domingo, fevereiro 14, 2016

Paraíba concentra três das 10 maiores vaquejadas do país.

Nos principais parques do Estado, esporte movimenta mais de R$ 550 mil em prêmios e atrai mais de meio milhão de pessoas por ano…

O universo caipira retratado pela escola de samba Imperatriz Leopoldinense no último Carnaval carioca destacou um dos símbolos mais tradicionais da cultura popular nordestina: a vaquejada. Com enredo composto por Zé Katimba e interpretado por Lucy Alves, ambos paraibanos, a escola prestou uma homenagem à dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. 

Como em Goiás, estado natal da dupla, a vaquejada é uma festa de grande importância cultural e econômica para a Paraíba, onde estão concentradas três das 10 maiores vaquejadas realizadas no país, segundo o presidente da Federação de Vaquejadas da Paraíba (Fevap), Arthur Freire.

Elas acontecem nos parques Ivandro Cunha Lima e Maria da Luz, em Campina Grande, e Bemais, em João Pessoa. Juntos, os parques distribuem mais de R$ 550 mil em prêmios nos eventos oficiais e atraem mais de meio milhão de pessoas por ano.

Segundo Freire, o valor das premiações, a estrutura dos parques e a qualidade da boiada colocam essas vaquejadas entre as melhores do Brasil.

O presidente da Fevap ainda destaca o crescimento do esporte em todo o Nordeste. Na Paraíba, ele garante que as vaquejadas têm mais importância até do que o futebol, considerado o esporte mais popular do país.

“Considerando a renda, eu não tenho dúvida. A paixão do paraibano pela vaquejada é muito grande. É um esporte que tem mais amantes do que o Carnaval”, disse Freire. Em todo o Estado são mais 100 parques de vaquejada cadastrados e todos eles promovem eventos de maior e menor porte.

Com o crescimento e fortalecimento da modalidade em todo o Brasil, Freire ressalta que a principal luta da categoria é a sua regulamentação. “A vaquejada é o único esporte genuinamente brasileiro e, sobretudo, nordestino. A matéria que trata da sua regulamentação já passou em algumas comissões e está para ser votada no Congresso”, afirmou. O presidente da Fevap, que também é produtor e vaqueiro, ressalta que o esporte passa por transformações, com o foco no bem-estar dos animais.

“Apesar da tradição, a vaquejada é um esporte que está se adequando à modernidade. Há vários investimentos nessa área, visando especialmente o bem-estar do animal”, disse.

Um exemplo desses investimentos é o desenvolvimento de um rabo artificial, que preserva a calda do boi e impede que ele sinta o impacto da puxada. “Já se investiu muito nisso e foram feitos vários testes. Acreditamos que será implantado ainda este ano”, afirma. Outra exigência das competições com o foco no bem-estar animal é a pista, que precisa ter no mínimo 40 centímetros de areia para evitar que o boi se machuque.

Além das mudanças estruturais, Freire também ressalta as mudanças culturais do esporte, que antes atraia um público exclusivamente masculino. “Como é um esporte que vem se profissionalizando – afinal, quem corre vaquejada se dedica a isso, treina o ano inteiro – hoje, o esporte atrai famílias inteiras. Muitos vaqueiros investem em carros adaptados para viajar com toda a família. Os parques se tornaram um ambiente familiar”, disse.

O presidente da Fevap acrescentou que só no Nordeste são realizadas, em média, 10 vaquejadas por semana, e que o investimento do vaqueiro em um cavalo custa em média R$ 200 mil, embora alguns animais já tenham sido leiloados por até R$ 1 milhão. Nos principais parques da Paraíba, as inscrições giram em torno de 1,2 mil. Já os parques de menor porte, inscrevem, em média, 700 competidores.
Evento no Ivandro Cunha Lima começa dia 3

A próxima vaquejada do calendário paraibano é a do Parque Haras Ivandro Cunha Lima, em Campina Grande, que dará R$ 150 mil em prêmios de 3 a 6 de março. As categorias profissional, amador e aspirante levarão R$ 80 mil, R$ 40 mil e R$ 30 mil, respectivamente.

De acordo com o produtor Ivandro Neto, a estimativa é que o número de inscrições supere o ano passado, que registrou 1,4 mil inscrições. “A cada ano a gente tem um aumento nas inscrições. Não duvido que este ano seja diferente”, disse.

Ivandro tem 25 anos e corre vaquejada desde os 15. Ele destaca o aspecto cultural do esporte e cobra incentivos do poder público. “A gente sabe que tem muita gente interessada em acabar com o esporte, mas os parques têm dado exemplo de cuidado com os animais, com a presença de veterinários, cuidado com a alimentação, além da geração de emprego e renda. Muita gente tem a vaquejada como meio de vida”, pontuou. JP