Há muitos resultados falso-positivos,
que levam a biópsias
desnecessárias, argumenta a
Sociedade Brasileira de Medicina
Familiar e Comunidade.
Apesar disto, a entidade defende
o cuidado com a saúde
e orienta que é preciso ter
acompanhamento médico. LEIA MAIS...
Médicos não se entendem.
Em pleno Novembro Azul, sociedade de medicina desaconselha homens saudáveis a fazer exames de próstata... Fazer ou não o rastreamento
para câncer de próstata?
Eis a questão, e nem
os médicos se entendem
quanto à real necessidade. A
Sociedade Brasileira de Medicina
de Família e Comunidade
(SBMFC) é contra,
apesar de defender o cuidado
com a saúde e orientar que é
preciso ter acompanhamento
médico. O argumento é a
alta frequência de resultados
falso-positivos, que levam a
biópsias desnecessárias, capazes
de comprometer a saúde.
A Sociedade Brasileira
de Urologia – secção Paraíba
admite que o processo ainda
é controverso, mas que é uma
irresponsabilidade dizer que
não precisa rastrear.
Antônio Augusto Dall’Agnol
Modesto, médico de
Famí l ia e Comunidade,
membro da SBMFC, publicou
uma nota na página da
SBMFC sobre o assunto. Ele
explicou que as recomendações
a respeito do não rastreamento
são fruto de ensaios
clínicos realizados nos Estados
Unidos e em sete países
da Europa (Suécia, Bélgica,
Holanda, Itália, Finlândia,
Espanha e Suíça). Não há
pesquisas nacionais.
A comparação dos resultados
apontou que o
rastreamento não afeta a
mortalidade geral ou específi
ca por câncer de próstata.
“Isso que dizer que homens
que se submetem a toque e
PSA morrem com a mesma
idade que homens que não
se submetem, e não morrem
menos de câncer de próstata.
Homens saudáveis, sem sintomas,
não precisam fazer
rastreamento”, reforçou.
A afirmação é feita em plena
campanha do Novembro
Azul, quando os homens -
principalmente os que têm
mais de 50 anos - são bombardeados
por informações
e conselhos para que se submetam
ao teste de PSA e ao
exame de toque, mesmo que
não tenham sintomas de
câncer.
Avaliando risco e benefício.
Os riscos para homens
que fazem o rastreamento
e se submetem à biópsia
prostática são febre, sangramento,
retenção urinária
e dor. Além disso, há o
impacto psicológico de um
resultado falso-positivo
que o médico de Família,
Antônio Augusto Dall’Agnol
Modesto, afirma ser
frequente em rastreamentos
de qualquer tipo.
Há ainda as sequelas do
tratamento, já que boa parte
dos homens operados fica
com incontinência urinária
ou disfunção erétil (impotência
sexual)
............
“Vão mudar de opinião”
O rastreamento do câncer
de próstata é um pouco controverso,
porque na medida
em que rastreia uma doença
que é muito prevalente,
acaba diagnosticando cânceres
que não precisariam
de tratamento. Mas para
saber se é de baixo ou alto
risco tem que rastrear e,
se necessário, fazer biópsia,
conforme o presidente
da Sociedade Brasileira de
Urologia – secção Paraíba,
Leonardo Andrade
“Não atingimos um meio de
rastreamento ideal. Os testes
genéticos que virão nos próximos
anos dirão os pacientes
que terão risco de morrer de
câncer de próstata. No futuro
isso será aprimorado, mas
seria de uma irresponsabilidade
dizer que não precisa
rastrear”, afi rmou.
Estudos provaram, de
acordo com ele, que o advento
do PSA contribuiu para
reduzir a mortalidade e
também dos casos de câncer
de próstata diagnosticados
como metástase. Sem metástase,
a chance de cura é
superior a 90%.
Ele disse ainda que um
estudo com dez anos de
acompanhamento não tem
valor para câncer de próstata,
já que a doença tem
crescimento lento e mata
entre oito e 15 anos. Portanto,
segundo o urologista, seriam
necessários 20 anos de
estudo. “Mais adiante, vão
mudar de opinião”, completou.
A nota publicada está
sendo analisada pela Sociedade
Brasileira de Urologia.