Desde o pleito de 1982. Lideranças se revezam de lado para derrotar adversários que ameaçam a tomada de poder... O regime iniciado com o golpe de 1964 só
terminou em 1985. Naquela época, a Paraíba era administrada por Tarcísio
Burity, que assumiu em 15 de março de 1979, após derrotar Antônio Mariz
no Colégio Eleitoral, nas eleições indiretas de 1978, quando também
foram escolhidos Clóvis Bezerra para vice e Milton Cabral para senador.
Em1982, o grupo governista liderado por Burity elegeu Wilson Braga (PDS)
para governador, impondo derrota ao peemedebista Antônio Mariz. Foi a
segunda derrota consecutiva de Mariz. Pelo mesmo esquema, Marcondes
Gadelha foi eleito senador e Tarcísio Burity ganhou uma cadeira na
Câmara.
Em 1986, Braga renunciou ao governo para disputar o Senado e apoiou
Marcondes para governador. Burity tinha se aliado ao PMDB. Com Raimundo
Asfora na vice, Humberto Lucena e Raimundo Lira na disputa pelo Senado,
Burity derrotou Marcondes.
Ao longo do governo, Burity rompeu com o
PMDB, ingressou no PRN e apoiou Fernando Collor de Melo para presidente
em 1989. Rompido com o PMDB, e brigado com os deputados estaduais, ficou
sozinho e foi obrigado a abandonar Collor, que o traiu ao fechar o
Banco do Estado (Paraiban).
Chegaram as eleições de 1990. Foi a vez
do PMDB puro (Burity teve origem na Arena) eleger Ronaldo Cunha Lima,
com Cícero Lucena na vice, e Antônio Mariz para senador. Derrotou Wilson
Braga (PDT), que tinha Enivaldo Ribeiro (PFL) na vice e Marcondes
Gadelha (PFL) para senador. Burity apoiou a João Agripino Maia.
PMDB triunfou e rachou nos anos 90
No período entre 1990 e 1994, o PMDB
permaneceu unido e forte. Ao término do mandato de Ronaldo, elegeu Mariz
em 1994, além de Humberto Lucena e o próprio Ronaldo para o Senado. Os
peemedebistas derrotaram o esquema de Braga, que tinha a esposa, Lúcia,
como candidata ao Governo pelo PDT.
Favorita, perdeu a campanha depois que
sua candidatura foi envolvida em um escândalo de carros roubados. Lúcia
tinha Evaldo Gonçalves na vice e Raimundo Lira e João Agripino, ambos do
PFL, foram derrotados para o Senado. Mariz assumiu no dia 1º de janeiro
de 1995 e morreu no mesmo ano.
A morte de Mariz deu início a uma forte
disputa pelo poder na Paraíba entre o até então desconhecido José
Maranhão e o conhecidíssimo Ronaldo Cunha Lima. A partir da posse de
Maranhão, começaram os desentendimentos com o grupo Cunha Lima. Ronaldo
se achava no direito de disputar o Governo nas eleições de 1998 e foi
brecado por Maranhão.
Maranhão derrotou Ronaldo em duas
convenções do PMDB. Foi candidato à reeleição em 1998. Os Cunha Lima
ficaram de mãos atadas. Por causa da legislação, eram obrigados,
publicamente, a dizer que apoiavam Maranhão. Mas deram apoio informal à
chapa de Gilvan Freire pelo PSB apoiado pelo PT. Maranhão teve Roberto
Paulino como candidato a vice e apoio de todos os antigos adversários.
Em 2002, com o racha sacramentado,
Maranhão e Paulino seguiram no PMDB. Maranhão renunciou para disputar o
Senado e apresentou Paulino para o Governo.
Do outro lado, estavam Cássio Cunha Lima
(PSDB), candidato ao Governo com Lauremília Lucena na vice, e com Efraim
Morais e Wilson Braga na disputa pelas duas vagas de senador.
Ascensão e queda do PSDB
Cássio foi eleito governador em 2002 e
Maranhão ficou em primeiro lugar para senador. Efraim ficou com a
segunda vaga. Ele e Braga disputaram pelo PFL. Maranhão e Burity, pelo
PMDB. Logo Braga rompeu com Cássio. Sentiu-se traído e passou para o
grupo de Maranhão. Em 2006, Maranhão enfrentou Cássio na disputa pelo
Governo. Teve Luciano Cartaxo (PT) na vice. Foi derrotado. Assumiu em
2009, depois que Cássio foi cassado pela Justiça Eleitoral.
Entre 2009 e 2010, Maranhão teve o apoio
do então prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB). O peemedebista
jurava que teria o apoio do socialista para a reeleição em 2010. Mas
Ricardo rompeu e o enfrentou nas urnas. Para derrotar Maranhão, ele não
pensou duas vezes, atraiu Cássio e Efraim. Naquele pleito, Cássio se
elegeu senador. A outra vaga ficou com Vital do Rêgo Filho.
Cássio apoiou Ricardo até perto da
campanha de 2014. Rompeu e foi para a disputa do Governo. Sem saída,
Ricardo foi em busca do apoio de Maranhão. Juntos, derrotaram Cássio.
A preço de hoje, Maranhão é o fiel da
balança. Ricardo planeja eleger o sucessor e apresentou João Azevedo.
Busca entendimento com Maranhão. Cássio está entre o próprio nome, os de
Luciano Cartaxo (PSD) e Romero Rodrigues (PSDB) e também sonda o apoio
de Maranhão, que já anunciou que pretende ser candidato. É esperar para
ver o que vai acontecer. Jornal Correio