Pelo menos quatro depoentes ouvidos pelo
Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) acusaram o
ex-arcebispo Dom Aldo Pagotto, os monsenhores Jaelson de Andrade e
Ednaldo Araújo e outros padres católicos por assédios e orgias sexuais
envolvendo jovens e adolescentes. Alguns dos atos teriam sido praticados
dentro de igrejas e casas paroquiais.
Cópias dos depoimentos já estariam
circulando na Internet. O vazamento ocorre após a Procuradoria-Geral da
República ter decidido que as denúncias sobre pedofilia na Igreja
Católica da Paraíba devem ser investigadas pelo Ministério Público
Estadual e não pelo MPT-PB, porque os fatos apurados não caracterizam
exploração sexual de menores para fins comerciais.
Um dos depoentes, J.A.S., relata que
Monsenhor Jaelson, dez anos atrás, quando vigário-geral da Arquidiocese e
celebrando missa na Catedral em João Pessoa, costumava levar coroinhas e
meninos “para os quartos construídos atrás da Igreja”. Os menores
dormiriam com o religioso, que recompensaria os adolescentes
pagando-lhes roupas e lanches. Um desses garotos, segundo o denunciante,
teria se formado em Medicina e montado consultório na Avenida Epitácio
Pessoa, na Capital.
O mesmo depoente diz ainda que “pegou
Padre Jaelson fazendo relação sexual dentro da própria Igreja” e que,
por essa e outras, foi afastado da Catedral, onde trabalhava fazendo
limpeza, inclusive na Casa Paroquial.
Já J.J.B.A, coroinha aos 6 anos de idade
em Guarabira, contou que veio para João Pessoa com quase 17 anos e logo
nos três meses na Capital passou a sofrer assédio e começou a ter
relações sexuais com o Padre Severino Melo, suspenso de suas funções
sacerdotais pela nova Administração da Arquidiocese no final de setembro
último, juntamente com Jaelson e Ednaldo.
O mesmo depoente disse ainda que se
envolveu sexualmente com Monsenhor Ednaldo e foi assediado por Dom Aldo,
que lhe teria tocado a genitália e o convidado para dormir em um
apartamento no 13 de Maio, bairro de João Pessoa. De outro lado, teria
reagido às investidas de Jaelson porque conhecia um adolescente de
Cacimba de Dentro apaixonado pelo monsenhor e não queria ‘trair’ o
garoto.
Dois dos depoimentos vazados se referem a
orgias sexuais com vários jovens e adolescentes das quais participariam
outros padres não citados nesta matéria porque o blog ainda não
conseguiu meios de contato com qualquer um deles, embora venha tentando
desde ontem.
Também ouvido, A.R.B.P., então com 29
anos de idade, ativo participante de atividades religiosas na Capital,
disse que não teve envolvimento com qualquer dos padres e monsenhores
denunciados, mas soube de relacionamentos do Padre Jaelson com menores e
o denunciou a Dom Aldo, que nada fez além de atribuir paróquias em João
Pessoa ao monsenhor.
A acusação de A.R.B. P. teria ainda como
base a informação que lhe teria sido passada por um rapaz encarregado de
formatar o computador de Jaelson, onde teria sido encontrado farto
material pornográfico. Confira a seguir a reprodução de cópias de dois
dos depoimentos aos quais o blog teve acesso.
Desde a divulgação do afastamento dos
Monsenhores Jaelson e Ednaldo e do Padre Severino, em 29 de setembro
último, o blog vem tentando contato com os três e com Dom Aldo Pagotto.
Por telefone e através de pessoas que dizem ter acesso direto aos quatro
religiosos. Tudo para abrir espaço a qualquer tipo de manifestação
deles em contraponto – seja à guisa de defesa ou desmentindo – às
acusações formuladas nos depoimentos ao MPT-PB. Nenhum deles deu
retorno.
Novas tentativas foram feitas ontem (16) à
noite e hoje pela manhã. Os números de telefone fornecidos chamam até
‘cair a ligação’ ou a operadora notifica quem liga que os celulares
chamados estão desligados ou fora da área de cobertura. Fontes da
própria igreja informaram que os padres denunciados costumam trocar com
frequência suas linhas telefônicas desde que passaram a ser investigados
pelo MPT-PB.
De qualquer modo, se eles quiserem falar, o blog está à disposição e pronto para registrar.
Rubens Nobrega