sábado, novembro 14, 2015

PARAIBA gasta R$ 12 milhões por ano com 'moradia' de juízes.


Além de salários que ultrapassam R$ 30 mil, magistrados têm direito a uma residência, se trabalharem em outra comarca, ou um 'incremento salarial' de mais de R$ 4 mil para ajudar nas despesas, mesmo que tenham casa própria... 

Juízes trocam residência oficial por auxílio-moradia... 

Se todos os 52 imóveis destinados à residência de juízes na Paraíba estivessem ocupados, a Justiça Estadual economizaria R$ 2,73 milhões por ano com a concessão de auxílio-moradia. O benefício é pago a todos os magistrados, incluindo juízes e desembarga- dores, independentemente de possuírem ou não imóvel par- ticular na comarca de lotação. Creditado na conta do servidor na forma de indenização, o au- xílio compromete os cofres do Estado em mais de R$ 12 mi- lhões ao ano. Atualmente, apenas 32 residências funcionais do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) são ocupadas por ma- gistrados e seus familiares. Nos outros vinte imóveis que estão desocupados, os juízes conse- guiram substituir as chaves pela indenização de auxílio- -moradia, que atualmente in- crementa o contracheque com R$ 4.377,73 por mês. O salário dos magistrados em início de carreira é de R$ 26,1 mil, mas os desembargadores têm re- muneração superior a R$ 30 mil. Além disso, todos têm di- reito a um auxílio-alimentação de R$ 900 todos os meses. 

IMPACTO 
Conforme a última folha de pagamento, relativa a outubro, disponibilizada no Portal da Transparência do Tribunal, atualmente 229 magistrados recebem o auxílio-moradia. O montante pago por mês chega ao total de R$ 1.002.500,17. Recebem o benefício não apenas os juízes que são transferidos da comarca de origem, mas também os desembargadores, embora todos residam na capital, onde está situado o Tribunal de Justiça. Quando o benefício foi implementado, em dezembro do ano passado, retroativo a setembro, 36 magistrados ocupavam as residências oficiais. De olho no incremento, alguns deles passaram a recorrer administrativamente ao Tribunal de Justiça para tentar devolver as chaves dos imóveis em troca do auxílio. “Alguns juízes questionaram o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) porque alegam que os imóveis estariam em péssimas condições de uso e tiveram o pedido de auxílio-moradia indeferidos pelo TJ”, revelou o diretor financeiro do tribunal, Paulo Romero. 

O presidente da Associação dos Magistrados da Paraíba (AMP), Horácio de Melo, entretanto, revela que os juízes estão solicitando o recebimento do auxílio por questões de segurança. “Algumas comarcas, embora em tese tenham moradias, estão inabitáveis, por questão de deficiência na estrutura como um todo, porque o Tribunal de Justiça não tem se preocupado em fazer reformas nos imóveis. Mas, em muitas ou- tras, o problema é de segurança aos magistrados. As casas oferecem risco à integridade física do juiz e de sua família, o que é dever do tribunal e deve ser atendido”, afirmou. De novembro do ano passado para cá, pelo menos quatro juízes já conseguiram substituir a residência funcional pelo auxílio-moradia. A tendência é que o número aumente, já que o estudo para atestar se as residências estão de fato em condições de uso, iniciado ainda em dezembro, no final do mandato da desembargadora Fátima Bezerra como presidente do TJ, ainda não foi concluído. Com base nele, outros pedidos deverão ser deferidos.

MAGISTRADOS TERÃO REAJUSTE DE 17% NO SUBSÍDIO NO PRÓXIMO ANO...
O servidores do Judiciário, em greve desde o último dia 10 de novembro, questionam o pagamento, que não é concedido à categoria. José Ivonaldo, diretor financeiro da Associação dos Técnicos e Analistas Judiciários da Paraíba (Astaj), afirma que os juízes estaduais terão, a partir de janeiro de 2016, aumento de quase 17% em seus subsídios, além de terem inclusos benefícios como auxílio-moradia e alimentação, enquanto os servidores deverão amargurar um pequeno reajuste para a data-base, menor do que a inflação acumulada para este ano, atualmente projetada para ser na ordem de 9,55%. A Justiça da Paraíba, inclusive, é que mais gasta com pessoal no país. Conforme relatório 'Justiça em Números' 2015, divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em setembro deste ano, no ano passado, 14,1% do orçamento do Tribunal de Justiça destinado a custear despesas com recursos humanos foi comprometido com o pagamento de benefícios para magistrados e servidores, o maior percentual do país. A despesa total do tribunal alcançou R$ 526,7 milhões, sendo que R$ 493,5 milhões foram destinados para a área de recursos humanos e R$ 69,4 milhões somente com benefícios. Atualmente, o TJPB possui um quadro formado por 241 magistrados e 3.021 servidores efetivos. Apesar do estudo do CNJ não detalhar os benefícios pagos por tribunal, é citado de forma geral o pagamento de auxílios alimentação e de trans- porte, além de diárias. Aprova- do em outubro do ano passado, o auxílio-moradia começou a ser pago aos magistrados em novembro deste ano, retroativo a setembro de 2014.