No interior da Paraíba. Grupos familiares mandam e comandam o poder local e permanecem em evidência... Fortes grupos
familiares comandam
a política em alguns
municípios da Paraíba
em períodos que vão
de 20 a 50 anos e se
preparam para 2016...
O espólio eleitoral de políticos locais na Paraíba está
muito bem definido. Em alguns casos, os municípios
são controlados por uma
mesma família há 50 anos.
É o caso de São José de Piranhas, dominado pela família Lacerda. Em outros casos
uma mesma família está no
poder há mais de 20 anos,
desde que os municípios foram criados, a exemplo de
São José de Princesa, dominada politicamente pela
família Ferreira de Morais,
que adotou o pseudônimo
“Matuto”.
Um caso mais curioso envolve os municípios de Areia
de Baraúnas, Passagem e
Salgadinho. Nesses três municípios, a família Pereira/
Balduíno, que também incorporou o sobrenome “Mineral” é quem manda e tem ramificações que se estendem a Patos e Junco do Seridó.
Em Patos, uma mesma
família com ramificações
parentescas diferentes se
reveza no poder desde a década de 1970. Lá pelos anos
50, também esteve no poder
na maior cidade sertaneja.
O principal ramo da família é Wanderley, que atraiu
sobrenomes como Medeiros, Nóbrega e Motta. De 20
anos para cá, a disputa direta envolve sempre um Motta-Wanderley de um lado e
um Medeiros Wanderley de
outro.
Dinaldo Medeiros Wanderley foi prefeito duas vezes.
Depois, quem governou Patos por duas vezes foi Nabor
Wanderley da Nóbrega Filho.
Hoje, a cidade é administrada por Francisca Motta, viúva do ex-deputado Edvaldo
Fernandes Motta, cujo irmão,
Edmilson Fernandes Motta,
também foi prefeito.
Francisca Motta é sogra de
Nabor Wanderley e vai disputar a reeleição com um Medeiros Wanderley, que deve
ser o deputado Dinaldinho,
fi lho do ex-prefeito Dinaldo
Wanderley, parente de Nabor,
que pai de Hugo Motta Wanderley da Nóbrega, deputado
federal.
REVEZAMENTO EM PATOS.
Como os Wanderley, Nóbrega, Medeiros e Motta se alternaram no poder.
1950
Na década de 50, os
Wanderley começaram
a administrar a cidade
de Patos. Primeiro foi
Darcílio Wanderley da
Nóbrega, seguido de
Nabor Wanderley da
Nóbrega.
1969
Até 1973,
a cidade foi
administrada pelo
médico Olavo Nóbrega
de Souza. Depois, veio
um integrante da família
Medeiros: Aderbal Martins
de Medeiros, a partir de
janeiro daquele ano.
1977
Foi a vez dos Motta
chegarem ao poder,
por meio de Edmilson
Fernandes Motta (irmão
de Edvaldo Motta,
cunhado de Francisca
Motta e tio do hoje
deputado Hugo.
1983
Os Nóbrega Medeiros
voltaram. O médico
Rivaldo Nóbrega
Medeiros foi prefeito até
1988. Foi substituído
em 1989, pela esposa,
Geralda Freire Medeiros,
que ficou até 1992.
1997
Até 2004, foi a vez dos
Medeiros Wanderley, com
Dinaldo. Os Wanderley da
Nóbrega voltaram com
Nabor entre 2005 e 2012.
Em 2013, os Motta voltaram
com Francisca, que tentará a
reeleição no próximo ano.
=
Lacerda quer manter São José...
Em São José de Piranhas,
no Alçto Sertão paraibano, o
chefe do clã que fundou a cidade, o ex-deputado e ex-vice-governador José Lacerda
Neto, ainda manda e comanda a política local, mesmo morando na Capital do Estado.
Quem sabe bem a história
política de São José de Piranhas é Denise Lacerda, esposa de José Lacerda e mãe da
vereadora pessoense Raissa
Lacerda. Lá no passado, as
famílias dela e do marido se
uniram para tomar conta da
política local.
“Quem fundou São José de
Piranhas (o nome antigo era
Jatobá) foi Malaquias Gomes
Barbosa, tio-avô da minha
mãe, Denise. Depois, o pai
dela, Antônio Gomes Barbosa, foi nomeado prefeito e ficou no cargo até 1953”, disse
Raissa Lacerda.
Segundo ela, Nelson Lacerda de Oliveira, sobrinho do
seu pai, José Lacerda, também foi prefeito de São José
de Piranhas.
Dos anos 50 para cá, segundo a mãe de Raissa, o sobrenome Lacerda dominou a cena política em São José
de Piranhas. Para se ter um
a idéia, José Lacerda chegou
a ser prefeito e deputado ao
mesmo tempo aos 21 anos de
idade. Na época, a leg islação
permitir a um político exercer os dois mandatos.
Antes de José Lacerda Neto, São José de Piranhas teve
como prefeito o seu tio, Antônio Lacerda, e seu pai, Joaquim Lacerda Leite. Depois
de Zé Lacerda, a cidade ainda foi administrada por Neto Lacerda (sobrinho de Zé
Lacerda e primo de Raissa).
Hoje, a gestão está sob o comando de Domingos Lacerda,
fi lho de Neto, sobrinho de Zé e
primo de Raissa. Quem não tinha sobrenome Lacerda só foi
prefeito de 1953 para cá com
apoio do pai de Raissa.
=
Família Mineral em três cidades...
Pacificação. Grupo comandado por deputado se reunificou em Areia de Baraúna, Salgadinho e Passagem...
A família Mineral, hoje sob
o comando do deputado estadual Antônio Mineral, exerce
fortes influências e controla
a política e, Areia de Baraúna, Salgadinho e Passagem,
na região de Patos.
O município de Areia de
Baraúnas é administrado
por Vanderlita Guedes Pereira, conhecida como Dequinha Mineral, esposa de
Antônio Mineral. Antes dividida, a família, hoje, está unida em torno do nome
de Maria Deuziran da Costa
Nóbrega, conhecida como
Dona Deda, que é mãe do
ex-prefeito Gilson Mineral e
cunhada do deputado Antônio Mineral.
Gilson é sobrinho do parlamentar. Dona Deda será candidata em Areia de Baraúna
em 2016, numa tentativa de
substituir Dequinha Mineral.
“Faz 22 anos que a cidade
está sob o comando da nossa
família”, disse o ex-vereador de Patos, Almir Mineral. Segundo ele, Gilson Mineral foi
prefeito duas vezes e Dequinha está terminando o segundo mandato. O primeiro
foi o próprio deputado.
Em Salgadinho, a família Mineral também está no
poder há mais de 20 anos.
Damião Mineral (tio de Almir e irmão de Antônio Mineral) foi prefeito seis anos.
Luciano Morais (cunhado de
Damião) passou mais oito
anos. Depois, a gestão ficou
com Débora Cristiane (concunhada de Damião, casada
com Luciano Morais), que está na fase final dos seus oito
anos. Damião se prepara para a disputa de 2016.
Em Passagem, Agamenon
(Mineral) Balduino foi prefeito cinco vezes. Perdeu a
última campanha para o adversário Magno Silva Martins, conhecido como Magno
de Bá, cujo pai, conhecido por
Bá de Passagem, foi prefeito.
Magno vai para a reeleição
e a família Mineral planeja
apoiar o fi lho de Agamenon,
Duda Mineral.
Em Junco do Seridó, Nên
(Mineral) Banduino, primo
de Antônio Mineral, foi prefeito duas vezes e vai lançar
a filha, Débora.
Em Patos, Almir Mineral
foi vereador. Segundo ele, a
família vai apoiar seu irmão,
Dan Mineral para a Câmara.
Matuto lançará ex-esposa...
Desde que foi criado há
mais de 20 anos, o município de São José de Princesa
está sob o comando de um
líder político chamado Luiz
Ferreira de Morais, conhecido como Luis de Matuto.
Ele é prefeito e tem como
vice, sua filha, Rubia. Pai e
fi lha estão encerrando o segundo mandato consecutivo.
Luiz de Matuto foi o primeiro prefeito de São José e
exerceu dois mandatos seguidos. Houve um intervalo
de quatro anos, quando município foi administrado por
um aliado dele.
E para não perder o controle político. A família está lançando para a disputa
de 2016 a ex-esposa de Luiz
de Matuto e mãe de Rubia,
Dona Bia.
=
Epitácio iniciou em 1915...
Epitácio passou a comandar a política da Paraíba, para valer, em 1915, t rês anos após a mor te de Álvaro Machado, em 30
de janeiro de 1912, e quatro anos após a ascensão de Hermes
da Fonseca (sobrinho de Deodoro da Fonseca) à Presidência
da República, em 1910. Hermes governou até 1914. Quando
Hermes da Fonseca chegou ao poder, em 1910, Álvaro Machado era senador e morreu dois anos depois. Tinha sido eleito e
assumiu a presidência do Estado pela segunda vez em 1904.
Ficou até 1905 e passou o governo para o Monsenhor Walfredo Leal, que concluiu o mandato em 1908 e foi substituído por
João Lopes Machado (irmão de Álvaro), que governou até 1912....
Tradição vem do século 19...
A campanha eleitoral de
2016 terá forte presença de
grupos familiares na disputa
pelo poder e na tentativa de
manutenção e ampliação dos
espaços políticos. A tradição
oligarca é uma herança do
fim do século 19 e ao início do
século 20, quando algumas
se perpetuaram no poder e mantêm resquícios até hoje. Segundo historiadores, as
oligarquias locais de hoje foram inspiradas nas bem sucedidas e duradouras a nivel
de Estado, Uma delas foi comandada por Álvaro Lopes
Machado e durou 20 anos,
entre 1892 e 1912.
Álvaro Machado foi presidente do Estado da Paraíba
por duas vezes e foi o responsável pelo êxito de políticos
como os seus irmãos João e
Afonso Machado (que também governaram a Paraíba)
e os ex-presidentes Gama e
Melo, José Peregrino e Monsenhor Walfredo Leal.
Antes do domínio alvarista por 20 anos, a Paraíba
já tinha experimentado a
mão-de-ferro da oligarquia
comandada por Venâncio
Neiva, o primeiro presidente
do Estado, depois que o Brasil virou República em 15 de
novembro de 1889.
Venâncio Neiva demorou
pouco tempo no poder, mas,
segundo o historiador José
Octávio de Arruda Melo, colocou todo seu esquema político no governo, incluindo a
família.
Ao mesmo tempo em que
Machado se impunha em
uma oligarquia, Epitácio
Pessoa preparava a sua. Ele
não foi presidente do Estado, mas comandou a política
paraibana por 15 anos, entre
1915 e 1930. Comandava a
política da Paraíba a partir
do Rio de Janeiro (então Capital do País), onde exerceu
mandados de deputado federal, senador e presidente da
República. Resquícios da oligarquia epitacista existem
até hoje em sua terra natal,
a cidade de Umbuzeiro.
EX-PREFEITOS que lançaram parentes em 2016
▶ Abmael Lacerda, de Pombal (com a esposa Mayenne Van)
▶ Dona Dida, de Itabaiana (com o filho José Sinval),
▶ Dinaldo Wanderley, de Pastos (com o filho Dinaldinho),
▶ Flávia Galdino, de Piancó (com o filho, Daniel)
▶ Gilberto Dantas, de Fagundes (com o filho Arthur),
▶ José Adamastor, de Itapororoca (com a filha Luciana),
▶ José Ronaldo, de Itatuba (com o filho Ronaldo),
▶ Marcilene Rodrigues, de São Miguel de Taipu (com o marido Ricardo Pereira),
▶ Nên Balduíno, em Junco do Seridó (com a filha Débora),
▶ Valdecir Amorim, em Teixeira (com a filha Kay France