Eles pedem qualquer coisa
a qualquer um parlamentar
ou funcionário do Governo.
Eles monitoram os passos
dos deputados e vereadores.
São aposentados por
invalidez, desempregados,
líderes comunitários, e até mesmo funcionários
públicos. Alguns
parlamentares tentam se
esquivar, mas não escapam.
Quando dão de cara e não
têm como evitar o pedinte,
os deputados disparam frases
prontas, de efeito: “Fale
com o chefe de gabinete”;
“Me procure depois”; “Estou
sem a carteira”; “Não tenho
dinheiro agora”; “Não tenho
trocado”.
Mas os pedintes são insistentes:
“Estou morrendo e
fome”; “Preciso comprar remédio
para meu filho que tá
doente”; “Me dê pelo menos o dinheiro da passagem para
eu ir para casa”.
Quando nada conseguem
e se afastam da presença do
parlamentar, dizem: “Essa
praga ainda vai precisar da
gente” e saem reclamando.
Um assessor parlamentar
da Assembleia reencontrou,
semana passada, um homem
cego que passou 10 anos circulando
nos gabinetes, na
companhia de um menino,
pedindo ajuda para fazer um
transplante de córnea.
No início, deputados e
funcionários ajudavam com
alguns trocados. Depois,
perceberam que era apenas
enrolação. Os anos se passaram
e o home cego voltou
a frequentar a Assembleia
acompanhado do ex-menino,
que hoje é adulto.
Só que outro menino acompanha
os dois. “Talvez seja o
menor aprendiz de guia de
cedo”, comentou o assessor
parlamentar em tom de brincadeira”.
Frases de efeito para despachar...
Da mesma forma que os
deputados têm frases de
efeito para dispensar os
eleitores chatos, os chefes
de gabinete e assessores
parlamentares são preparados
para despachar os
pidões: “Só quem resolve
esse assunto é o deputado”;
“Ele não está agora”;
“Venha depois”; “Você é de
onde?”; “O deputado viajou”;
“Ele não dá esse tipo
de ajuda”; “Quem mandou
você vir aqui?”; “Procure a
Casa Civil no Palácio”.
Dentre os muitos pedintes
Frases de efeito para despachar
Dinheiro para comprar Bíblia
Os eleitores pedintes
aumentam de
quantidade no fi m
do ano por causa do
sentimento natalino de
fraternidade.
Adelson Barbosa dos Santos
que frequentam a Assembleia
Legislativa em busca
de benefícios pessoais, há
aqueles que não conhecem
os deputados e trocam os
nomes. Doda de Tião acaba
sendo confundido com Tião
Gomes.
O nome de Nabor Wanderley
acaba sendo trocado
pelo de Dinaldo Wanderley.
Trocam o nome de Gervásio
Maia pelo de Anísio Maia.
Alguns eleitores exploradores
chegam aos gabinetes
mentindo na maior cara de
pau. Dizem que estão com Aids ou câncer. Que a mãe
está desenganada. Que o pai
morreu e que a família está
precisando de ajuda para
comprar o caixão. Pedem
R$ 2,00 e R $3,00. Pedem
passagem de ônibus para o
interior. “O negócio deles é
pedir”, disse uma chefe de
gabinete.
Quando alguém pede no
gabinete de um deputado
ajuda fi nanceira para tratamento
de saúde, recebe a seguinte
resposta: “Procure a
Secretaria de Saúde do Estado
ou a de João Pessoa”;
“Quem dá esse tipo de ajuda
é a Casa Civil do Governo
ou a Prefeitura”; “Procure a
Secretaria de Assistência
Social da Prefeitura”
Dinheiro para comprar Bíblia...
Todos os dias, os gabinetes
são “invadidos de pedintes.
Pedem gás, fraldas
para o pai, leite para o filho.
Um homem pede dinheiro
para comprar uma Bíblia.
“Mandei que ele foi para a
Igreja de São Judas Tadeu.
Ele disse que é evangélico.
Eu disse que a Bíblia é a
mesma e que ele então procurasse
a Igreja Universal,
ou a Batista. Como não conseguiu
arrancar nada, foi
embora chateado”, disse
um chefe de gabinete.
Ele acrescentou que pessoa
que pede dinheiro para
comprar a Bíblia entra nos
gabinetes com um pedaço
de papel, onde se pode lê:
“Ajuda para comprar uma
Bíblia”.
O Palácio da Redenção
também é alvo dos
pedintes. “Quando chegam
pedindo, mandamos
procurar a Assembleia
Legislativa ou a Câmara
Municipal e sugerimos
que voltem na semana ou
no mês seguinte”.