Nova legislação. Tempo diminui e espaço no rádio e na TV será utilizado apenas por candidatos a prefeito.
Parte da reforma eleitoral
aprovada pelo Congresso
Nacional no ano passado
encurtou o tempo de campanha
para as eleições municipais
de outubro. O tempo
de propaganda na TV e no
rádio foi reduzido, tanto em
número de dias como na duração
do programa. Isso resultou
na não participação
dos candidatos a vereador no
chamado guia eleitoral.
Por outro lado, a nova resolução
também acaba com
a parte cômica da propaganda
eleitoral obrigatória.
Os diversos candidatos com
nomes engraçados e discursos
bizarros não terão mais
espaço nos horários nobres.
Este ano, apenas os candidatos
a prefeito terão espaço
na propaganda eleitoral que
é exibida no horário de almoço
e à noite. Ou seja, todos os
programas serão apenas para
promover as candidaturas
de prefeito. Antes, os programas
eram intercalados, sendo
um dia para a disputa da
prefeitura e o dia seguinte
para a disputa das câmaras
municipais.
De acordo com o calendário
estabelecido pela Justiça
Eleitoral, a propaganda em
rádio e TV tem início no dia
26 de agosto, ou seja, dez dias
depois do que foi nas últimas
campanhas. A propaganda
eleitoral, que antes tinha
dois programas por dia, com duração de meia hora, de segunda
a sábado, agora terá
dois programas de apenas 10
minutos.
Conforme o especialista
em direito eleitoral, o advogado
Ricardo Sérvulo, este
ano, os postulantes às cadeiras
de vereadores aparecerão
apenas nas inserções que
são veiculadas ao longo do
dia, durante a programação
normal das emissoras. Além
disso, os candidatos a prefeitos
terão direito a 60% das
inserções e os candidatos a
vereador fi carão com 40%.
Prejuízo para desconhecidos...
Para Sérvulo, a mudança
na forma e no tempo do guia
eleitoral deve prejudicar os
candidatos, principalmente,
os de primeira viagem. “Essa
redução do tempo vai interferir
nas divulgações dos
nomes. Sabemos que o rádio
e a televisão têm um grande
alcance e por mais que o tempo
já fosse pouco, mas alguma
coisa era assimilada pela
população”, destacou.
A Associação Brasileira
de Emissoras de Rádio e Televisão
(Abert) acredita que
a alteração corrige uma distorção
que impactava negativamente
o radiodifusor. “As
alterações na lei foram uma
medida inteligente. O tempo
excessivo de propaganda
eleitoral vem em prejuízo de
todos: eleitores e candidatos.
As inserções, por outro lado,
mantêm a audiência de rádio
e TV”, destaca a Abert.
Pré-candidatos lamentam...
Alguns pré-candidatos
a vereador não aprovaram
a mudança e lamentaram o
fato de não ter mais espaço
em mídias de grande alcance
como a TV e o rádio durante
o processo da propaganda
eleitoral. Para o vereador e
pré-candidato a reeleição,
Sérgio da Sac, a nova medida
vai dificultar as campanhas
e a busca pelo voto.
“Vai ser muito difícil porque
sabemos que a mídia da
TV e do Rádio chega com
muita facilidade na casa das
pessoas. Para minha surpresa,
eu acho isso ridículo.
Como é que você vai se apresentar
para aquele público
que não te conhece?”, indagou.
Para o pré-candidato e vereador
Marco Antônio, a falta
de espaço é prejudicial,
mas acredita que o horário
político tem que ser renovado.
“Quando eu fui candidato
a primeira vez em 1992,
uma coisa muito importante
era o carro de som e essa última
campanha não utilizei
mais essa ferramenta. Então
o horário político tem que ser
repensado e a grande novidade
da eleição passada e
dessa agora será a utilização
maciça das redes sociais”,
disse.
Mais destaque para as redes sociais...
A saída para os que irão
se candidatar a vereador
será a utilização das redes
sociais. Com a saída do chamado
guia eleitoral do rádio
e da TV, o candidato de 2016
tem que pensar numa nova
forma de fazer política. Campanhas
cheias de santinhos,
placas, carros de som, carros
envelopados, comícios, TV e
rádio, são coisas do passado.
Especialistas garantem
que as campanhas que deverão
cativar a atenção do
eleitor por meios muito mais
ágeis e baratos, tendo postura
séria e fazendo o uso da
internet. E muitos pré-candidatos
já entenderam que a
publicidade dos seus nomes
terão que ser feitas por meio
de ferramentas como o Facebook,
WhatsApp, Instagran
e Snapchat.
O pré-candidato Raoni
Mendes disse que tem um
trabalho muito forte mostrando
o trabalho junto a
população. Geralmente
quando alguém sai candidato
a vereador, sai defendendo
um segmento, sua comunidade
e até o bairro. “Então,
isso já dá um destaque ao
pré-candidato que pode ser
mais explorado nas redes sociais”,
afirmou.
O vereador Marco Antônio
disse vai utilizar as redes
sociais, mas revelou que
a estratégia é ter um contato
mais direto com a população
através visitas às comunidades.
“O objetivo é fazer com
que as pessoas saibam que
somos pré-candidatos”, disse.
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Jornal Correio da Paraíba # domingo, 19 de junho 2016.