sábado, maio 21, 2016

Eleições 2016: Whatsapp diferencial na campanha eleitoral.

Whatsapp. Rede social está nos planos dos candidatos, já que ainda não há regulamentação de uso no Brasil... Um dos diferenciais da campanha eleitoral deste ano será o uso do Whatsapp, um aplicativo para troca de mensagens e comunicação direta por meio do celular utilizado por milhões de pessoas no mundo. A ferramenta que virou febre deverá ser utilizada sem limites pelos candidatos, até porque ainda não há nenhum instrumento legal que regulamente o uso e as mensagens trocadas por ele, que além de protegidas pelo sigilo, são de difícil recuperação. Essa peculiaridade torna o Whatsapp uma terra sem lei, com campo fértil para que candidatos e lideranças políticas possam “deitar e rolar” e usar a ferramenta indevidamente para prática de crimes eleitorais, aliciamento de eleitores, compra e venda de votos, entre outros atos ilícitos que podem desequilibrar o pleito. Estas questões, com uma tecnologia de baixo custo e grandes possibilidade, preocupam à Justiça Eleitoral e estimulam o debate entre advogados eleitoralistas.

Procurador pede bom senso: 
O procurador regional eleitoral na Paraíba, João Bernardo da Silva, acredita que haverá bom senso dos usuários para coibir à prática de crimes eleitorais por meio do Whatsapp e caberá a cada um a fiscalização e uma atuação voltada para colaborar com à Justiça Eleitoral, par realização de eleições limpas, sem prática de abusos e influencia do poder político e econômico. Segundo ele, em caso de abusos e utilização indevida, o usuário fotografar, reunir as provas que liguem a mensagem a que a enviou e formular à denuncia junto ao Ministério Público Eleitoral (MPE). Além disso, alerta aos candidatos para fi car atento aos limites da legislação eleitoral, que apesar de ter liberado a realização de propaganda eleitoral pelas redes sociais, impõe limitações, que devem ser seguidas por todos, sob pena de multa, cassação do registro de candidatos e até perda de mandato, além de outras implicações nas esferas civis e criminais. Por se tratar de eleições municipais, João Bernardo explicou que as denuncias de utilização indevida das redes sociais e até mesmo do Whatsapp, devem ser formuladas junto ao promotor eleitoral de cada Zona Eleitoral, para abertura do procedimento investigatório e tomada de providencias para apuração da prática do ilícito. “A lei eleitoral é bem especifica. O uso das redes sociais na campanha tem que ter limitações. Não pode haver agressões e disseminação de fatos inverídicos. Se isso for configurado, a Justiça Eleitoral vai agir, para cessar a divulgação. Se for o caso, pedindo a retirada do provedor de internet do ar”, comentou.

Estratégias para a fiscalização: 
O juiz José Ferreira Ramos Júnior, da 1ª Zona Eleitoral e que será responsável pela coordenação da propaganda eleitoral de mídia nas eleições deste ano na Capital, disse que estão em fase de estruturação as medidas que serão utilizadas na campanha. “Estamos nos reunindo com especialistas da área de tecnologia da informação da Justiça Eleitoral par definir como iremos fazer esta fiscalização, dentro dos limites previstos na legislação. Porque nosso papel de mediador do processo”, comentou o magistrado. Segundo o juiz eleitoral, o uso da internet e das redes sociais em campanhas políticas pode ser apontado como um fenômeno relativamente novo, especialmente quando comparadas às mídias ditas tradicionais como rádio e televisão. “As informações difundidas pela internet atingem parcela significativa da população e conferem uma nova dinâmica às democracias contemporâneas, privilegiando a liberdade de informação”, comentou. José Ferreira Junior destacou que diante dos inúmeros abusos e crimes que são divulgados diariamente, as redes sociais estão longe de ser um paraíso.

Tarefa não será fácil: 
De acordo com Ramos Júnior, o grande problema que surge para aqueles que conduzem o processo eleitoral é distinguir o debate, mesmo aquele mais acalorado, das distorções, dos abusos de direito e crimes que são praticados tendo como instrumento à internet. Ele disse que não é uma tarefa fácil, já que a Internet é um ambiente concebido para conectar e possibilitar o trânsito das ideias, do conteúdo. “Por outro lado, a Constituição proíbe qualquer tipo de censura”, afirmou.

Ex-ministro vê meio alternativo: 
O ex-ministro do TSE, Torquato Jardim, ressaltou a importância do Whatsapp na campanha deste ano, como meio alternativo para comunicação. Principalmente, diante das mudanças na forma de financiamento e a limitação de gastos das campanhas, que vão exigir muita criatividade dos candidatos, que terão que se desdobrar para lidar com o aperto. “É uma zona livre para comunicação. O que é muito bom, se utilizado com fins de difusão de propaganda eleitoral. As implicações é que até o momento a Justiça Eleitoral não pode fazer nenhuma interferência, mas durante a campanha poderá agir”, comentou o jurista. Para ele, por ser um meio alternativo e de baixo custo de manutenção, o whatsapp deverá ser utilizado pela maioria dos candidatos para envio de torpedos e mensagens. Mas para isso, terão que contar com uma rede de voluntários, para atuarem em grupos junto aos eleitores, usuários do serviço.

Ferramenta mais utilizada: 
O advogado Fábio Brito acredita que o Whatsapp será uma das ferramentas mais utilizadas na comunicação entre candidatos e eleitores. Ele explicou, que o entendimento que a Justiça Eleitoral vem reafirmando nos últimos anos é pela garantia ampla da propaganda eleitoral através das chamadas “novas mídias eletrônicas”, cristalizando uma posição de interferência mínima no debate democrático. “Uma vez ocorrendo práticas criminosas, inclusive no Whatsapp, os órgãos da Justiça Eleitoral deverão ter firme e pronta atuação, até porque o avanço tecnológico permite, invariavelmente, que se identifiquem os autores”, comentou Fábio Brito.

Alerta para alguns riscos: 
O advogado Harrison Targino classificou o Whatsapp como um dos mais fortes instrumentos de comunicação política. Mas alertou que o aplicativo traz alguns naturais riscos, pois ao tempo em que facilita a campanha e a transmissão de mensagem política, é meio de fácil cometimento de crime. “É bom lembrar que os programas de rastreamento permitem a localização do emissor de mensagem e facilita a sua punição. Assim, é bom usar de forma adequada e não para cometimento de ilícitos”, declarou. JC