domingo, setembro 06, 2015

JORNAL CORREIO DA PARAÍBA deste domingo 6 de setembro.

JUSTIÇA ELEITORAL NÃO TEM PREVISÃO PARA REALIZAR OS JULGAMENTOS DAS AÇÕES QUE ENVOLVEM PREFEITOS PARAIBANOS... Acusados de prática de crime eleitoral, prefeitos de 14 municípios paraibanos devem concluir os mandatos sem que a Justiça Eleitoral julgue os processos que pedem suas cassações. Há em tramitação no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) recursos interpostos contra decisões de juízes que atuam nas Zonas Eleitorais que julgaram procedentes ou improcedentes essas ações ajuizadas durante a campanha eleitoral de 2012, sem nenhuma previsão de quando elas serão inseridas na pauta para julgamento. De acordo com levantamento do TRE-PB, das eleições de 2012 estão em tramitação na Corte 24 recursos, sendo 14 são em Ações de Investigações Eleitorais (Aijes) e 10 são em Ações de Impugnação de Mandato Eletivo (Aimes), que são protegidas por segredo de justiça, relativas de diversos municípios. Já os recursos em Aijes, conforme informação da Secretaria Judiciária do TRE PB envolve os prefeitos dos municípios de Santana de Mangueira, Cajazeiras, Brejo do Cruz, Tacima, São Mamede, Prata, Sapé, Rio Tinto, Pombal, Serra Redonda, Santa Helena, Belém do Brejo do Cruz, Queimadas e São Miguel de Taipu. Em todos os casos, as ações foram originadas a partir de denúncias de supostas irregularidades, práticas de crimes eleitorais em 2010.
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JUÍZES PODEM SER PENALIZADOS... O tempo que a Justiça Eleitoral leva para julgar as ações que podem resultar na cassação dos mandatos eletivos é criticado pelo advogado Harrison Targino, especialista na área e que já atuou com juiz do TRE-PB. Segundo ele, há um flagrante descumprimento do princípio constitucional denominado da “razoável duração do processo”. Ele explicou que a Lei Eleitoral 9.504/97, em seu artigo 97-A, estabelece que a duração razoável para as ações que possam resultar em perda de mandato eletivo é de no máximo um ano, a contar a partir do ajuizamento da ação. Ele ressaltou que o descumprimento deste prazo, pode implicar até em representação junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o magistrado. O advogado Newton Vita disse que os processos na Justiça Eleitoral devem ser analisados com bastante cuidado, porque nesses casos o que está em jogo é a própria Democracia. Segundo ele, há uma grande seriedade na análise desses processos, vez que pode gerar a perda de um mandato outorgado pela população.

DENÚNCIAS EM 2010: Em todos os casos, as ações que tramitam na Justiça eleitoral foram originadas de denúncias de supostas irregularidades, práticas de crime eleitorais cometidos durante a campanha de 2010, que vão desde a conduta vedada, abuso de poder político e econômico por parte dos gestores que estão tendo o mandato questionado, até a compra de votos. Além dessas da Corte Eleitoral, há outras ações ainda em tramitação nas Zonas Eleitorais, que não tiveram julgamento na primeira instância, e ainda não chegaram à segunda instância da Justiça Eleitoral. Assim, como vem ocorrendo tradicionalmente no Estado, o Tribunal Regional Eleitoral deve iniciar o julgamento dos processos da disputa eleitoral de 2016, ainda avaliando as pendências das eleições anteriores.

TRE ORGANIZA PLEITO DO PRÓXIMO ANO... O presidente do TRE, desembargador João Alves, disse que fará  um levantamento , junto as 77 zonas eleitorais do Estado, para verificar as ações ainda pendentes. Segundo ele, uma das prioridades no momento vem sendo os preparativos para as eleições do próximo ano nos 223 municípios paraibanos e o processo de revisão eleitoral biométrica.
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A FAVELIZAÇÃO A SERVIÇO DO CRIME. Moradores de áreas relegadas ao isolamento viram reféns da criminalidade... Ocupação desordenada do espaço urbano, falta de saneamento básico, precária assistência social e à saúde. Vielas e becos estreitos que impedem a passagem, por exemplo, de uma ambulância e até mesmo de uma viatura policial. Assim é a favela, que alguns preferem chamar de comunidade, mas o nome em nada muda a situação. Quando a garantia dos direitos básicos à população estão deficitários, moradores ficam vulneráveis à criminalidade, segundo especialistas. Uns se rendem a o c r i m e , t o d o s ficam reféns. A reportagem foi desafiada por um policial a conhecer a realidade de três comunidades de João Pessoa, porque ele não aguenta mais ver calado o estado de abandono das pessoas e nem seus comandados passarem aperto para combater o crime. Boa Esperança, Vale das Palmeiras II e Riacho Doce, todas no bairro do Cristo Redentor, em João Pessoa, mas poderia ser em qualquer outro bairro e até numa favela de outra cidade. Tudo acontece igual, em qualquer lugar do País. E quem pensa que está seguro porque não mora na favela, não escapa da violência alimentada pela favelização das cidades

NO LABIRINTO DA SEGREGAÇÃO... onde o socorro não chega. Infraestrutura e acesso precário de comunidades carentes facilita manipulação da população pelo crime organizado... A falta de estrutura isola a comunidade, e nesta bolha de segregação onde o poder público quase não entra, é fácil para os traficantes controlarem os moradores. A necessidade de se construir uma via principal que ligue perpendicularmente as ruas estreitas, tirando assim, moradores da comunidade Boa Esperança, por exemplo, do isolamento, facilitando que um serviço de socorro de saúde e até mesmo o poder policial entre no local. Na Boa Esperança há muitos becos estreitos que ligam a parte alta da baixa, em forma de escadaria ou ladeira. Durante a noite, pouca iluminação difi culta não só a travessia de moradores, que dizem evitar sair nesse horário, mas também o trabalho policial que precisa utilizar lanternas em ações. Situação não é muito diferente no Vale das Palmeiras II. No local, não há ruas estreitas, mas os espaços entre os 71 blocos habitacionais, entregues pela PMJP a famílias de baixa renda, impedem a visibilidade de quem trabalha na prevenção da criminalidade. 

DIÁLOGO, CONFIANÇA E AJUDA... A situação mais agravante de espaço é a Riacho Doce. O espaço foi ocupado irregularmente e desordenado. Não há ruas e os becos são tão estreitos que só passa uma pessoa atrás da outra. Em três comunidades do Cristo Redentor visitadas pela reportagem juntamente com o Regimento de Polícia Montada, o comandante, coronel Anchieta Leite, especialista em segurança pública e médico veterinário, que está desde 2011 atuando no local, contou que primeiro foi necessário fazer um trabalho de conhecimento da área e ter uma aproximação para gerar confiança da comunidade e dizer que não estava só para reprimir algo de errado, mas trabalhar juntos para resolver os problemas recorrentes. Através desse diálogo, conversou com gestores de escolas públicas e associações em busca de soluções. Procurou ainda o poder público municipal e até o MPPB para cobrar ações em benefício da sociedade. Segundo o coronel, muitas vezes é necessário deslocar. Esgoto a céu aberto e crianças andando de pés descalços e em meio ao lixo Nessas comunidades visitadas, a água que sai das residências escorre pela rua ou em galerias que deságuam na nascente do Rio Jaguaribe, causando poluição, como pode ser visto na comunidade Boa Esperança, que além desse problema, o rio sofre com a sujeira, esgoto e a grande.