segunda-feira, janeiro 22, 2018

Um ano depois, Justiça não sabe quando julgará Rodolpho.

Madrugada de sábado, 21 de janeiro de 2017: a Avenida Governador Argemiro de Figueiredo, que fica no bairro do Bessa, Zona Leste de João Pessoa, testemunhou um dos crimes que marcaram o estado no ano passado: o atropelamento do agente de trânsito Diogo Nascimento, que tinha 34 anos, quando foi atingido por um veículo Porsche dirigido por Rodolpho Carlos Gonçalves da Silva. Um ano após o caso, o saldo do crime é o agente morto depois de não resistir aos ferimentos; o réu respondendo ao processo em liberdade; e a Justiça sem prazo para que o crime seja julgado. Abaixo, o Portal Correio traz a cronologia do caso Diogo Nascimento, relembrando o crime desde o atropelamento, a identificação do suspeito, a morte de Diogo, a prisão de Rodolpho Carlos, com a concessão do habeas corpus, e a falta de informações sobre quando o julgamento do crime irá acontecer. 

Atropelado.
Servidor do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba (Detran-PB), Diogo Nascimento comandava uma blitz da Operação Lei Seca quando o veículo dirigido por Rodolpho Carlos se aproximou da operação. Rodolpho acelerou o carro e atropelou Diogo, que foi arremessado ao chão e sofreu sérios ferimentos na cabeça. Após o crime, Rodolpho fugiu sem prestar socorro. Porém, a tentativa de não ser reconhecido foi frustrada já que a placa do carro caiu no local do acidente. 

Diogo socorrido; caçada ao suspeito.
Ferido gravemente, Diogo Nascimento foi socorrido para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, onde permaneceu internado em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com politraumatismo. Em posse da placa do veículo, a Polícia Civil conseguiu localizar, na tarde do dia 21, o endereço do proprietário do Porsche, que estava escondido dentro de um condomínio no bairro de Manaíra, Zona Leste da Capital. Porém, Rodolpho Carlos não foi encontrado e passou a ser considerado foragido na noite do dia 21, quando a juíza Andrea Arcoverde, plantonista do 1º Juizado Especial Misto do Fórum de Mangabeira, em João Pessoa, decretou a prisão temporária dele. 

Habeas corpus na madrugada.
Na madrugada do domingo (22), o desembargador Joás de Brito Pereira Filho concedeu habeas corpus e suspendeu o mandado de prisão temporária contra Rodolpho Gonçalves Carlos da Silva. Na decisão, o desembargador alegou ‘bons antecedentes’ de Rodolpho para a concessão do recurso. 


Suspeito livre; vítima morta.
Na manhã do domingo, o Trauma abriu protocolo para confirmar a morte encefálica de Diogo Nascimento, que se encontrava em estado gravíssimo. Após todo o procedimento protocolar e exames, o Trauma confirmou, na noite do domingo, a morte de Diogo Nascimento. Diogo teve o corpo velado durante cerimônia na Escola Técnica Estadual em João Pessoa e foi sepultado no bairro do Cristo. 

Rodolpho presta depoimento.
Na segunda-feira (23), o delegado Marcos Paulo, superintendente da Polícia Civil na Região Metropolitana de João Pessoa, afirmou que Rodolpho Carlos havia sido indiciado por homicídio doloso qualificado. Na terça (24), Rodolpho se apresentou na Central de Polícia Civil para prestar depoimento sobre o crime, mas preferiu ficar calado. Na chegada e na saída dele, familiares de Diogo Nascimento protestaram e pediram por justiça aos gritos de ‘assassino’. 

Protestos pedem por Justiça. 
Uma semana após o crime, João Pessoa registrou diversos protestos cobrando a Justiça. As manifestações eram organizados por familiares da vítima e servidores de órgãos de trânsito. 

Record TV repercute o caso.
O crime também ganhou repercussão nacional quando o jornalista Marcelo Rezende mostrou o caso no Cidade Alerta nacional, pela Record TV. “A Justiça que havia decretado a prisão preventiva é a mesma que, quando ele se apresenta, dá um habeas corpus para ele sair pela porta da frente [da delegacia]. Isso se chama Brasil”, disse o apresentador. 

Novo pedido de prisão; reconstituição.
No dia 26 de janeiro, a Delegacia de Homicídios expediu um novo mandado de prisão contra Rodolpho Carlos, alegando que ele poderia cometer novo crime semelhante. O crime foi reconstituído no dia 31 de janeiro, sem a participação de Rodolpho Carlos. 

Rodolpho vira réu. 
No dia 7 de fevereiro, a juíza Thana Michelle Carneiro aceitou a denúncia do Ministério Público da Paraíba (MPPB) contra Rodolpho Carlos, que virou réu e passou a ser considerado acusado de matar o agente da Operação Lei Seca Diogo Nascimento. 

Perícia confirma culpa de Rodolpho.
No dia 14 de março, a Polícia Científica da Paraíba concluiu o laudo da reconstituição do acidente que vitimou o Diogo Nascimento. No laudo, foi considerado que o carro conduzido por Rodolpho Carlos estava a 60 Km/h, mas a velocidade máxima permitida no local era de 50 km/h. A perícia concluiu que o motorista poderia ter evitado o acidente. 

Rodolpho é preso. 
No dia 24 de abril, o juiz Marcos William determinou a prisão de Rodolpho Carlos. Ele foi encontrado no prédio onde mora, em Manaíra, e levado para a carceragem da Central de Polícia Civil. 

Rodolpho: assustado e isolado no PB-1.
Após chegar ao PB-1, Rodolpho Carlos foi encaminhado ao isolamento, durante dez dias, em uma cela que possuía 3×4 metros. O procedimento foi considerado por normal pela direção da unidade. Durante a estada no presídio, Rodolpho ficou em um local sem energia elétrica, televisão e ventilador nas celas e passou a receber dez minutos de água pela manhã e dez minutos de água à tarde. Novo habeas; 

Rodolpho é solto.
Em 11 de maio, Rodolpho Carlos recebeu um novo habeas corpus, concedido pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB). No recurso, a Justiça estabeleceu medidas cautelares, como o recolhimento da habilitação e do passaporte, além da proibição de Rodolpho frequentar bares e restaurantes, e de se ausentar da Comarca sem autorização judicial. 

Interrogado, Rodolpho se cala.
No dia 18 de dezembro, Rodolpho Carlos se negou a falar durante interrogatório no Fórum Criminal Ministro Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello, à juíza Aylzia Fabiana Borges Carrilho, substituta do 1º Tribunal do Júri de João Pessoa. 

Caso segue na Justiça. 
Em contato com o Portal Correio, servidores do 1º Tribunal do Júri da Capital informaram que o processo segue em tramitação, mas não sofreu alterações por conta do recesso judicial, que seguiu até esse sábado (20). A previsão é de que o processo volte a fluir normalmente a partir de segunda-feira (22).
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