quinta-feira, agosto 29, 2024

Ministério Público pede nova prisão do padre Egídio.

O Ministério Público da Paraíba fez um novo pedido de prisão contra o padre Egídio de Carvalho Neto no âmbito da Operação Indignus, de acordo com apuração exclusiva do jornalista Clilson Júnior, do ClickPB. O novo pedido de prisão será apreciado pelo juiz José Guedes Cavalcanti, da 4ª Vara Criminal de João Pessoa, e poderá ser decidido a qualquer momento. Este novo pedido de prisão é baseado em informações levantadas pelo Ministério Público de que o padre Egídio estaria tendo benefícios relacionados a valores dos imóveis em seu nome que estão sendo investigados. Conforme verificou o ClickPB, este benefício teria violado uma das condicionantes para a prisão domiciliar. O padre Egídio é investigado por desvio de recursos que seriam destinados ao Hospital Padre Zé, localizado em João Pessoa. Ele foi preso em novembro de 2023 e conseguiu o benefício da prisão domiciliar em abril de 2024, como verificou o ClickPB. Atualmente, o padre Egídio segue em prisão domiciliar sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. O advogado de defesa do padre Egídio, Rawlinson Ferraz, se mostrou surpreso ao saber do novo pedido de prisão. Questionado pelo ClickPB, Rawlinson destacou que “nós soubemos através da imprensa. Nos causou grande surpresa, uma vez que o padre vem cumprindo todas as determinações judiciais e que o estado de saúde dele expira extremo cuidado”. Rawlinson considera ainda que “uma nova prisão significa risco de vida para ele. Significa uma sentença de morte”. O advogado de defesa do religioso ainda informou ao ClickPB que o padre Egídio está em casa cumprindo todas as determinações judiciais. De acordo com Rawlinson Ferraz, o padre Egídio fez a cirurgia oncológica e não está tendo acompanhamento médico.

 

Veja abaixo todas as medidas definidas junto com a prisão domiciliar:

  • Proibição de se ausentar de sua residência em João Pessoa sem autorização prévia durante a prisão domiciliar;
  • Indicar qual endereço ele irá após comunicação à Justiça;
  • Encaminhar comprovante de endereço do local onde ficará em João Pessoa;
  • Não ter contato com pessoas diversas de seus advogados e familiares que moram no mesmo imóvel onde ele ficará;
  • Proibição de acesso, frequência ou contato com servidores de estabelecimentos vinculados a ASA e ao Instituto São José.

Operação Indignus

Padre Egídio foi preso na deflagração da Operação Indignus que investigou desvios de R$ 140 milhões no Hospital Padre Zé. O ex-diretor do “Hospital dos Pobres” chegou a obter mais de 29 imóveis, alguns de alto padrão com piscinas. Além disso, adegas e propriedades rurais, veículos e também investiu na criação de cachorros de raça de luxo.

O escândalo no Hospital Padre Zé começou a ser divulgado após o desaparecimento de celulares, como acompanhou o ClickPB. Além disso, equipamentos eletrônicos doados pela Receita Federal para serem leiloados pelo hospital também sumiram.

Após isso, começaram a surgir denúncias de desvio de outros recursos e o esquema criminoso.

Durante as ações policiais, o padre Egídio foi afastado da direção do Hospital Padre Zé. Uma nova equipe foi designada para comandar a unidade de saúde e determinou, inclusive, a realização de auditorias.

A Arquidiocese revelou que o padre havia contraído o valor de R$ 13 milhões em empréstimos em nome do Hospital Padre Zé. O dinheiro nunca chegou a ser aplicado na unidade de saúde.

A Operação Indignus cumpriu mandados em dez imóveis que seriam do padre Egídio, dentre eles uma granja na cidade de Conde e apartamentos em prédios de luxo na orla de João Pessoa.

Como trouxe o ClickPB, nos locais, os investigadores encontraram itens de luxo e ostentação. Os imóveis eram equipados com lustres e projetos de iluminação requintados.

Também chamou atenção que na granja havia móveis rústicos de madeira avaliados em R$ 3 milhões. Foram localizados mais de 30 cães da raça Lulu da Pomerânia. Uma pesquisa do ClickPB revelou que um cão desta raça pode ser comercializado por até R$ 10 mil.

O padre Egídio de Carvalho, Amanda Duarte e Jannyne Dantas, ambas apontadas como envolvidas no esquema, foram presos no dia 17 de novembro. Desde esse dia, eles cumprem prisão em João Pessoa.