdoB),
Gervásio Maia (PMDB) e Lindolfo Pires (DEM), licenciado
do mandato para ocupar a Secretaria de Representação Institucional em Brasília. Mesmo
barrada na viagem, a oposição
não rejeita o TCM.
O líder da oposição, Renato Gadelha (PSC), se mostra
cauteloso. Não acha negativo
se o suposto projeto que viria
do governo do Estado indicar a
divisão do orçamento atual do
Tribunal de Contas do Estado
(TCE), hoje de R$ 120 milhões.
Na Assembleia Legislativa sobram deputados em busca de
votos para se tornar conselheiro da nova corte, caso o governador Ricardo Coutinho (PSB)
decida encampar o projeto.
Abordado sobre o assunto, nes-
ta semana, o socialista lavou as
mãos dizendo que a discussão
é da Assembleia Na última
quinta-feira, ao falar sobre o
prédio cedido pelo governo do
Estado, na avenida Epitácio
Pessoa, onde antes funcionava
o Paraiban, Adriano Galdino
prometeu concluir a reforma
no segundo semestre do próximo ano. “A Casa tem em caixa
R$ 15 milhões para investir na
nova sede. Duas arquitetas já
estão trabalhando no projeto.
Vamos fazer licitação até janeiro”, disse.
SECA
Ao mesmo tempo em que
milhares de paraibanos convivem com os efeitos da maior
crise hídrica dos últimos 60
anos, por causa da estiagem,
os deputados estaduais se movimentam para gerar um gasto
superior a R$ 105 milhões, contabilizando TCM e nova sede
do Poder. A despesa representa
quase 30% dos R$ 320 milhões
que o governo tem cobrado do
governo federal para dar andamento a obras e executar novos
projetos para amenizar os efeitos da seca. Sobre o tema, até
agora, a Assembleia só criou a
Frente Parlamentar da Água.