domingo, outubro 04, 2015

O que você precisa saber sobre a reforma eleitoral.

Confira os principais pontos das regras que vão nortear a campanha no próximo ano... 

Depois do corre-corre dos partidos para filiar pré- -candidatos até o dia 2 de outubro, a presidente Dilma Rousseff sancionou na última terça-feira o projeto da reforma política que altera várias regras do processo eleitoral. Com isso, os pretensos candidatos ganharam mais 6 meses para mudar ou se filiar a um partido. Esta é apenas uma das consequências do projeto que também prevê redução de tempo e no custo das campanhas eleitorais. Outra mudança que afeta diretamente o curso da campanha é o tempo para a realização de convenções partidárias e deliberação sobre as coligações. Agora, os partidos terão o prazo de 20 de julho a 5 de agosto para decidir sobre essas questões. Com isso, o tempo de campanha foi reduzido de 90 para 45 dias antes das eleições. O prazo para aprovar alterações nas regras eleitorais encerrou na última sexta-feira, um ano antes da disputa para prefeito e vereador. 

Como o Congresso não apreciou a tempo o veto da presidente sobre o item que permitia o financiamento empresarial de campanha, as campanhas para as eleições de 2016 de- vem ocorrer sem doação de empresas, portanto, só de- vem ser permitidas doações de pessoas físicas e o uso dos recursos do Fundo Partidário. Além das mudanças da reforma eleitoral, o próximo pleito também contará com uma série de mudanças aprovadas na chamada minirreforma eleitoral, sancionada pela presidente em dezembro de 2013 e que prevê uma série de medidas que, em tese, reduzem os custos das campanhas. Essas mudanças também serão aplicadas pela primeira vez em 2016, já que para valer em 2014 o projeto teria que ser sancionado um ano antes das eleições. Entre as mudanças previstas na minirreforma eleitoral está a limitação de cabos eleitorais (até 1% do eleitorado por candidato nos municípios de até 30 mil eleitores e nos demais um cabo eleitoral a mais para cada grupo de mil eleitores que exceder os 30 mil) e de despesas com alimentação (10% dos gastos) e aluguel de veículos (20% dos gastos). A lei também prevê a proibição de "envelopamento de carros" com adesivos. Outra mudança prevista na lei é que políticos que receberam punição da Justiça Eleitoral parcelem a multa em até 60 vezes, desde que cada parcela não ultrapasse o limite de 10% de seus rendimentos. Mesmo a minirreforma não tendo sido aprovada em tempo para as eleições de 2014, algumas medidas foram exigidas no ano passado em função de várias resoluções aprovadas pelo TSE. Entre elas, estão o prazo para troca de candidatos, até 20 dias an- tes do pleito (15 de setembro), e punições a ofensas a candidatos na internet.


Muitos partidos, pouca ideologia nas eleições... 
Nas eleições municipais do próximo ano, 35 parti- dos vão estar na disputa, três deles criados este mês. Historicamente, no ano que antecede os processos eleitorais é aberta a temporada de criação de novos partidos. Em uma década, entre 2005 e este ano, 11 partidos foram criados no país. Sem qualquer ideologia ou representatividade entre segmentos da sociedade, as legendas servem muito mais para atender aos interesses pessoais dos seus dirigentes. Desde 1979, com o fim do bipartidarismo, as siglas se proliferam. Nas eleições ge- rais de 1982, apenas quatro dos partidos hoje existentes disputaram o pleito (PMDB, PTB, PDT e PT). Trinta e três anos depois, o número de lgendas que vão disputar as eleições chega a 35. Durante o período em que o bipartidarismo esteve em vigor, entre 1966 e 1979, existiam apenas o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido dos militares. Algu- mas siglas não sobrevivem por muito tempo. Um dos casos mais emblemáticos é do PRN, que elegeu Fernando Collor presidente em 1989 e foi extinto em 2001. 

 Verbas do fundo partidário, poder de barganha com outros partidos e chances de mudar de siglas sem problemas de infidelidade partidária são alguns dos atrativos que impulsionam políticos a tentar criar novas siglas ou aderir a uma delas. Para participar das eleições do próximo ano, o partido precisava estar registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um ano antes do pleito. Nas eleições do próximo ano, três partidos novatos entrarão na disputa: Partido Novo (Novo), Rede Sustentabilidade e Partido da Mulher Brasileira (PMB). A criação do Partido Novo foi aprovada pelo TSE no dia 15 de setembro, já a criação do Rede Sustentabilidade foi aprovado no dia 22 e o último partido a conseguir aval da Justiça Eleitoral foi o PMB, no dia seguinte. 

 Pela legislação, para ser instituído, o partido necessita comprovar no TSE o apoio mínimo de 0,5% dos votos dados para a Câmara dos Deputados na última eleição geral, o que hoje corresponde a 486.679 eleitores. No processo eleitoral de 2014, entraram na disputa pela primeira vez o Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e o Solidariedade (SD). Na Paraíba, o deputado federal Benjamin Maranhão foi eleito pelo Solidariedade após deixar o PMDB. Para o cientista político Fábio Machado, o elevado número de novos partidos chega a ser quase um caos. Ele afirma que no Brasil há uma grande fragmentação de partidos sem representação ideológica ou social, legendas criadas apenas para alcançar resultados positivos nas unas. “Precisamos do fortalecimento dos partidos, sem a proliferação inescrupulosa e distanciamento da sociedade, visando exclusivamente o resultado eleitoral. 

A gente percebe que o importante é garantir a reeleição e se for necessário, para alcançar resultado positivo são criados até 50 partidos”, avaliou. No mês passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve válidas as regras que dificultam a criação e fu- são entre partidos. As regras foram alteradas pela lei nº 13.107/2015. O texto dispõe que somente eleitores que não sejam filiados a nenhuma agremiação poderão apoiar a criação de uma nova sigla. Além disso, a lei exige tem- po mínimo de cinco anos de existência oficial do partido para que ele possa se fundir com outras legendas. A ministra Cármen Lúcia destacou que um dos chamarizes para a criação de tantos partidos é o fundo partidário. “Formalizam-se agremiações intituladas partidos políticos sem qualquer substrato eleitoral. Essas legendas habili-tamse a receber parcela do fundo partidário e disputam tempo de TV, não para difundir ideias e programas, mas muitas vezes para obter vantagens, em especial para seus dirigentes”.