sábado, setembro 26, 2015

Na Paraíba: Espólios políticos de até 50 anos.

No interior da Paraíba. Grupos familiares mandam e comandam o poder local e permanecem em evidência... Fortes grupos familiares comandam a política em alguns municípios da Paraíba em períodos que vão de 20 a 50 anos e se preparam para 2016... 

O espólio eleitoral de políticos locais na Paraíba está muito bem definido. Em alguns casos, os municípios são controlados por uma mesma família há 50 anos. É o caso de São José de Piranhas, dominado pela família Lacerda. Em outros casos uma mesma família está no poder há mais de 20 anos, desde que os municípios foram criados, a exemplo de São José de Princesa, dominada politicamente pela família Ferreira de Morais, que adotou o pseudônimo “Matuto”. 

Um caso mais curioso envolve os municípios de Areia de Baraúnas, Passagem e Salgadinho. Nesses três municípios, a família Pereira/ Balduíno, que também incorporou o sobrenome “Mineral” é quem manda e tem ramificações que se estendem a Patos e Junco do Seridó. 

Em Patos, uma mesma família com ramificações parentescas diferentes se reveza no poder desde a década de 1970. Lá pelos anos 50, também esteve no poder na maior cidade sertaneja. O principal ramo da família é Wanderley, que atraiu sobrenomes como Medeiros, Nóbrega e Motta. De 20 anos para cá, a disputa direta envolve sempre um Motta-Wanderley de um lado e um Medeiros Wanderley de outro. 

Dinaldo Medeiros Wanderley foi prefeito duas vezes. Depois, quem governou Patos por duas vezes foi Nabor Wanderley da Nóbrega Filho. Hoje, a cidade é administrada por Francisca Motta, viúva do ex-deputado Edvaldo Fernandes Motta, cujo irmão, Edmilson Fernandes Motta, também foi prefeito. 

Francisca Motta é sogra de Nabor Wanderley e vai disputar a reeleição com um Medeiros Wanderley, que deve ser o deputado Dinaldinho, fi lho do ex-prefeito Dinaldo Wanderley, parente de Nabor, que pai de Hugo Motta Wanderley da Nóbrega, deputado federal.

REVEZAMENTO EM PATOS. 
Como os Wanderley, Nóbrega, Medeiros e Motta se alternaram no poder. 

1950 
Na década de 50, os Wanderley começaram a administrar a cidade de Patos. Primeiro foi Darcílio Wanderley da Nóbrega, seguido de Nabor Wanderley da Nóbrega. 

1969 Até 1973, 
a cidade foi administrada pelo médico Olavo Nóbrega de Souza. Depois, veio um integrante da família Medeiros: Aderbal Martins de Medeiros, a partir de janeiro daquele ano. 

1977 Foi a vez dos Motta chegarem ao poder, por meio de Edmilson Fernandes Motta (irmão de Edvaldo Motta, cunhado de Francisca Motta e tio do hoje deputado Hugo. 

1983 Os Nóbrega Medeiros voltaram. O médico Rivaldo Nóbrega Medeiros foi prefeito até 1988. Foi substituído em 1989, pela esposa, Geralda Freire Medeiros, que ficou até 1992. 

 1997 Até 2004, foi a vez dos Medeiros Wanderley, com Dinaldo. Os Wanderley da Nóbrega voltaram com Nabor entre 2005 e 2012. Em 2013, os Motta voltaram com Francisca, que tentará a reeleição no próximo ano.
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Lacerda quer manter São José... 

Em São José de Piranhas, no Alçto Sertão paraibano, o chefe do clã que fundou a cidade, o ex-deputado e ex-vice-governador José Lacerda Neto, ainda manda e comanda a política local, mesmo morando na Capital do Estado. 

Quem sabe bem a história política de São José de Piranhas é Denise Lacerda, esposa de José Lacerda e mãe da vereadora pessoense Raissa Lacerda. Lá no passado, as famílias dela e do marido se uniram para tomar conta da política local.

 “Quem fundou São José de Piranhas (o nome antigo era Jatobá) foi Malaquias Gomes Barbosa, tio-avô da minha mãe, Denise. Depois, o pai dela, Antônio Gomes Barbosa, foi nomeado prefeito e ficou no cargo até 1953”, disse Raissa Lacerda. 

 Segundo ela, Nelson Lacerda de Oliveira, sobrinho do seu pai, José Lacerda, também foi prefeito de São José de Piranhas. 

Dos anos 50 para cá, segundo a mãe de Raissa, o sobrenome Lacerda dominou a cena política em São José de Piranhas. Para se ter um a idéia, José Lacerda chegou a ser prefeito e deputado ao mesmo tempo aos 21 anos de idade. Na época, a leg islação permitir a um político exercer os dois mandatos.

Antes de José Lacerda Neto, São José de Piranhas teve como prefeito o seu tio, Antônio Lacerda, e seu pai, Joaquim Lacerda Leite. Depois de Zé Lacerda, a cidade ainda foi administrada por Neto Lacerda (sobrinho de Zé Lacerda e primo de Raissa). Hoje, a gestão está sob o comando de Domingos Lacerda, fi lho de Neto, sobrinho de Zé e primo de Raissa. Quem não tinha sobrenome Lacerda só foi prefeito de 1953 para cá com apoio do pai de Raissa.
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Família Mineral em três cidades...  

Pacificação. Grupo comandado por deputado se reunificou em Areia de Baraúna, Salgadinho e Passagem... 

A família Mineral, hoje sob o comando do deputado estadual Antônio Mineral, exerce fortes influências e controla a política e, Areia de Baraúna, Salgadinho e Passagem, na região de Patos. O município de Areia de Baraúnas é administrado por Vanderlita Guedes Pereira, conhecida como Dequinha Mineral, esposa de Antônio Mineral. Antes dividida, a família, hoje, está unida em torno do nome de Maria Deuziran da Costa Nóbrega, conhecida como Dona Deda, que é mãe do ex-prefeito Gilson Mineral e cunhada do deputado Antônio Mineral. Gilson é sobrinho do parlamentar. Dona Deda será candidata em Areia de Baraúna em 2016, numa tentativa de substituir Dequinha Mineral. 

“Faz 22 anos que a cidade está sob o comando da nossa família”, disse o ex-vereador de Patos, Almir Mineral. Segundo ele, Gilson Mineral foi prefeito duas vezes e Dequinha está terminando o segundo mandato. O primeiro foi o próprio deputado. Em Salgadinho, a família Mineral também está no poder há mais de 20 anos. Damião Mineral (tio de Almir e irmão de Antônio Mineral) foi prefeito seis anos. Luciano Morais (cunhado de Damião) passou mais oito anos. Depois, a gestão ficou com Débora Cristiane (concunhada de Damião, casada com Luciano Morais), que está na fase final dos seus oito anos. Damião se prepara para a disputa de 2016. Em Passagem, Agamenon (Mineral) Balduino foi prefeito cinco vezes. Perdeu a última campanha para o adversário Magno Silva Martins, conhecido como Magno de Bá, cujo pai, conhecido por Bá de Passagem, foi prefeito. Magno vai para a reeleição e a família Mineral planeja apoiar o fi lho de Agamenon, Duda Mineral. Em Junco do Seridó, Nên (Mineral) Banduino, primo de Antônio Mineral, foi prefeito duas vezes e vai lançar a filha, Débora. Em Patos, Almir Mineral foi vereador. Segundo ele, a família vai apoiar seu irmão, Dan Mineral para a Câmara.

Matuto lançará ex-esposa... 
Desde que foi criado há mais de 20 anos, o município de São José de Princesa está sob o comando de um líder político chamado Luiz Ferreira de Morais, conhecido como Luis de Matuto. Ele é prefeito e tem como vice, sua filha, Rubia. Pai e fi lha estão encerrando o segundo mandato consecutivo. Luiz de Matuto foi o primeiro prefeito de São José e exerceu dois mandatos seguidos. Houve um intervalo de quatro anos, quando município foi administrado por um aliado dele. E para não perder o controle político. A família está lançando para a disputa de 2016 a ex-esposa de Luiz de Matuto e mãe de Rubia, Dona Bia.
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Epitácio iniciou em 1915... 
Epitácio passou a comandar a política da Paraíba, para valer, em 1915, t rês anos após a mor te de Álvaro Machado, em 30 de janeiro de 1912, e quatro anos após a ascensão de Hermes da Fonseca (sobrinho de Deodoro da Fonseca) à Presidência da República, em 1910. Hermes governou até 1914. Quando Hermes da Fonseca chegou ao poder, em 1910, Álvaro Machado era senador e morreu dois anos depois. Tinha sido eleito e assumiu a presidência do Estado pela segunda vez em 1904. Ficou até 1905 e passou o governo para o Monsenhor Walfredo Leal, que concluiu o mandato em 1908 e foi substituído por João Lopes Machado (irmão de Álvaro), que governou até 1912....

Tradição vem do século 19... 
A campanha eleitoral de 2016 terá forte presença de grupos familiares na disputa pelo poder e na tentativa de manutenção e ampliação dos espaços políticos. A tradição oligarca é uma herança do fim do século 19 e ao início do século 20, quando algumas se perpetuaram no poder e mantêm resquícios até hoje. Segundo historiadores, as oligarquias locais de hoje foram inspiradas nas bem sucedidas e duradouras a nivel de Estado, Uma delas foi comandada por Álvaro Lopes Machado e durou 20 anos, entre 1892 e 1912. Álvaro Machado foi presidente do Estado da Paraíba por duas vezes e foi o responsável pelo êxito de políticos como os seus irmãos João e Afonso Machado (que também governaram a Paraíba) e os ex-presidentes Gama e Melo, José Peregrino e Monsenhor Walfredo Leal. Antes do domínio alvarista por 20 anos, a Paraíba já tinha experimentado a mão-de-ferro da oligarquia comandada por Venâncio Neiva, o primeiro presidente do Estado, depois que o Brasil virou República em 15 de novembro de 1889. Venâncio Neiva demorou pouco tempo no poder, mas, segundo o historiador José Octávio de Arruda Melo, colocou todo seu esquema político no governo, incluindo a família. Ao mesmo tempo em que Machado se impunha em uma oligarquia, Epitácio Pessoa preparava a sua. Ele não foi presidente do Estado, mas comandou a política paraibana por 15 anos, entre 1915 e 1930. Comandava a política da Paraíba a partir do Rio de Janeiro (então Capital do País), onde exerceu mandados de deputado federal, senador e presidente da República. Resquícios da oligarquia epitacista existem até hoje em sua terra natal, a cidade de Umbuzeiro.

EX-PREFEITOS que lançaram parentes em 2016
▶ Abmael Lacerda, de Pombal (com a esposa Mayenne Van)
▶ Dona Dida, de Itabaiana (com o filho José Sinval),
▶ Dinaldo Wanderley, de Pastos (com o filho Dinaldinho),
▶ Flávia Galdino, de Piancó (com o filho, Daniel)
▶ Gilberto Dantas, de Fagundes (com o filho Arthur),
▶ José Adamastor, de Itapororoca (com a filha Luciana),
▶ José Ronaldo, de Itatuba (com o filho Ronaldo),
▶ Marcilene Rodrigues, de São Miguel de Taipu (com o marido Ricardo Pereira),
▶ Nên Balduíno, em Junco do Seridó (com a filha Débora),
▶ Valdecir Amorim, em Teixeira (com a filha Kay France