sábado, novembro 28, 2015

Eleitor explorador pede de tudo.

Eles pedem qualquer coisa a qualquer um parlamentar ou funcionário do Governo. Eles monitoram os passos dos deputados e vereadores. São aposentados por invalidez, desempregados, líderes comunitários,  e até mesmo funcionários públicos. Alguns parlamentares tentam se esquivar, mas não escapam. Quando dão de cara e não têm como evitar o pedinte, os deputados disparam frases prontas, de efeito: “Fale com o chefe de gabinete”; “Me procure depois”; “Estou sem a carteira”; “Não tenho dinheiro agora”; “Não tenho trocado”. Mas os pedintes são insistentes: “Estou morrendo e fome”; “Preciso comprar remédio para meu filho que tá doente”; “Me dê pelo menos o dinheiro da passagem para eu ir para casa”. Quando nada conseguem e se afastam da presença do parlamentar, dizem: “Essa praga ainda vai precisar da gente” e saem reclamando. Um assessor parlamentar da Assembleia reencontrou, semana passada, um homem cego que passou 10 anos circulando nos gabinetes, na companhia de um menino, pedindo ajuda para fazer um transplante de córnea. No início, deputados e funcionários ajudavam com alguns trocados. Depois, perceberam que era apenas enrolação. Os anos se passaram e o home cego voltou a frequentar a Assembleia acompanhado do ex-menino, que hoje é adulto. Só que outro menino acompanha os dois. “Talvez seja o menor aprendiz de guia de cedo”, comentou o assessor parlamentar em tom de brincadeira”.

Frases de efeito para despachar... 
Da mesma forma que os deputados têm frases de efeito para dispensar os eleitores chatos, os chefes de gabinete e assessores parlamentares são preparados para despachar os pidões: “Só quem resolve esse assunto é o deputado”; “Ele não está agora”; “Venha depois”; “Você é de onde?”; “O deputado viajou”; “Ele não dá esse tipo de ajuda”; “Quem mandou você vir aqui?”; “Procure a Casa Civil no Palácio”. Dentre os muitos pedintes Frases de efeito para despachar Dinheiro para comprar Bíblia Os eleitores pedintes aumentam de quantidade no fi m do ano por causa do sentimento natalino de fraternidade. Adelson Barbosa dos Santos que frequentam a Assembleia Legislativa em busca de benefícios pessoais, há aqueles que não conhecem os deputados e trocam os nomes. Doda de Tião acaba sendo confundido com Tião Gomes. O nome de Nabor Wanderley acaba sendo trocado pelo de Dinaldo Wanderley. Trocam o nome de Gervásio Maia pelo de Anísio Maia. Alguns eleitores exploradores chegam aos gabinetes mentindo na maior cara de pau. Dizem que estão com Aids ou câncer. Que a mãe está desenganada. Que o pai morreu e que a família está precisando de ajuda para comprar o caixão. Pedem R$ 2,00 e R $3,00. Pedem passagem de ônibus para o interior. “O negócio deles é pedir”, disse uma chefe de gabinete. Quando alguém pede no gabinete de um deputado ajuda fi nanceira para tratamento de saúde, recebe a seguinte resposta: “Procure a Secretaria de Saúde do Estado ou a de João Pessoa”; “Quem dá esse tipo de ajuda é a Casa Civil do Governo ou a Prefeitura”; “Procure a Secretaria de Assistência Social da Prefeitura”

Dinheiro para comprar Bíblia... 
Todos os dias, os gabinetes são “invadidos de pedintes. Pedem gás, fraldas para o pai, leite para o filho. Um homem pede dinheiro para comprar uma Bíblia. “Mandei que ele foi para a Igreja de São Judas Tadeu. Ele disse que é evangélico. Eu disse que a Bíblia é a mesma e que ele então procurasse a Igreja Universal, ou a Batista. Como não conseguiu arrancar nada, foi embora chateado”, disse um chefe de gabinete. Ele acrescentou que pessoa que pede dinheiro para comprar a Bíblia entra nos gabinetes com um pedaço de papel, onde se pode lê: “Ajuda para comprar uma Bíblia”. O Palácio da Redenção também é alvo dos pedintes. “Quando chegam pedindo, mandamos procurar a Assembleia Legislativa ou a Câmara Municipal e sugerimos que voltem na semana ou no mês seguinte”.