Mais de 30 famílias que já
foram influentes na política
da Paraíba, hoje não apitam
mais em nada, ou em quase
nada. Algumas delas mal
conseguem eleger um prefeito
ou um vereador no interior.
Outras foram banidas
completamente. Há algumas
que se desfizeram da política
partidária recentemente.
A família Lucena, embora
mantenha resquícios políticos,
com a ex-deputada Iraê
Lucena na Executiva Nacional
do PSDB e na direção
nacional do PSDB Mulher,
começou a degringolar depois
da morte do pai dela, o
ex- senador Humberto Coutinho
de Lucena.
O pai de Humberto, Severino
Lucena, foi deputado estadual.
O avô dele (bisavô de
Iraê), Solon de Lucena (que
hoje dá nome à Lagoa, na Capital),
foi duas vezes governador
da Paraíba (de 1º de julho a 22 de outubro de 1916
e entre 22 de outubro de 1920
e 22 de outubro de 1924).
Um Lucena que figurou na política, com passagem efêmera,
foi o ex-vice-prefeito
de João Pessoa, Haroldo Lucena,
irmão de Humberto e tio de Iraê. Ainda falando em
Lucena, outro ramo da família
se desfez politicamente
há pouco tempo. Isto porque
o ex-governador, ex-prefeito
de João Pessoa e ex-senador
Cícero Lucena aposentou as
chuteiras recentemente.
A participação desse ramo
dos Lucena na política se resume
à ex-vice-governadora
Lauremília Lucena, que hoje
comanda o diretório municipal
do PSDB da Capital.
Tarcísio Burity arriscou sem êxito...
A família Mirada Burity
passou a ter influência na
política da Paraíba quando
o professora Tarcísio de Miranda
Burity, então secretário
de Educação do Estado,
no Governo de Ivan Bichara Sobreira (1975-1978), foi escolhido
(durante o regime
militar) para ser governador
da Paraíba.
Burity assumiu em março
de 1979 e governou até 1982,
quando se desincompatibilizou
do cargo para disputar
uma vaga na Câmara Federal.
Era o início de mais um
clã familiar na política.
Foi o deputado federal
campeão de votos na Paraíba
em 1982, quando obteve
173 mil sufrágios, um recorde
de votação que só foi
batido em 2014 pelo fi lho do
senador Cássio Cunha Lima,
o hoje deputado federal Pedro
Cunha Lima, que obteve 179.886 votos. Em 1986, Burity
voltou a ser governador,
eleito democraticamente no rastro do Plano Cruzado do
Governo do presidente José
Sarney. Um sobrinho, Ivan Burity, se elegeu deputado
federal.
Outro sobrinho, Roberto,
ganhou vaga na Assembleia.
Um terceiro sobrinho, Ricardo
Burity, foi vereador em
João Pessoa. Um irmão, Antônio
Burity, foi prefeito de
Ingá várias vezes.
Hoje, no entanto, nenhum
Burity ocupa mais cargos relevante.
A família, no máximo,
consegue emplacar um
de seus membros em cargos
de segundo escalão, seja no
Estado ou na Prefeitura de
João Pessoa, vez por outra.
Mariz não deixou herdeiros
O exemplo da família Burity
se repetiu na família
Mariz. Depois que o ex-deputado-
federal, ex-senador
e ex-governador Antônio
Mariz morreu, acabou a
participação da família na
política.
A viúva, Mabel, e as fi lhas não quiseram dar continuidade
à carreira política de
Antônio Mariz, inciada pelo
pai dele, José Mariz, que
foi secretário de Interior no
Governo de Argemiro de
Figueiredo (interventor do
Estado nomeado por Getúlio
Vargas durante a ditadura do estado Novo), na década de
1930.
Por algumas vezes, José
Mariz assumiu interinamente
a Interventoria, substituído
Argemiro. Um dos prazos
mais longos ocorreu entre 27
de dezembro de 1934 e 21 de
janeiro de 1935.
Historiador reconhece o declínio
Autor do livro “História da
Paraíba”, que está na 13ª edição,
o professor e historiador
José Octávio de Arruda Melo,
reconhece o declínio e até
o desaparecimento de tradicionais
famílias do cenário
político e econômico do Estado
da Paraíba.
No entanto, segundo ele, novas oligarquias estão se
formando de 30 anos para
cá, a exemplo da Paulino e
da Toscano, no município de
Guarabira, com influência
em toda a região do Brejo paraibano
Guarabira. “Houve o
declínio das grandes famílias
e começaram a emergir
novas famílias. Na verdade,não ocorre mudança de fundo,
mas de forma. Mudam
apenas os sobrenomes”, disse
José Octávio.
Segundo ele, o que existe
hoje, advindo das antigas famílias,
“não passa de farrapos
das oligarquias”.
Pessoa, a família mais poderosa... Epitácio e João. Tio e Sobrinho estenderam influência da Paraíba para o Brasil; hoje, o clã inexiste politicamente
Família mais poderosa e
influente do que a Pessoa,
talvez não tenha existido na
política da Paraíba. A família
teve de vereadores e deputados
estaduais e federais,
senadores, governadores e
presidente da República.
A maior estrela da família
Pessoa, o ex-presidente da
República, Epitácio Pessoa,
chegou a montar uma das
mais poderosas oligarquias
da história. Epitácio foi presidente
entre 28 de julho de
1919 e 15 de novembro de
1922. Foi senador pela Paraíba
entre 3 de maio de 1924 e
24 de outubro de 1930. Exerceu
o segundo mandato de
senador entre 3 de maio de
1913 e 28 de julho de 1919.
Ainda foi ministro do Supremo
e procurador-Geral da
República. Epitácio foi o mais
influente, mas o sobrinho,
João Pessoa, foi o mais famoso.
João era presidente do Estado,
quando foi assassinado
em julho de 1930. O crime teve
ampla repercussão nacional
porque meses antes, ele tinha
disputado a vice-presidência
da República, na chapa encabeçada
por Getúlio Vargas. Os
dois foram derrotados.
Além de Epitácio e João
Pessoa, parentes deles como
o coronel Antonio Pessoa
(irmão de Epitácio e tio de
João) foi presidente da Paraíba,
de 24 de julho de 1915 a 1º
de julho de 1916. Ele era vice
de Castro Pinto e assumiu
após renúncia do presidente.
Outro irmão de João Pessoa,
o marechal José Pessoa,
não seguiu carreira política.
Optou pela carreira militar
no Exército. Em 1954, José
Pessoa foi convidado pelo
presidente Café Filho para a
presidência da Comissão de
Localização da Nova Capital
Federal, encarregada de examinar
as condições gerais de
instalação da cidade que, no
Governo de Juscelino Kubitscheck
foi construída e se chamou
Brasília.
Criado no Palácio do Catete
Filho de João Pessoa, Epitácio
Pessoa Cavalcanti de
Albuquerque, conhecido
como Epitacinho, foi criado
pelo presidente Getúlio Vargas,
no Palácio do Catete,
na cidade do Rio de Janeiro,
então Capital da República.
Epitacinho foi senador pela
Paraíba. Era suplente e assumiu na vaga em definitivo,
com a morte do titular.
Irmão de João Pessoa, Joaquim
Pessoa foi presidente
da Capital paraibana. Após
as mortes de João e Epitácio,
a família continuou
militando politicamente,
sempre com representantes
na Assembleia Legislativa
da Paraíba, na Prefeitura
de Umbuzeiro e na Câmara
Municipal de João Pessoa.
De acordo com o historiador
José Octávio de Arruda
Melo, Epitácio montou uma
oligarquia duradoura na Paraíba,
mas João Pessoa foi o
oposto.
No entanto, seus irmãos
tentaram montar uma oligarquia,
mas não obtiveram
êxito, conforme José Octávio.
Os irmãos que militaram
na política da Paraíba não tinham
a mesma habilidade
de João e, muito menos, de
Epitácio. Hoje, eles são homenageados
como nomes de
ruas na cidade que tem o nome
do irmão mais influente. Jornal Correio da Paraíba (domingo, 14 de agosto 2016)