Um empresário do ramo
calçadista, seu contador e
um funcionário usado como
‘laranja’ foram presos, na
manhã de ontem, durante a
Operação Cinderela, deflagrada
pelo Ministério Público
da Paraíba (MPPB), em
conjunto com a Delegacia de
Crimes Contra a Ordem Tributária
e Secretaria de Estado
da Receita.
Eles foram detidos em suas
residências em João Pessoa
(PB) e Natal (RN). Além das
prisões, foram cumpridos
seis mandados de busca e
apreensão em lojas.
“O Grupo Thiago Calçados,
estabelecido no Estado
paraibano há muitos anos,
é tido como um dos maiores
sonegadores de impostos da
Paraíba”, disse Renata Carvalho
da Luz, promotora de
Justiça de Crimes contra a
Ordem Tributária do MPPB,
destacando que a investigação
teve início há dois anos
e o dono da empresa, Erivan
Leandro de Oliveira, responde
há 15 ações penais. Mesmo processado, o empresário
continuava cometendo
os mesmos crimes,
segundo a promotora. A partir do momento que o Estado
começou a cancelar a inscrição
da empresa BBT, que foi a
inicial em nome do empresário
e da esposa, ele começou
a utilizar o nome de terceiros,
mas administrando tudo
com procurações.
“Continuou agindo como
se a impunidade reinasse,
abrindo empresas utilizando
utilizando de pessoas interpostas,
laranjas. Hoje, ainda
durante o cumprimento de
mandado de busca, descobrimos
que há novas empresas
sendo abertas, ou seja, o
modus operandi continua o
mesmo. Se comprova aí a habitualidade
criminosa. Daí a
necessidade de retirá-lo do
meio da sociedade. Hoje, na
nossa legislação, a prisão é
uma exceção, a liberdade é a
regra”, frisou.
Os estoques de três lojas na
Capital (duas em Mangabeira
e uma no Centro) foram recolhidos,
assim como computadores
e outros documentos.
A delegada de Crimes
Contra a Ordem Tributária,
Daniella Vicuuna, disse que
a investigação inclui cinco
lojas registradas em nome
do‘laranja’. “Nos locais que
deveriam estar essas empresas
funcionam na verdade
três lojas do Grupo Thiago
Calçados que não podem
funcionar porque se encontram
atualmente com a inscrição
estadual cancelada.
Dessa forma eles não podem
emitir nota fiscal ao consumidor
e nem pode comprar mercadoria com nota fiscal”.
Os acusados, recolhidos
na Central de Polícia, devem
passar hoje pela audiência de
custódia, depois de cumpridos
os mandados de prisão
expedidos pelo juiz Geraldo
Porto, titular da 7ª vara Criminal
da Capital.
O advogado do grupo,
Rembrandt Asfora, disse que
só se pronunciará sobre o caso
em juízo, nos autos.
Um genocídio, literalmente
“O crime investigado é muito grave, até mais do que
homicídio, roubo e latrocínio. Hoje, o Brasil sofre de dois
cânceres – corrupção e sonegação de imposto. Quando
há esse tipo de crime eu sempre digo que seria até um
genocídio sui generis, diante da situação da saúde pública,
da educação, da segurança. Esses recursos não chegam
e as pessoas morrem por conta da falta deles. Por isso
classifi co como crime da maior gravidade no sistema penal”.
