domingo, novembro 26, 2017

Pelo menos 35 partidos estão aptos para a disputa de 2018 na Paraíba.


País caminha para o 104º partido... O sistema político brasileiro pode contar com 104 partidos registrados pela Justiça Eleitoral, a partir de 2020. Hoje, 35 estão aptos para a disputar das eleições do próximo ano. Há em tramitação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedidos para criação de mais 69. Destes, 13 estão em andamento no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB), onde um deles - Partido Nacional Corinthiano (PNC)- já foi aprovado e outro está com o processo em apreciação no Ministério Público Eleitoral (MPE): Partido da Evolução Democrática (PED). A proliferação de partidos políticos no sistema eleitoral brasileiro, mesmo após a aprovação da cláusula de desempenho partidário (cláusula de barreira), aprovada este ano na proposta de reforma política e que já passará a valer a partir das próximas eleições, causa preocupação aos dirigentes partidários, juristas e cientistas político. Eles acreditam que 104 partidos poderão banalizar ainda mais as articulações políticas para as disputas eleitorais no País. Para o desembargador José Ricardo Porto, que integra o TRE-PB, como membro substituto, a festa da proliferação dos partidos deverá acabar. Segundo, com a limitação do acesso às verbas públicas ao fundo partidário e a programas gratuitos de rádio e TV fica, vai desestimular cada vez mais esta prática de criação de partidos. “O Brasil não necessita de uma aglomeração oceânicas de partidos políticos, como vem ocorrendo. O povo já percebeu que algumas agremiações só vinculam os programas partidários a uma moeda de venda do guia eleitoral”, comentou o desembargador.

Juiz vê instrumento de barganha... 
De acordo com o juiz Breno Wanderley, também do TRE-PB), a grande quantidade de partidos é ruim para o processo democrático. Segundo ele, muitos não têm identidade ideológica ou programática, porque são criados para servir de siglas de aluguel ou instrumento de barganha política. O magistrado acredita que, com os efeitos práticos da reforma política, que passará a valer já para as eleições de 2018, esses partidos, Adriana Rodrigues criados sem víeis ideológicos, apenas para servir de balcão de negócios, tendem a enfraquecer. “A partir do próximo ano para ter acesso a recursos do fundo partidário terão que ter votos e atingir as metas estabelecidas. Além disso, outro fator preponderante para redução do número desses partidos será o fim das coligações proporcionais a partir de 2020”, comentou.

Número é exagerado... 
Para o advogado Harrison Targino, a alta fragmentação partidária, com proliferação de legendas, difi culta percepção das diferenças pelo eleitor e traz graves problemas à democracia. “Se o multipartidarismo parece ser a marca do sistema proporcional, o exagerado número de partidos já esta associado a outros fatores: acesso às verbas públicas; poder de barganha no guia eleitoral; troca de favores políticos com Governos e legendas”, comentou, afirmando que com a instituição da cláusula de barreira ou de desempenho, uma tendência de diminuição do número exagerado de partidos

Treze pedidos tramitam na PB... 
Na Paraíba há em tramitação pedidos de registros para 13 dos 69 partidos que estão em fase de criação no TSE. De acordo com Maria Helena Ribeiro de Moraes, chefe da Seção de Registros e Publicações do TRE-PB, este ano, dos que estão em tramitação na Corte paraibana, apenas um, o PNC (Partido Nacional Corintiano), conseguiu ser formado no Estado conforme decisão tomada no último dia 30 de outubro. Outro que está com o processo bastante adiantando, em fase bastante adianta para julgamento é o PED, que aguarda apenas o parecer do Ministério Público para ter seu pedido levado para votação da Corte. Os demais estão ainda na fase de coleta de assinaturas de apoiadores em todo o Estado. Maria Helena explicou que para conseguir ter o registro deferido na Paraíba, os partidos precisam de pelo menos 2.335 assinaturas de apoiadores, o correspondentes a 0,1% dos votos que elegeram um deputado federal da Paraíba nas últimas eleições. “Eles tem que cumprir todos os requisitos, e o principal deles, que é apreciado analisado pela Corte, é o número de apoiamentos”, comentou. Já na lista que tramita na Justiça Eleitoral, existem partidos para todos os tipos de causas. Tem o dos Animais, o Militar, o Frente Favela Brasil, o Nacional Indígena, o da Família Brasileira e até o Movimento Cidadão Comum. Seis deles carregam a palavra cristão no nome.

Arena e UDN estão na lista...
Há ainda releituras de legendas como a Arena (Aliança Renovadora Nacional), que deu sustentação aos governos militares, e a UDN (União Democrática Nacional). Esse dois partidos ajudaram a escrever a história política do Brasil. Há disputas por siglas como a Prona, do ex deputado Enéas Carneiro (1938-2007), e até de movimentos como o Conservador, que há mais de 20 anos tenta, sem sucesso, sair do papel.

TENTATIVA. 
Conforme dados do TSE, o número de partidos em formação mais do que dobrou em dois anos, como maneira de driblar a legislação eleitoral, que passou a exigir fidelidade partidária dos eleitos a partir de 2007. E continua aumentando a cada ano, apesar da chamada cláusula de desempenho.

MB e ID estão adiantados NO AGUARDO...
Dos 69 partidos que estão na fi la da legalização no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas dois estão em processo mais adiantado. São eles o Partido da Igualdade (ID), que defende as causas das pessoas com defi ciência física no País, e o Muda Brasil (MB), que tem entre os seus idealizadores o ex-deputado Waldemar da Costa Neto, expresidente do PR e condenado no processo do mensalão.

Emenda não barrou criação REFORMA POLÍTICA....
Aprovada na reforma política, a Emenda à Constituição que cria cláusula de desempenho, a partir de 2018, para as legendas terem acesso ao Fundo Partidário e ao tempo gratuito de rádio e TV, deveria ter brecado a criação de novos partidos. Mas a proposta é para criar critérios de manutenção. Nada impede que continue ocorrendo essa enxurrada de pedidos para criação de novas legendas.

Dirigentes partidários criticam... 
A possibilidade de enxurrada de criação de novas siglas é criticada por dirigentes de partidos. Para eles, a cláusula de barreira aprovada recentemente e que passará a valer a partir das eleições do próximo ano, vai acabar com a pretensão dos que querem apenas servir como legenda de alugueis. O presidente do PSDB na Paraíba, Ruy Carneiro, considerou a proliferação de partidos uma piada. Segundo ele, para acabar essa multiplicação de legendas foi que a legislação eleitoral foi mudada, com a instituição da cláusula de barreira, para criar critérios coibir essa situação e reduzir o número de partidos. “Não tem o menor sentido essa quantidade toda de partidos em formação. É algo sem lógica. Isso tudo ai vira partido de aluguel. Mas, felizmente, a legislação está caminhando para regular isso. Eles podem até conseguir criar um partido, mas se não tiverem um determinado resultado, não conseguirão se manter, vão ter que encerrar a atividade”, declarou. O presidente do PT na Paraíba, Jackson Macedo, também é contra o número de partidos existes no Brasil. Ele ressaltou que no País, não há 30 ideologias. “É um absurdo, não existe 30 ideologias no País, levando em consideração os partidos que já estão registrados no TSE”, comentou. De acordo com Macedo, o PT defende a redução desses partidos. O deputado federal Efraim Filho, líder do Democratas na Câmara dos Deputados, considera que o Brasil já tem partidos demais, mal dá para comportar os já existentes. “Essa grande quantidade de partidos só atrapalha a nossa democracia, v ira legendas de aluguéis para servirem de negociatas em troca de tempo de TV e Fundo Partidário”, declarou o parlamentar.

Presidente do PSB vê negociata... 
O presidente do PSB de João Pessoa, Ronaldo Barbosa, classificou a grande quantidade de partidos em formação numa espécie de aberturas de balcão para negociatas políticas. “É exagerado. Serão mais partidos de aluguéis”, disse. O deputado estadual Raoni Mendes, presidente do Democratas em João Pessoa, também bateu pesado na proliferação das siglas partidárias. “A expansão partidária só terá fi m quando uma reforma política, na essência da palavra reforma, for feita”, disse. Enquanto isso, segundo ele, os grandes partidos têm a intenção de atender aos anseios particulares e são visto como empreendimento econômico para viabilizar o presidente. “Precisamos reduzir o número de partidos”, frisou.

PARA CRIAÇÃO Lei exige apenas 101 eleitores...
Os fundadores de um partido não podem ser menos do que 101 eleitores no exercício de seus direitos políticos, com domicílio eleitoral em, pelo menos, nove Estados. Devem elaborar o programa e o estatuto. A partir disso, o partido precisa obter, em dois anos, o apoio de eleitores equivalente a, no mínimo, 0,5% dos votos válidos na última eleição para a Câmara dos Deputados, distribuídos por um terço ou mais dos Estados. Jornal Correio da Paraíba