Lígia assumiria vaga de Arthur Cunha Lima
no TCE em caso de acordo... O governador Ricardo Coutinho (PSB) tem
esquadrinhada uma decisão na cabeça: não quer Lígia Feliciano (PDT) no
governo. O tema foi abordado pelo próprio socialista, de forma indireta,
em várias entrevistas. “Não vou deixar o governo se perceber que o
cargo que represento não está devidamente protegido”, ressaltou durante
entrevista coletiva no final do ano passado. Mais recentemente, em
reunião na Granja Santana, isso foi colocado às claras. No mesmo
encontro em que informou à suplente que ficaria no cargo até o fim do
mandato, Coutinho teria, segundo interlocutores da vice-governadora,
dado uma outra solução. Ambos renunciariam ao mandato em abril do
próximo ano.
A relação dos dois é repleta de
desconfianças. O cenário apresentado pelo governador, segundo
informações de bastidores, passa por compensações. O prêmio de
consolação para Lígia Feliciano seria uma vaga no Tribunal de Contas do
Estado (TCE). A tese é negada abertamente por governistas. Procurados,
os conselheiros do TCE dizem desconhecer vaga por ser aberta. Mas a
coisa não é, assim, tão descabida. A vaga em questão seria a de Arthur
Cunha Lima, ex-presidente do tribunal. O conselheiro, inclusive,
enfrenta problemas de saúde, o que seria uma justificativa para a
antecipação da aposentadoria. Com 68 anos, ele pode trabalhar, se
quiser, até os 75 anos. A compensação seria uma ajuda na eleição de
Arthur Filho (PSTB) para a Assembleia Legislativa.
O cálculo é simples: Ricardo Coutinho
usaria sua influência parlamentar para garantir o cargo vitalício para a
vice. Com isso, ficaria livre para renunciar ao cargo em abril. Ato
contínuo, Gervásio Maia (PMDB), enquanto presidente da Assembleia
Legislativa, assumiria o governo e convocaria novas eleições em 30 dias,
para a escolha indireta do sucessor. O nome cotado para isso é o do
secretário de Infraestrutura, Recursos Hídricos, Meio Ambiente e Ciência
e Tecnologia, João Azevedo. Investido do mandato tampão, o hoje
auxiliar do governo trabalharia pela reeleição com a caneta cheia de
tinta e com Ricardo disputando o Senado.
A fórmula não é bem vista por Lígia
Feliciano. O acordo não foi fechado, segundo fontes ouvidas pelo blog.
As informações sobre esta reunião foram mantidas em segredo até
auxiliares do governador revelarem parte do conteúdo. Justamente a que
tratava do recado de que Ricardo não vai se afastar do governo. Essa
seria justamente a consequência pela recusa de Lígia em relação à vaga
no Tribunal de Contas do Estado. A base governista sabe que a ampulheta
foi virada e o tempo é um inimigo inexorável. Se ficar no governo,
Ricardo terá mais chances de fazer o sucessor, mas ficará dois anos no
limbo até poder disputar novo cargo público. As articulações para
convencer Lígia a mudar de ideia continuam… Jornalista Suetoni Souto Maior / site Jornal da Paraíba.