Quem acompanhou as duas coletivas de ontem, dadas por José Maranhão (PMDB), de um lado, e pelos secretários Aracilba Rocha (Finanças) e Luzemar Martins (Controladoria), do outro, viu não apenas números distoantes. Se deparou com informações curiosas também. A primeira foi dita pelo ex-governador. Para Maranhão, ter “fantasmas” na folha de pessoal é um fato natural na administração pública.
Segundo o peemedebista, enquanto o cartório não comunica ao governo o falecimento da pessoa, a administração estadual não tem como atualizar esse dado. “É capaz de já ter pessoas falecidas nestes últimos três meses que ainda estão na folha de pagamento. Isso é natural. E cabe ao governo quando receber a notificação do cartório atualizar os dados”, acrescentou.
Sobre esse fato, coube ao secretário Luzemar Martins colocar mais lenha na fogueira. Segundo ele, a lista entregue ao Ministério Público da Paraíba tinha 444 nomes de pessoas falecidas, mas que ainda constavam na folha de pagamento, além de mais de 200 “estrangeiros”, que, bem vivos, recebiam sem trabalhar. “Acho que eles tinham muito apego à Paraíba”, ironizou Martins.
Mas a briga não parou por aí. Maranhão defendeu que não deixou o estado quebrado.
“Ora, foi dito que o estado tinha valores muitos altos de restos a pagar. No entanto, o próprio balancete divulgado pelo governo revela que esses valores são de apenas R$ 289 milhões, quando há mais de R$ 590 milhões de saldo para pagamento”, explicou o peemedebista, assegurando que deixou o estado numa situação confortável.
“O Estado utilizou apenas 37,43% do limite legal para endividamento”, disse, acrescentando que os números divulgados semana passada pelo governo comprovam que deixou o estado numa situação equilibrada. Ele também negou a existência de dívida exorbitante na Cagepa. “Os financiamentos citados vêm de governos anteriores, como o Programa Boa Nova, e todos eles foram negociados”, afirmou.
A versão de situação confortável foi negada por Aracilba Rocha. Segundo ela, o governador Ricardo Coutinho (PSB) encontrou os cofres do estado quase “zerados”. A secretária explicou que havia um saldo de apenas R$ 1 milhão e débitos que chegavam a R$ 411 milhões. A tese foi reforçada por Luzemar. Ele revelou que em 31 de dezembro havia um passivo de R$ 741 milhões, enquanto o ativo do estado era de R$ 618 milhões.