A terceira etapa da Operação Andaime resultou na prisão
do primeiro dos 83 prefeitos investigados por suposto envolvimento em esquema de fraudes
em licitações em municípios
paraibanos. A ação da força- tarefa integrada por Ministério
Público Federal, Ministério Público Estadual (Gaeco), Polícia
Federal, Controladoria-Geral da
União e Polícia Militar, resultou
na prisão preventiva, da
prefeita de Monte Horebe, no
Alto Sertão paraibano, Cláudia
Dias (PSB).
A socialista é acusada de
participação no esquema de
fraude em licitações de obras e
serviços de engenharia e desvio
de recursos públicos. Somadas
todas as operações abarcadas
pela força-tarefa (Andaime, Papel Timbrado e Monte Sinai), o
dinheiro desviado nas 83 pre-
feituras pode chegar a R$ 200
milhões, segundo projeção do
Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado
(Gaeco), do Ministério Público
Estadual.
A operação Andaime III foi
deflagrada nas primeiras horas
da manhã de ontem. Além de
Monte Horebe, a força-tarefa
também cumpriu sete man-
dados de prisão preventiva,
cinco conduções coercitivas -
quando o suspeito é obrigado
a prestar depoimento -, bem
como 27 mandados de busca
e apreensão nos municípios de
Cajazeiras, Bonito de Santa Fé e
Uiraúna.
Os mandados foram
apresentados no início de dezembro do ano passado e expedidos na quinta-feira da semana
passada pelo desembargador
Carlos Beltrão, do Tribunal de
Justiça da Paraíba.
Cláudia Dias foi presa e
transferida ontem mesmo para
o 6º Batalhão de Bombeiro
Militar, em Sousa, e chegou a
passar mal durante a aborda-
gem policial. A Câmara Municipal de Monte Horebe deve
transmitir o cargo de prefeito
ao vice-prefeito do município,
Luciano Pessoa Saraiva. “É a
primeira vez que a operação
chega perante a um gestor para
responsabilizá-lo, que era uma
cobrança grande, e agora vamos
adotar as medidas em relação a
eles”, destacou o procurador da
República Tiago Misael.
O marido da prefeita, Fábio
Barreto Ferreira, e outros quatro
presos, vão aguardar decisão
judicial no Presídio Regional de
Cajazeiras. Dentre eles está o
empresário Mário Messias, ex-candidato a prefeito de Cajazeiras e que foi preso na primeira e
na segunda etapas da operação,
estando preso até o momento.
Além de receber novo mandado
de prisão, houve nova busca e
apreensão no escritório dele.
O grupo é acusado de integrar uma organização criminosa do colarinho branco, envolvendo empresários e servidores
públicos, que utilizam empresas
“fantasmas” e parceiras para dar
aparência de legalidade aos processos de contratação com os
órgãos públicos (em certames
de resultado predeterminado)
e respectivos pagamentos em
obras de engenharia e coleta de
resíduos sólidos.
No caso de Monte Horebe,
a operação era realizada direta-
mente por Eloizio Dias Guarita,
que teve a prisão decretada mas
até ontem não havia sido preso,
Mario Messias Filho, Francisco
Antonio Fernandes de Sousa
(Antonio Popo) e Francisco Moreira Gonçalves (Didi da Licitação), que executavam contratos
com empresas que contaram
com a efetiva participação, nos
últimos anos, de Fabio Barre-
to e de Erivaldo Jacó de Sousa,
durante a gestão do ex-prefeito
Erivan Dias Guarita, que é ex-marido de Cláudia Dias.
Com o desenrolar do esquema, Cláudia passou a executar diretamente o contrato de
coleta de resíduos sólidos, por
meio das empresas Construtora
Servcon e Lorena & Adria Construções, Comércio e Locações
Ltda, cedidas ilicitamente por
Francisco Justino e por Francis-
co Antonio Fernandes de Sousa
(Antonio Popo).
A organização criminosa do
colarinho branco era levada a
cabo por Francisco Justino do
Nascimento, vulgo “Deusimar”,
sua mulher, Elaine da Silva
Alexandre, vulgo “Laninha”, e
seus demais familiares, com o
objetivo reiterado de fraudar
licitações públicas em diversos
municípios da Paraíba, Ceará e
Rio Grande do Norte, mascarar
desvios de recursos públicos
em favor próprio e de terceiros,
lavar o dinheiro público desvia-
do e fraudar os fiscos federal e
estadual.
Os núcleos criminosos contratavam os serviços de Justino,
que, através de suas empresas
“fantasmas” - Construtora Servcon e Tec Nova – participava
das licitações e fornecia toda a
documentação para dar esteio
à despesa pública, sendo Justi-
no remunerado por esse serviço
em valor variável entre 2% a 8%
do valor da nota fiscal.