domingo, setembro 10, 2017

Vai e vem na política da Paraíba.



Desde o pleito de 1982. Lideranças se revezam de lado para derrotar adversários que ameaçam a tomada de poder... O regime iniciado com o golpe de 1964 só terminou em 1985. Naquela época, a Paraíba era administrada por Tarcísio Burity, que assumiu em 15 de março de 1979, após derrotar Antônio Mariz no Colégio Eleitoral, nas eleições indiretas de 1978, quando também foram escolhidos Clóvis Bezerra para vice e Milton Cabral para senador.

Em1982, o grupo governista liderado por Burity elegeu Wilson Braga (PDS) para governador, impondo derrota ao peemedebista Antônio Mariz. Foi a segunda derrota consecutiva de Mariz. Pelo mesmo esquema, Marcondes Gadelha foi eleito senador e Tarcísio Burity ganhou uma cadeira na Câmara.

Em 1986, Braga renunciou ao governo para disputar o Senado e apoiou Marcondes para governador. Burity tinha se aliado ao PMDB. Com Raimundo Asfora na vice, Humberto Lucena e Raimundo Lira na disputa pelo Senado, Burity derrotou Marcondes.

Ao longo do governo, Burity rompeu com o PMDB, ingressou no PRN e apoiou Fernando Collor de Melo para presidente em 1989. Rompido com o PMDB, e brigado com os deputados estaduais, ficou sozinho e foi obrigado a abandonar Collor, que o traiu ao fechar o Banco do Estado (Paraiban).

Chegaram as eleições de 1990. Foi a vez do PMDB puro (Burity teve origem na Arena) eleger Ronaldo Cunha Lima, com Cícero Lucena na vice, e Antônio Mariz para senador. Derrotou Wilson Braga (PDT), que tinha Enivaldo Ribeiro (PFL) na vice e Marcondes Gadelha (PFL) para senador. Burity apoiou a João Agripino Maia.

PMDB triunfou e rachou nos anos 90
No período entre 1990 e 1994, o PMDB permaneceu unido e forte. Ao término do mandato de Ronaldo, elegeu Mariz em 1994, além de Humberto Lucena e o próprio Ronaldo para o Senado. Os peemedebistas derrotaram o esquema de Braga, que tinha a esposa, Lúcia, como candidata ao Governo pelo PDT.

Favorita, perdeu a campanha depois que sua candidatura foi envolvida em um escândalo de carros roubados. Lúcia tinha Evaldo Gonçalves na vice e Raimundo Lira e João Agripino, ambos do PFL, foram derrotados para o Senado. Mariz assumiu no dia 1º de janeiro de 1995 e morreu no mesmo ano.

A morte de Mariz deu início a uma forte disputa pelo poder na Paraíba entre o até então desconhecido José Maranhão e o conhecidíssimo Ronaldo Cunha Lima. A partir da posse de Maranhão, começaram os desentendimentos com o grupo Cunha Lima. Ronaldo se achava no direito de disputar o Governo nas eleições de 1998 e foi brecado por Maranhão.

Maranhão derrotou Ronaldo em duas convenções do PMDB. Foi candidato à reeleição em 1998. Os Cunha Lima ficaram de mãos atadas. Por causa da legislação, eram obrigados, publicamente, a dizer que apoiavam Maranhão. Mas deram apoio informal à chapa de Gilvan Freire pelo PSB apoiado pelo PT. Maranhão teve Roberto Paulino como candidato a vice e apoio de todos os antigos adversários.

Em 2002, com o racha sacramentado, Maranhão e Paulino seguiram no PMDB. Maranhão renunciou para disputar o Senado e apresentou Paulino para o Governo.

Do outro lado, estavam Cássio Cunha Lima (PSDB), candidato ao Governo com Lauremília Lucena na vice, e com Efraim Morais e Wilson Braga na disputa pelas duas vagas de senador.

Ascensão e queda do PSDB
Cássio foi eleito governador em 2002 e Maranhão ficou em primeiro lugar para senador. Efraim ficou com a segunda vaga. Ele e Braga disputaram pelo PFL. Maranhão e Burity, pelo PMDB. Logo Braga rompeu com Cássio. Sentiu-se traído e passou para o grupo de Maranhão. Em 2006, Maranhão enfrentou Cássio na disputa pelo Governo. Teve Luciano Cartaxo (PT) na vice. Foi derrotado. Assumiu em 2009, depois que Cássio foi cassado pela Justiça Eleitoral.

Entre 2009 e 2010, Maranhão teve o apoio do então prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB). O peemedebista jurava que teria o apoio do socialista para a reeleição em 2010. Mas Ricardo rompeu e o enfrentou nas urnas. Para derrotar Maranhão, ele não pensou duas vezes, atraiu Cássio e Efraim. Naquele pleito, Cássio se elegeu senador. A outra vaga ficou com Vital do Rêgo Filho.

Cássio apoiou Ricardo até perto da campanha de 2014. Rompeu e foi para a disputa do Governo. Sem saída, Ricardo foi em busca do apoio de Maranhão. Juntos, derrotaram Cássio.

A preço de hoje, Maranhão é o fiel da balança. Ricardo planeja eleger o sucessor e apresentou João Azevedo. Busca entendimento com Maranhão. Cássio está entre o próprio nome, os de Luciano Cartaxo (PSD) e Romero Rodrigues (PSDB) e também sonda o apoio de Maranhão, que já anunciou que pretende ser candidato. É esperar para ver o que vai acontecer. Jornal Correio